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VERSO 6

purā sṛṣṭā hy oṣadhayo
brahmaṇā yā viśāmpate
bhujyamānā mayā dṛṣṭā
asadbhir adhṛta-vrataiḥ

purā — no passado; sṛṣṭāḥ — criados; hi — decerto; oṣadhayaḥ — ervas e grãos alimentícios; brahmaṇā — pelo senhor Brahmā; yāḥ — todos aqueles que; viśām-pate — ó rei; bhujyamānāḥ — sendo usufruídos; mayā — por mim; dṛṣṭāḥ — vistos; asadbhiḥ — por não-devotos; adhṛta-vrataiḥ — desprovidos de todas as atividades espirituais.

Meu querido rei, as sementes, raízes, ervas e grãos, que foram criados pelo senhor Brahmā no passado, agora estão sendo usados por não-devotos, que são desprovidos de toda compreensão espiritual.

SIGNIFICADO—O senhor Brahmā criou este mundo material para o uso das entidades vivas, mas o criou de acordo com um plano de que todas as entidades vivas que viessem para dominá-lo em troca de gozo dos sentidos recebessem orientações do senhor Brahmā nos Vedas para que, por fim, pudessem deixá-lo e voltar ao lar, voltar ao Supremo. Todos os víveres e seres crescidos sobre a Terra – a saber, frutos, flores, árvores, grãos, animais e subprodutos animais – foram criados para serem usados em sacrifícios para a satisfação da Suprema Personalidade de Deus, Viṣṇu. Contudo, o planeta Terra sob a forma de vaca afirma nesta passagem que todas essas utilidades estão sendo usadas por não-devotos, que não almejam a compreensão espiritual. Embora haja imensas potências dentro da Terra para a produção de grãos, frutos e flores, esta produção é interrompida pela própria Terra quando é mal utilizada por não-devotos, que não têm metas espirituais. Tudo pertence à Suprema Personalidade de Deus, e tudo pode ser usado para a satisfação dEle. Nada deve ser usado para o gozo dos sentidos das entidades vivas. Esse é todo o plano da natureza material segundo as orientações da própria natureza material.

Neste verso, são importantes as palavras asadbhiḥ e adhṛta-vrataiḥ. A palavra asadbhiḥ se refere aos não-devotos. Os não-devotos são descritos na Bhagavad-gītā como duṣkṛtinaḥ (canalhas), mūḍhāḥ (asnos ou patifes), narādhamāḥ (os mais baixos da humanidade) e māyayāpahṛta-jñānāḥ (aqueles que perderam seu conhecimento devido ao poder da energia ilusória). Todas essas pessoas são asat, não-devotos. Os não-devotos também são chamados gṛha-vrata, ao passo que os devotos se chamam dhṛta-vrata. Todo o plano védico é que as almas condicionadas desorientadas, que vieram se assenhorear da natureza material, devem ser treinadas para se tornarem dhṛta-vrata. Isso significa que devem fazer um voto de satisfazer seus sentidos ou gozar da vida material somente satisfazendo os sentidos do Senhor Supremo. As atividades voltadas para a satisfação dos sentidos do Senhor Supremo, Kṛṣṇa, chamam-se kṛṣṇārthe ’khila-ceṣṭāḥ. Isso quer dizer que podemos tentar toda espécie de trabalhos, mas devemos fazê-lo para satisfazer a Kṛṣṇa. Descreve-se isso na Bhagavad-gītā como yajñārthāt karma. A palavra yajña indica o Senhor Viṣṇu. Devemos trabalhar apenas para a satisfação dEle. Nos tempos modernos (Kali-yuga), contudo, as pessoas estão inteiramente esquecidas de Viṣṇu, e orientam suas atividades para o gozo dos sentidos. Semelhantes pessoas gradualmente se tornarão muito pobres, pois não poderão usar para seu próprio gozo dos sentidos o que se destina a ser desfrutado pelo Senhor Supremo. Se continuarem procedendo dessa maneira, se instalará um cenário de pobreza, e não se produzirá nenhuma quantidade de grãos, frutas ou flores. Na verdade, afirma-se no décimo segundo canto do Bhāgavatam que, no final de Kali-yuga, as pessoas serão tão contaminadas que não haverá mais grãos, farinha, cana-de-açúcar ou leite.

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