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VERSO 14

yathā taror mūla-niṣecanena
tṛpyanti tat-skandha-bhujopaśākhāḥ
prāṇopahārāc ca yathendriyāṇāṁ
tathaiva sarvārhaṇam acyutejyā

yathā — assim como; taroḥ — de uma árvore; mūla — a raiz; niṣeca­nena — regando; tṛpyanti — ficam satisfeitos; tat — seus; skandha — tronco; bhuja — galhos; upaśākhāḥ — e brotos; prāṇa — o ar vital; upahārāt — alimentando; ca — e; yathā — assim como; indriyāṇām­ — dos sentidos; tathā eva — de modo semelhante; sarva — de todos os semideuses; arhaṇam — adoração; acyuta — da Suprema Personali­dade de Deus; ijyā — adoram.

Assim como o ato de regar a raiz de uma árvore concede energia ao tronco, aos galhos, aos brotos e a tudo mais, e assim como o ato de alimentar o estômago vivifica os sentidos e os membros do corpo, de modo semelhante, pelo simples fato de adorar a Suprema Personalidade de Deus através do serviço devocional, pode-se automaticamente satisfazer aos semideuses, que são partes dessa Personalidade Suprema.

SIGNIFICADO—Às vezes, perguntam-nos por que este movimento para a cons­ciência de Kṛṣṇa advoga apenas a adoração a Kṛṣṇa, a ponto de excluir os semideuses. Este verso apresenta a resposta. O exemplo de regar a raiz de uma árvore é muito apropriado. A Bhagavad-gītā (15.1) afirma que ūrdhva-mūlam adhaḥ-śākham: esta manifestação cós­mica se expande para baixo, e a raiz é a Suprema Personalidade de Deus. Como o Senhor confirma na Bhagavad-gītā (10.8), ahaṁ sar­vasya prabhavaḥ: “Eu sou a fonte de todos os mundos espirituais e materiais.” Kṛṣṇa é a raiz de tudo, de modo que prestar serviço à Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa (kṛṣṇa-sevā), significa automaticamente servir a todos os semideuses. Às vezes, argumenta-se que karma e jñāna requerem uma mistura de bhakti para serem executados com êxito, e, às vezes, argumenta-se que bhakti também precisa de karma e jñāna para uma consumação exitosa. O fato, contudo, é que, embora karma e jñāna não possam ser exitosa­mente executados sem bhakti, bhakti não precisa da ajuda de karma nem de jñāna. Na verdade, como descreve Śrīla Rūpa Gosvāmī, anyābhilāṣitā-śūnyaṁ jñāna-karmādy-anāvṛtam: o ser­viço devocional puro não deve ser contaminado pelo contato de karma e jñāna. A sociedade moderna está envolvida em várias classes de obras filantrópicas, humanitárias e assim por diante, mas as pessoas não sabem que essas atividades jamais serão exi­tosas a menos que Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, esteja em seu centro. Alguém poderá perguntar que mal há em adorar Kṛṣṇa e as diferentes partes de Seu corpo, os semideuses, e este verso também apresenta a resposta a isso. A ideia é que, alimentando o estômago, os indriyas, os sentidos, ficam automaticamente satisfeitos. Se alguém tenta alimentar seus olhos e ouvidos de maneira independente, o resultado é desastroso. Pelo simples processo de alimentar o estô­mago, satisfazemos todos os sentidos. Não é necessário nem exe­quível prestar serviço separado aos sentidos individuais. Em conclu­são, servindo a Kṛṣṇa (kṛṣṇa-sevā), tudo se torna perfeito. Confirma-se no Caitanya-caritāmṛta (Madhya 22.62) que kṛṣṇe bhakti kaile sarva-karma kṛta haya: se alguém estiver ocupado em serviço devo­cional ao Senhor, a Suprema Personalidade de Deus, automatica­mente terá realizado tudo.

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