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VERSO 55

sa yarhy antaḥpura-gato
viṣūcīna-samanvitaḥ
mohaṁ prasādaṁ harṣaṁ vā
yāti jāyātmajodbhavam

saḥ — ele; yarhi — quando; antaḥ-pura — a seu lar privado; gataḥ — costumava ir; viṣūcīna — pela mente; samanvitaḥ — acompanhado; moham — ilusão; prasādam — satisfação; harṣam — felicidade; — ou; yāti — costumava desfrutar; jāyā — esposa; ātma-ja — filhos; udbhavam — produzidos por eles.

Às vezes, ele costumava ir a seu lar privado com um de seus principais servos [a mente], que se chamava Viṣūcīna. Em tais ocasiões, sua esposa e seus filhos produziam ilusão, satisfação e felicidade.

SIGNIFICADO––Segundo a conclusão védica, o eu da pessoa encontra-se dentro do coração. Como se afirma em linguagem védica, hṛdy ayam ātmā pratiṣṭhitaḥ: o eu está situado dentro do coração. Na condição material, contudo, a alma espiritual está coberta pelas qualidades materiais – a saber, bondade, paixão e escuridão –, as quais reagem dentro do coração. Por exemplo, quem está em bondade sente felicidade, quem está em paixão sente satisfação através do gozo mate­rial e quem está em escuridão sente desorientação. Todas essas atividades são mentais e funcionam na plataforma de pensar, sentir e desejar.

uando a entidade viva se vê rodeada por esposa, filhos e lar, ela age no plano mental. Ora ela é muito feliz, ora muito satisfeita, ora não está satisfeita, ora se sente confusa. A desorientação se chama moha, ilusão. Iludida por sociedade, amizade e amor, a entidade viva acha que suas ditas sociedade, amizade e amor, nacionalidade, comunidade etc. lhe darão proteção. Ela não sabe que, após a morte, será atirada nas mãos de uma natureza material muito forte que a forçará a aceitar determinada classe de corpo de acordo com seu trabalho atual. Esse corpo talvez nem seja um corpo humano. Assim, o sentimento de segurança da entidade viva nesta vida, em meio a sociedade, esposa e amizade, nada mais é que ilusão. Todas as entidades vivas engaioladas em diversos corpos materiais estão iludidas pelas atuais atividades de gozo material. Elas se esquecem de seu verdadeiro interesse, que é voltar ao lar, voltar ao Supremo.

Deve-se considerar que todas as pessoas fora da consciência de Kṛṣṇa estão em ilusão. Os ditos sentimentos de felicidade e satis­fação resultantes de coisas materiais também são ilusões. De fato, nem sociedade, nem amizade, nem amor, nem nada pode salvar-nos da investida da energia externa, que se caracteriza por nascimento, morte, velhice e doença. Tirar mesmo uma só entidade viva da con­dição ilusória é muito difícil; portanto, o Senhor Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (7.14):

daivī hy eṣā guṇa-mayī
mama māyā duratyayā
mām eva ye prapadyante
māyām etāṁ taranti te

“Esta Minha energia divina, que consiste dos três modos da natureza material, é difícil de ser suplantada. Mas aqueles que se renderam a Mim podem facilmente transpô-la.” Portanto, a menos que nos rendamos inteiramente aos pés de lótus de Kṛṣṇa, não poderemos escapar do emaranhamento dos três modos da natureza material.

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