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VERSO 24

ṛṣabhaṁ yavanānāṁ tvāṁ
vṛṇe vīrepsitaṁ patim
saṅkalpas tvayi bhūtānāṁ
kṛtaḥ kila na riṣyati

ṣabham — o melhor; yavanānām — dos intocáveis; tvām — a ti; vṛṇe — eu aceito; vīra — ó grande herói; īpsitam — desejado; patim — esposo; saṅkalpaḥ a determinação; tvayi — a ti; bhūtānām de todas as entidades vivas; kṛtaḥ — se feita; kila — decerto; na — nunca; riṣyati — frustra-se.

Aproximando-se do rei dos Yavanas, Kālakanyā dirigiu-se a ele com um grande herói, dizendo: Respeitável monarca, és o melhor dos intocáveis. Estou apaixonada por ti e desejo-te como meu esposo. Sei que ninguém se frustra ao fazer amizade contigo.

SIGNIFICADO—As palavras yavanānām ṛṣabham referem-se ao rei dos Yavanas. As palavras sânscritas yavana e mleccha aplicam-se àqueles que não seguem os princípios védicos. Segundo os princípios védicos, todos devem acordar cedo pela manhã, banhar-se, cantar Hare Kṛṣṇa, oferecer mangala-ārati às Deidades, estudar a literatura védica, aceitar prasāda e ocupar-se em vestir e decorar as Deidades. Deve-­se também arrecadar dinheiro para os gastos do templo, ou, se alguém é chefe de família, deve trabalhar de acordo com os deveres prescritos de um brāhmaṇa, kṣatriya, vaiśya ou śūdra. Dessa ma­neira, deve-se viver uma vida de compreensão espiritual: assim é a civilização védica. Quem não segue todas essas regras e regulações chama-se yavana ou mleccha. Não se deve pensar erroneamente que essas palavras se referem a determinadas classes de homens em outros países. Não se trata de preconceito de acordo com naciona­lismos. Quer viva na Índia, quer fora da Índia, a pessoa que não segue os princípios védicos é chamada yavana ou mleccha. Alguém que realmente não segue os princípios de higiene prescritos nas regras e regulações védicas está sujeito a muitas doenças contagio­sas. Como os discípulos, neste movimento para a consciência de Kṛṣṇa, são aconselhados a seguir os princípios védicos, eles natu­ralmente se tornam asseados.

Se alguém é consciente de Kṛṣṇa, ele pode trabalhar com o vigor de um jovem mesmo que tenha setenta e cinco ou oitenta anos de idade. Assim, a filha de Kāla (Tempo) não pode dominar um vaiṣṇava. Śrīla Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī começou a escrever o Caitanya-caritāmṛta já muito idoso, mas apresentou a mais maravilhosa obra sobre as atividades do Senhor Caitanya. Śrīla Rūpa Gosvāmī e Sanātana Gosvāmī começaram suas vidas espirituais em uma idade muito avançada, isto é, depois que se retira­ram de sua vida profissional e obrigações familiares. No entanto, eles apresentaram muitos livros valiosos para o avanço da vida espiritual. Isso é confirmado por Śrīla Śrīnivāsa Ācārya, que louvou os Gosvāmīs da seguinte maneira:

nānā-śāstra-vicāraṇaika-nipuṇau sad-dharma-saṁsthāpakau
lokānāṁ hita-kāriṇau tri-bhuvane mānyau śaraṇyākarau
rādhā-kṛṣṇa-padāravinda-bhajanānandena mattālikau
vande rūpa-sanātanau raghu-yugau śrī-jīva-gopālakau

“Ofereço minhas respeitosas reverências aos seis Gosvāmīs, Śrī Sanātana Gosvāmī, Śrī Rūpa Gosvāmī, Śrī Raghunātha Bhaṭṭa Gosvāmī, Śrī Raghunātha Dāsa Gosvāmī, Śrī Jīva Gosvāmī e Śrī Gopāla Bhaṭṭa Gosvāmī, que são muito hábeis em estudar minuciosamente todas as escrituras reveladas com o intuito de estabelecer princípios religiosos eternos para o benefício de todos os seres humanos. Assim, eles são honrados em todos os três mundos, e fazemos bem em nos refugiar neles, pois vivem absortos no estado de espírito das gopīs e ocupam-se em transcendental serviço amoroso a Rādhā e Kṛṣṇa.”

Assim, jarā, o efeito da velhice, não hostiliza um devoto. Isto porque o devoto segue as instruções e a determinação de Nārada Muni. Todos os devotos pertencem à sucessão discipular oriunda de Nārada Muni porque adoram a Deidade de acordo com a orientação de Nārada Muni, chamada Nārada-pañcarātra, ou pāñ­carātrika-vidhi. O devoto segue os princípios de pāñ­carātrika-vidhi, bem como de bhāgavata-vidhi. Bhāgavata-vidhi inclui o trabalho de pregação – śravaṇaṁ kīrtanaṁ viṣṇoḥ –, ouvir e cantar as glórias do Senhor Viṣṇu, a Suprema Personalidade de Deus. Pāñcarātrika-vidhi inclui arcanaṁ vandanaṁ dāsyaṁ sakhyam ātma-nivedanam. Se um devoto segue rigidamente as instruções de Nārada Muni, ele não teme a velhice, a doença ou a morte. Embora o devoto aparente envelhecer, ele não está sujeito aos sintomas de prostração experi­mentados por um homem comum na velhice. Em consequência disso, a velhice não faz um devoto ficar com medo da morte, como acontece com um homem comum. Quando jarā, ou a velhice, refugia-se em um devoto, Kālakanyā diminui o temor do devoto. O devoto sabe que, após a morte, irá de volta ao lar, de volta ao Supremo, de modo que ele não receia a morte. Desse modo, ao invés de deprimir o devoto, a idade avançada o ajuda a ficar deste­mido e, assim, feliz.

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