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VERSO 2

ta ekadā tu rabhasā
purañjana-purīṁ nṛpa
rurudhur bhauma-bhogāḍhyāṁ
jarat-pannaga-pālitām

te — eles; ekadā — certa vez; tu — então; rabhasā — com grande força; purañjana-purīm — a cidade de Purañjana; nṛpa — ó rei; ruru­dhuḥ — cercada; bhauma-bhoga-āḍhyām — cheia de prazeres dos sentidos; jarat — velha; pannaga — pela serpente; pālitām — protegida.

Certa vez, os perigosos soldados atacaram a cidade de Purañjana com grande vigor. Embora a cidade fosse repleta de facilidades para o gozo dos sentidos, ela estava sendo protegida pela velha serpente.

SIGNIFICADO—À medida que o corpo se ocupa em gozo dos sentidos, ele enfraquece mais e mais, diariamente. Por fim, a força vital enfraquece tanto que se a compara nesta passagem a uma serpente fraca. O ar vital já foi comparado à serpente. Quando a força vital dentro do corpo se enfraquece, o corpo também fraqueja. Nesse momento, os sintomas da morte – isto é, os perigosos soldados do superintendente da morte, Yamarāja – começam a atacar muito rigo­rosamente. Segundo o sistema védico, antes de chegar a essa fase, deve-se deixar o lar e aceitar sannyāsa para pregar a mensagem de Deus pelo restante da vida. Entretanto, se alguém se instala no lar e é servido por sua amada esposa e filhos, é certo que se tornará cada vez mais fraco devido ao gozo dos sentidos. Quando a morte vem, finalmente, ele deixa o corpo sem ter adquirido quaisquer bens espirituais. Hoje em dia, mesmo os membros familiares mais idosos não deixam o lar, por estarem atraídos pela esposa, filhos, dinheiro, opulência, residência etc. Assim, no fim da vida, a pessoa preocupa­-se em saber como sua esposa será protegida e como ela adminis­trará as grandes responsabilidades familiares. Dessa maneira, é normal um homem pensar em sua esposa antes da morte. De acordo com a Bhagavad-gītā (8.6):

yaṁ yaṁ vāpi smaran bhāvaṁ
tyajaty ante kalevaram
taṁ tam evaiti kaunteya
sadā tad-bhāva-bhāvitaḥ

“Qualquer que seja o estado de existência de que alguém se lembre ao deixar o corpo, ó filho de Kuntī, esse mesmo estado ele alcançará impreterivelmente.”

No final da vida, uma pessoa pensa no que fez durante toda a sua vida; assim, ela obtém outro corpo (dehāntara) de acordo com seus pensamentos e desejos no fim da vida. Alguém excessivamente apegado à vida no lar naturalmente pensa em sua amada esposa no fim da vida. Em consequência disso, ele obtém o corpo de uma mulher na próxima vida, e também adquire os resultados de suas ati­vidades piedosas ou ímpias. Este capítulo explicará inteiramente como o rei Purañjana aceitou o corpo de uma mulher.

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