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VERSO 3

tayopagūḍhaḥ parirabdha-kandharo
raho ’numantrair apakṛṣṭa-cetanaḥ
na kāla-raṁho bubudhe duratyayaṁ
divā niśeti pramadā-parigrahaḥ

tayā pela rainha; upagūḍhaḥ — foi abraçado; parirabdha — abra­çou; kandharaḥ — ombros; rahaḥ — em um lugar solitário; anuman­traiḥ — com gracejos; apakṛṣṭa-cetanaḥ — tendo uma consciência degra­dada; na — não; kāla-raṁhaḥ — o passar do tempo; bubudhe tinha noção de; duratyayam — impossível de superar; divā — dia; niśā — noite; iti — assim; pramadā — pela mulher; parigrahaḥ — cativado.

A rainha Purañjanī abraçou o rei, o qual respondeu também a envolvendo em seus braços. Dessa maneira, em um lugar solitário, eles trocaram gracejos. O rei Purañjana, dessa maneira, ficou muito cativado por sua bela esposa e se desviou de seu bom senso. Esqueceu-se de que os dias e as noites passavam, fazendo com que a duração de sua vida se escoasse sem nenhum proveito.

SIGNIFICADO—A palavra pramadā neste verso é muito significativa. Uma bela esposa com certeza é vivificante para seu esposo, mas, ao mesmo tempo, é causa de degradação. A palavra pramadā significa “vivificante”, bem como “enlouquecedora”. De um modo geral, um chefe de família não leva muito a sério o passar de dias e noites. Uma pessoa ignorante aceita como algo trivial que os dias passem um após o outro e venham noites após noites. Essa é a lei da natureza material. Porém, o homem ignorante não sabe que, quando o Sol nasce cedo pela manhã, ele encurta os dias de sua vida. Assim, dia após dia, a duração de sua vida se reduz, e, esquecendo-se do dever da vida humana, o homem tolo simplesmente permanece na companhia de sua esposa e desfruta com ela em um lugar solitário. Essa condição se chama apakṛṣṭa-cetana, ou consciência degradada. Devemos usar a consciência humana para elevar-nos à consciência de Kṛṣṇa. No entanto, quando alguém se sente demasiadamente atraído por sua esposa e pelos afazeres familiares, não leva a cons­ciência de Kṛṣṇa muito a sério. Assim, degrada-se sem saber que não poderá recuperar um segundo sequer de sua vida, mesmo a troco de milhões de dólares. A maior perda na vida é deixar o tempo passar sem compreender Kṛṣṇa. Cada momento de nossas vidas deve ser utilizado apropriadamente, e a forma correta de apro­veitar a vida é incrementar o serviço devocional ao Senhor. Sem serviço devocional ao Senhor, as atividades da vida se tornam uma mera perda de tempo (śrama eva hi kevalam). Não é apenas tornando-nos “cumpridores do dever” que podemos tirar algum pro­veito na vida. Confirma-se no Śrīmad-Bhāgavatam (1.2.8):

dharmaḥ sv-anuṣṭhitaḥ puṁsāṁ
viṣvaksena-kathāsu yaḥ
notpādayed yadi ratiṁ
śrama eva hi kevalam

Se, após desempenhar seu dever ocupacional muito perfeitamente, a pessoa não progredir em consciência de Kṛṣṇa, deve-se entender que terá simplesmente desperdiçado seu tempo com esforço inútil.

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