VERSO 12
na sādhu mene tāḥ sarvā
bhūtale yāvatīḥ puraḥ
kāmān kāmayamāno ’sau
tasya tasyopapattaye
na — nunca; sādhu — bom; mene — pensamento; tāḥ — a eles; sarvāḥ — todos; bhū-tale — nesta Terra; yāvatīḥ — toda classe de; puraḥ — residências; kāmān — objetos de gozo dos sentidos; kāmayamānaḥ — desejando; asau — esse rei; tasya — seu; tasya — seu; upapattaye — para obter.
O rei Purañjana tinha desejos ilimitados de gozo dos sentidos; consequentemente, ele viajou por todo o mundo para encontrar um lugar onde pudesse satisfazer todos os seus desejos. Infelizmente, ele encontrou um sentimento de insuficiência em toda parte.
SIGNIFICADO—Śrīla Vidyāpati, um grande poeta vaiṣṇava, canta:
tātala saikate, vāri-bindu-sama,
suta-mita-ramaṇī-samāje
O gozo material dos sentidos, com sociedade, amizade e amor, é comparado nesta passagem a uma gota d’água caindo sobre um deserto. São necessários oceanos d’água para satisfazer um deserto, mas, se apenas uma gota d’água é fornecida, qual é sua utilidade? Do mesmo modo, a entidade viva é parte integrante da Suprema Personalidade de Deus, que, como se afirma no Vedānta-sūtra, ānandamayo ’bhyāsāt, é plena de gozo. Sendo parte integrante da Suprema Personalidade de Deus, a entidade viva também busca o gozo completo. Entretanto, não se pode obter gozo completo separadamente da Suprema Personalidade de Deus. Em suas andanças por diferentes espécies de vida, pode ser que a entidade viva experimente algum tipo de gozo em um corpo ou outro, mas o pleno gozo dos sentidos não é obtenível em nenhum corpo material. Assim, Purañjana, a entidade viva, vagueia em diferentes classes de corpos, mas, em toda parte, encontra frustração em sua tentativa de desfrutar. Em outras palavras, a centelha espiritual coberta pela matéria não pode desfrutar plenamente dos sentidos em nenhuma circunstância de vida material. Pode ser que um veado se absorva nos sons musicais vibrados por um caçador, mas o resultado é que ele perde sua vida. Analogamente, um peixe é muito perito em satisfazer sua língua, mas, ao comer a isca oferecida pelo pescador, ele perde sua vida. Mesmo o elefante, que é tão forte, é capturado e perde sua independência enquanto satisfaz seus órgãos genitais com uma elefanta. Em toda e cada uma das espécies de vida, a entidade viva obtém um corpo para satisfazer vários sentidos, mas não pode desfrutar de todos os seus sentidos de uma só vez. Sob a forma humana de vida, ela obtém a oportunidade de desfrutar de todos os seus sentidos de modo pervertido, mas o resultado é que ela fica tão atormentada em suas tentativas de gozo dos sentidos que, por fim, fica taciturna. À medida que procura satisfazer mais e mais os sentidos, ela fica cada vez mais enredada.