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VERSO 23

avyaktasyāprameyasya
nānā-śakty-udayasya ca
na vai cikīrṣitaṁ tāta
ko vedātha sva-sambhavam

avyaktasya — do imanifesto; aprameyasya — da Transcendência; nānā — várias; śakti — energias; udayasya — dEle que dá origem a; ca — também; na — jamais; vai — certamente; cikīrṣitam — o plano; tāta — meu querido filho; kaḥ — quem; veda — pode conhecer; atha — portanto; sva — própria; sambhavam — origem.

A Verdade Absoluta, a Transcendência, jamais Se sujeita ao entendimento do esforço sensório imperfeito, tampouco Se sujeita à experiência direta. Ele é o senhor de variedades de energias, como a energia material plena, e ninguém pode entender Seus planos e ações; portanto, deve-se concluir que, embora Ele seja a causa original de todas as causas, ninguém pode conhecê-lO através da especulação mental.

SIGNIFICADO—Pode-se levantar esta questão: “Uma vez que há tantas variedades de filósofos teorizando de diferentes maneiras, qual deles está correto?” A resposta é que a Verdade Absoluta, a Transcendência, jamais está sujeita à experiência direta ou à especulação mental. O especulador mental pode ser chamado de Doutor Sapo. Conta-se a história de um sapo em um poço de um metro de profundidade que queria calcular as dimensões do Oceano Atlântico com base no conhecimento de seu próprio poço. Porém, essa tarefa era impossível para o Doutor Sapo. Pode ser que alguém seja um grande acadêmico, intelectual ou professor, mas não adianta ele especular para entender a Verdade Absoluta, pois seus sentidos são limitados. A causa de todas as causas, a Verdade Absoluta, pode ser conhecida através da própria Verdade Absoluta, e não através de nosso processo de abordagem ascendente. Quando o Sol não é visível à noite ou quando está coberto por uma nuvem de dia, não é possível deixá-lo descoberto, seja através da força física ou mental, seja através de instrumentos científicos, muito embora o Sol esteja no céu. Ninguém pode dizer que descobriu um holofote tão poderoso que, se alguém subir a um telhado e o focalizar em direção ao céu noturno, poderá fazer com que o Sol seja visto. Semelhante holofote não existe, nem é possível.

Neste verso, a palavra avyakta, “imanifesto”, indica que nenhum esforço de suposto avanço científico de conhecimento pode manifestar a Verdade Absoluta. A Transcendência não é objeto de experiência direta. Pode-se conhecer a Verdade Absoluta da mesma maneira que se pode conhecer o Sol coberto por uma nuvem ou coberto pela noite, pois, quando o Sol nasce de manhã, por sua própria conta, então todos podem vê-lo, todos podem ver o mundo e todos podem ver-se a si mesmos. Essa compreensão da autorrealização chama-se ātma-tattva. Contudo, a menos que cheguemos a entender ātma-tattva, permaneceremos na escuridão em que nascemos. Sendo assim, ninguém pode entender o plano da Suprema Personalidade de Deus. O Senhor está equipado com variedades de energias, como se afirma na literatura védica (parāsya śaktir vividhaiva śrūyate). Ele está equipado com a energia do tempo eterno. Ele não apenas possui a energia material que vemos e experimentamos, como também possui muitas energias de reserva, as quais pode manifestar no devido curso do tempo, quando necessário. O cientista material pode apenas estudar a compreensão parcial das variedades de energias; ele pode tomar uma das energias e tentar entendê-la com conhecimento limitado, mas, de qualquer modo, não é possível entender a Verdade Absoluta plenamente por meio da ciência material. Nenhum cientista material pode predizer o que acontecerá no futuro. O processo de bhakti-yoga, contudo, é inteiramente diferente do dito avanço científico de conhecimento. O devoto rende-se totalmente ao Supremo, que Se lhe revela por Sua misericórdia imotivada. Como se afirma na Bhagavad-gītā, dadāmi buddhi-yogaṁ tam. O Senhor diz: “Eu lhe dou a inteligência.” O que é essa inteligência? Yena mām upayānti te. O Senhor nos dá a inteligência para cruzar o oceano de necedade e voltar ao lar, voltar ao Supremo. Em conclusão, não se pode entender a causa de todas as causas, a Verdade Absoluta, ou o Brahman Supremo, por meio da especulação filosófica, mas Ele Se revela a Seu devoto porque o devoto rende-se plenamente a Seus pés de lótus. A Bhagavad-gītā deve ser aceita, portanto, como uma escritura revelada e proferida pela própria Verdade Absoluta quando veio a este planeta. Se qualquer pessoa inteligente quiser saber o que é Deus, deverá estudar esta literatura transcendental sob a orientação de um mestre espiritual fidedigno. Isso tornará muito fácil compreender Kṛṣṇa como Ele é.

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