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VERSO 11

śrutena tapasā vā kiṁ
vacobhiś citta-vṛttibhiḥ
buddhyā vā kiṁ nipuṇayā
balenendriya-rādhasā

śrutena — pela educação védica; tapasā — mediante austeridades; — ou; kim — qual é o sentido; vacobhiḥ — mediante palavras; citta — de consciência; vṛttibhiḥ — pelas ocupações; buddhyā — mediante a inteligência; — ou; kim — de que adianta; nipuṇayā — hábil; balena — pela força corpórea; indriya-rādhasā — pelo poder dos sentidos.

Rigorosas austeridades, o processo de ouvir, a capacidade de falar, o poder da especulação mental, a inteligência elevada, a força e o poder sensual – que sentido faz tudo isso sem o serviço devocional?

SIGNIFICADO—As Upaniṣads (Muṇḍaka Upaniṣad 3.2.3) nos ensinam o seguinte:

nāyam ātmā pravacanena labhyo
na medhayā na bahunā śrutena
yam evaiṣa vṛṇute tena labhyas
tasyaiṣa ātmā vivṛṇute tanūṁ svām

Nossa relação com o Senhor Supremo nunca avança pelo mero estudo dos Vedas. Há muitos sannyāsīs māyāvādīs plenamente dedicados a estudar os Vedas, o Vedānta-sūtra e as Upaniṣads, mas, infelizmente, eles não conseguem assimilar a verdadeira essência do conhecimento. Em outras palavras, eles não conhecem a Suprema Personalidade de Deus. De que adianta, então, alguém estudar todos os Vedas se ele não consegue assimilar a essência dos Vedas, Kṛṣṇa? O Senhor confirma na Bhagavad-gītā (15.15) que vedaiś ca sarvair aham eva vedyaḥ: “Através de todos os Vedas, Eu sou aquele que deve ser conhecido.”

Muitos são os sistemas religiosos que dão ênfase especial à prá­tica de penitências e austeridades, mas, no final, ninguém entende Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus. Portanto, não há utili­dade em tais penitências (tapasya). Quem tenha realmente se apro­ximado da Suprema Personalidade de Deus não precisa praticar rigorosas austeridades. Pode-se compreender a Suprema Personali­dade de Deus através do processo de serviço devocional. O nono capítulo da Bhagavad-gītā expõe o serviço devocional como rāja-­guhyam, o rei de todo o conhecimento confidencial. Há muitos bons recitadores dos textos védicos que entoam obras como o Rāmāyaṇa, o Śrīmad-Bhāgavatam e a Bhagavad-gītā. Às vezes, esses leitores profissionais manifestam ótima erudição e fazem malabarismos de palavras. Infelizmente, eles jamais são devotos do Senhor Supremo. Em consequência disso, não podem incutir na audiência a verdadeira essência do conhecimento, Kṛṣṇa. Existem, também, muitos escritores cheios de ideias e filósofos criativos, mas, apesar de toda a sua erudição, se eles não conseguem aproximar-se da Suprema Personalidade de Deus, não passam de especuladores mentais inúteis. Há muitas pessoas de inteligência aguda neste mundo material, e elas vivem descobrindo coisas em favor do gozo dos sentidos. Além disso, elas estudam analiticamente todos os ele­mentos materiais. Porém, apesar de seu hábil conhecimento e perita análise científica de toda a manifestação cósmica, seus esforços são inúteis porque elas não conseguem entender a Suprema Personali­dade de Deus.

No que diz respeito a nossos sentidos, existem muitos animais, tanto quadrúpedes quanto pássaros, que são muito hábeis em exer­citar seus sentidos mais intensamente do que os seres humanos. Por exemplo, os corvos ou falcões podem subir muito alto no céu, mas, mesmo assim, podem ver um pequeno corpo no solo bem claramen­te. Isso quer dizer que a visão deles é tão aguçada que eles podem encontrar um cadáver comestível a uma grande distância. Decerto, a visão deles é muito mais aguçada do que a dos seres humanos, mas isso não significa que a existência deles seja mais importante que a de um ser humano. Do mesmo modo, os cães podem farejar muitas coisas ao longe. Muitos peixes podem perceber através do poder do som que o inimigo se aproxima. Todos esses exemplos são des­critos no Śrīmad-Bhāgavatam. Se os sentidos de alguém não podem ajudá-lo a alcançar a perfeição máxima da vida, a compreensão do Supremo, eles são todos inúteis.

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