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VERSO 5

tayaivaṁ ramamāṇasya
kāma-kaśmala-cetasaḥ
kṣaṇārdham iva rājendra
vyatikrāntaṁ navaṁ vayaḥ

tayā — com ela; evam — dessa maneira; ramamāṇasya — gozando; kāma — cheio de luxúria; kaśmala — pecaminoso; cetasaḥ — seu coração; kṣaṇa-ardham — em um instante; iva — como; rāja-indra — ó rei; vyatikrāntam — dissiparam-se; navam — nova; vayaḥ — vida.

Meu querido rei Prācīnabarhiṣat, dessa maneira, o rei Purañjana, com seu coração cheio de luxúria e reações pecaminosas, começou a gozar de sexo com sua esposa, de modo que o frescor de sua vida e sua juventude dissiparam-se em um instante.

SIGNIFICADO—Śrīla Govinda Dāsa Ṭhākura canta:

e-dhana, yauvana, putra, parijana,
ithe ki āche paratīti re
kamala-dala-jala, jīvana ṭalamala,
bhaja huṁ hari-pada nīti re

Neste verso, Śrīla Govinda Dāsa diz que, na verdade, não há bem-aventurança nos prazeres da juventude. Um jovem se torna muito luxurioso por querer desfrutar de toda espécie de objetos dos sentidos. Os objetos dos sentidos são: forma, sabor, aroma, tato e som. O método científico moderno, ou o avanço da civilização científica, incentiva o gozo desses cinco sentidos. A geração mais jovem fica muito satisfeita em ver uma bela forma, em ouvir mensagens radiofônicas sobre notícias materiais e músicas de gozo dos sentidos, em cheirar bons perfumes, belas flores e em tocar o corpo suave ou os seios de uma mocinha e gradualmente tocar-lhe os órgãos genitais. Tudo isso também é muito agradável para os animais; portanto, na sociedade humana, impõem-se restrições ao gozo dos cinco objetos dos sentidos. Quem não respeita essas restrições se torna exata­mente como um animal.

Assim, neste verso, afirma-se especificamente que kāma-kaśmala-cetasaḥ: a consciência do rei Purañjana estava poluída por desejos luxuriosos e atividades pecaminosas. No verso anterior, afirmou-se que Purañjana, embora avançado em consciência, deitou-se em uma cama muito macia com sua esposa. Isso indica que ele tinha relações sexuais em demasia. As palavras navaṁ vayaḥ também são significati­vas neste verso, pois indicam o período da juventude que vai dos dezesseis aos trinta anos. Esses treze ou quinze anos de vida são os anos em que se pode gozar muito fortemente dos sentidos. Quando alguém chega a essa idade, pensa que a vida continuará e que ele sempre continuará a gozar de seus sentidos, mas “o tempo e a maré não esperam por ninguém”. O período da juventude expira muito rapidamente. Aquele que desperdiça sua vida simplesmente cometendo atividades pecaminosas na juventude fica imediata­mente desapontado e desiludido quando o breve período da ju­ventude se acaba. Os prazeres materiais da juventude são especial­mente agradáveis para quem não tem treinamento espiritual. Se alguém recebe treinamento apenas dentro de um conceito corpó­reo de vida, leva uma vida de pura desilusão, pois o gozo sensual corpóreo acaba dentro de quarenta anos, ou em um tempo próximo a isso. Depois dos quarenta anos, a pessoa leva uma vida de desilusão por não ter conhecimento espiritual. Para uma pessoa assim, a juven­tude se acaba em um instante. Desse modo, o prazer que o rei Purañ­jana sentia, deitado ao lado de sua esposa, expirou muito rapidamente.

Kāma-kaśmala-cetasaḥ também quer dizer que, pelas leis da natureza, o gozo sensual irrestrito não é permitido para quem está na forma humana de vida. Quem satisfaz seus sentidos irrestritamente tem uma vida pecaminosa. Os animais não violam as leis da natu­reza. Por exemplo, o impulso sexual nos animais é muito forte durante determinados meses do ano. O leão é muito poderoso. Ele é um animal carnívoro muito forte, mas só goza de sexo uma vez por ano. De forma semelhante, de acordo com os preceitos religiosos, o homem se destina a fazer sexo apenas uma vez por mês, após o período menstrual da esposa, e, se a esposa está grávida, ele não tem nenhuma permissão de fazer sexo. Essa é a lei para os seres humanos. O homem tem permissão de ter mais de uma esposa porque ele não pode fazer sexo quando sua esposa está grávida. Se ele quiser sexo nesse período, deverá dirigir-se a outra esposa que não esteja grávida. Essas leis são men­cionadas na Manu-saṁhitā e em outras escrituras.

Essas leis e escrituras destinam-se aos seres humanos. Assim sendo, se alguém viola essas leis, torna-se pecaminoso. Em conclu­são, o gozo sensual irrestrito é o mesmo que atividades pecaminosas. Sexo ilícito é o sexo que viola as leis dadas nas escrituras. Aquele que viola as leis das escrituras, ou dos Vedas, comete atividades peca­minosas. Estando ocupado em atividades pecaminosas, ele não pode mudar sua consciência. Nossa verdadeira função é mudar nossa consciência de kaśmala, consciência pecaminosa, para Kṛṣṇa, o puro supremo. Como se confirma na Bhagavad-gītā (paraṁ brahma paraṁ dhāma pavitraṁ paramaṁ bhavān), Kṛṣṇa é o puro supremo. Portanto, se mudarmos nossa consciência do gozo material para Kṛṣṇa, nós nos purificaremos. Esse é o processo recomendado pelo Senhor Caitanya Mahāprabhu como o processo de ceto­darpaṇa-mārjanam, a limpeza do espelho do coração.

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