VERSO 18
ayaṁ tu deva-yajana
indropendrādibhir bhavaḥ
saha bhāgaṁ na labhatāṁ
devair deva-gaṇādhamaḥ
ayam — este; tu — mas; deva-yajane — no sacrifício dos semideuses; indra-upendra-ādibhiḥ — com Indra, Upendra e os outros; bhavaḥ — Śiva; saha — juntamente com; bhāgam — uma porção; na — não; labhatām — deve obter; devaiḥ — com os semideuses; deva-gaṇa-adhamaḥ — o mais baixo de todos os semideuses.
Os semideuses são aptos a compartilhar das oblações de sacrifício, mas o senhor Śiva, que é o mais baixo de todos os semideuses, não deve ter o seu quinhão.
SIGNIFICADO—Por causa desta maldição, Śiva foi privado de seu quinhão nas oblações de sacrifícios védicos. Foi devido à maldição de Dakṣa, comenta Śrī Viśvanātha Cakravartī a este respeito, que o senhor Śiva foi poupado da calamidade de participar de sacrifícios com os outros semideuses, que eram todos materialistas. O senhor Śiva é o maior devoto da Suprema Personalidade de Deus, e não fica bem para ele comer ou sentar-se com pessoas materialistas como os semideuses. Assim, a maldição de Dakṣa foi indiretamente uma bênção, pois Śiva não teria que comer ou sentar-se com outros semideuses, que eram demasiado materialistas. Há um exemplo prático disto, deixado para nós por Gaurakiśora Dāsa Bābājī Mahārāja, que costumava sentar-se ao lado de uma latrina para cantar Hare Kṛṣṇa. Muitas pessoas materialistas costumavam vir perturbá-lo em sua rotina diária de cantar. Assim, para evitar a companhia dessas pessoas, ele costumava sentar-se ao lado de uma latrina, onde as pessoas materialistas não iriam devido à imundície e ao mau cheiro. Entretanto, Gaurakiśora Dāsa Bābājī Mahārāja era tão grandioso que foi escolhido como mestre espiritual por uma personalidade tão elevada como Sua Divina Graça Oṁ Viṣṇupāda Śrī Śrīmad Bhaktisiddhānta Sarasvatī Gosvāmī Mahārāja. A conclusão é que o senhor Śiva comportou-se à sua própria maneira para evitar pessoas materialistas que pudessem perturbá-lo no prosseguimento de seu serviço devocional.