VERSO 25
sa eva viśvaṁ sṛjati
sa evāvati hanti ca
athāpi hy anahaṅkārān
nājyate guṇa-karmabhiḥ
saḥ — Ele; eva — certamente; viśvam — o universo; sṛjati — cria; saḥ — Ele; eva — certamente; avati — mantém; hanti — aniquila; ca — também; atha api — além disso; hi — certamente; anahaṅkārāt — de ser sem ego; na — não; ajyate — Se enreda; guṇa — pelos modos da natureza material; karmabhiḥ — pelas atividades.
A Suprema Personalidade de Deus cria este mundo material, o mantém e o aniquila no devido curso do tempo, mas, como Ele é transcendental a essas atividades, nunca é afetado pelo ego em tal ação ou pelos modos da natureza material.
SIGNIFICADO—Neste verso, a palavra anahaṅkāra significa “sem ego”. A alma condicionada tem um ego falso e, como resultado de seu karma, obtém diferentes tipos de corpos neste mundo material. Às vezes, ela obtém o corpo de um semideus, e passa a pensar que esse corpo é sua identidade. De modo semelhante, ao obter um corpo de cão, ela identifica seu eu com esse corpo de cão. Porém, para a Suprema Personalidade de Deus, não há semelhante distinção entre o corpo e a alma. A Bhagavad-gītā, portanto, declara que qualquer pessoa que considere Kṛṣṇa um ser humano comum desconhece Sua natureza transcendental e é um grande tolo. O Senhor diz que na māṁ karmāṇi limpanti: nada que Ele faça O afeta, visto que Ele nunca é contaminado pelos modos da natureza material. O fato de termos um corpo material prova que estamos infectados pelos três modos da natureza material. O Senhor diz a Arjuna: “Tu e Eu tivemos muitíssimos nascimentos antes, mas Eu Me lembro de todos, ao passo que tu não te lembras.” Eis a diferença entre a entidade viva, ou alma condicionada, e a Alma Suprema. A Superalma, a Suprema Personalidade de Deus, não tem um corpo material, e, como não tem um corpo material, nenhum trabalho que execute afeta Sua pessoa. Há muitos filósofos māyāvādīs que consideram que o corpo de Kṛṣṇa é o efeito de uma concentração do modo material da bondade, e distinguem a alma de Kṛṣṇa do corpo de Kṛṣṇa. A situação real, entretanto, é que o corpo da alma condicionada, mesmo que tenha grande acúmulo de bondade material, é material, ao passo que o corpo de Kṛṣṇa jamais é material: ele é transcendental. Kṛṣṇa não tem um ego falso, pois Ele não Se identifica com o corpo falso e temporário. Seu corpo é sempre eterno; Ele desce a este mundo em Seu corpo espiritual original. Explica-se isso na Bhagavad-gītā como paraṁ bhāvam. As palavras paraṁ bhāvaṁ e divyam são especialmente significativas na compreensão da personalidade de Kṛṣṇa.