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VERSO 73

arthe hy avidyamāne ’pi
saṁsṛtir na nivartate
dhyāyato viṣayān asya
svapne ’narthāgamo yathā

arthe — objetos dos sentidos; hi — decerto; avidyamāne — não estan­do presentes; api — embora; saṁsṛtiḥ — existência material; na­ — nunca; nivartate — cessa; dhyāyataḥ — meditando; viṣayān — em obje­tos dos sentidos; asya — do ser vivo; svapne — em sonho; anartha — de coisas indesejáveis; āgamaḥ — aparecimento; yathā — como.

Quando a entidade viva sonha, os objetos dos sentidos não estão realmente presentes. Contudo, por ela ter-se associado com os objetos dos sentidos, estes se manifestam. Analogamente, a entidade viva com sentidos não desenvolvidos não deixa de existir material­mente, muito embora não esteja exatamente em contato com os objetos dos sentidos.

SIGNIFICADO—Às vezes se diz que, devido ao fato de uma criança ser inocente, ela é completamente pura. Isso, porém, não é verdade. Os efeitos de atividades fruitivas armazenados no corpo sutil aparecem em três fases coordenadas. Uma delas se chama bīja (a raiz), outra se chama kūṭa-stha (o desejo), e outra se chama phalonmukha (prestes a frutificar). A fase manifesta se chama prārabdha (já em ação). Em estado consciente ou inconsciente, as ações dos corpos sutil ou grosseiro podem não se manifestar, mas semelhantes estados não podem ser chamados de estados liberados. Pode ser que uma criança seja inocente, mas isso não quer dizer que ela é uma alma liberada. Tudo está armazenado, e tudo se manifestará com o transcorrer do tempo. Mesmo na ausência de determinadas manifestações no corpo sutil, os objetos de gozo dos sentidos podem agir. Deu-se o exemplo da polução noturna, na qual os sentidos físicos agem mesmo quando os objetos físicos não se manifestam. Pode ser que os três modos da natureza material não estejam manifestos no corpo sutil, mas a contaminação dos três modos permanece arma­zenada, e, no transcurso do tempo, ela se manifesta. Mesmo que as reações de nossos corpos grosseiro e sutil não se manifestem, não nos livramos das condições materiais. Portanto, é errado dizer que uma criança é igual a uma alma liberada.

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