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VERSO 14

vidyā-tapo-vrata-dharān mukhataḥ sma viprān
brahmātma-tattvam avituṁ prathamaṁ tvam asrāk
tad brāhmaṇān parama sarva-vipatsu pāsi
pālaḥ paśūn iva vibho pragṛhīta-daṇḍaḥ

vidyā — sabedoria; tapaḥ — austeridades; vrata — votos; dharān — os seguidores; mukhataḥ — da boca; sma — foi; viprān — os brāhmaṇas; brahmā — senhor Brahmā; ātma-tattvam — autorrealização; avitum — para disseminar; prathamam — primeiramente; tvam — tu; asrāk — criado; tat — portanto; brāhmaṇān — os brāhmaṇas; parama — ó grandioso; sarva — todos; vipatsu — em perigo; pāsi — proteges; pālaḥ — como o protetor; paśūn — os animais; iva — como; vibho — ó grandioso; pragṛhīta — trazendo na mão; daṇḍaḥ — um bastão.

Meu querido, grande e poderoso senhor Śiva, primeiramente foste criado da boca do senhor Brahmā a fim de proteger os brāhmaṇas na aquisição de educação, austeridades, votos e autorrealização. Como protetor dos brāhmaṇas, proteges sempre os princípios reguladores que eles seguem, assim como um vaqueirinho mantém um bastão em sua mão para proteger as vacas.

SIGNIFICADO—A função específica do ser humano na sociedade, não importa qual seja o seu status social, é praticar controle da mente e dos sentidos, observando os princípios reguladores prescritos nos śāstras védicos. O senhor Śiva é denominado paśupati porque protege as entidades vivas em sua consciência desenvolvida para que elas possam seguir o sistema védico de varṇa e āśrama. A palavra paśu refere-se ao animal, bem como à entidade humana. Afirma-se neste verso que o senhor Śiva está sempre interessado em proteger os animais e as entidades vivas animalescas, que não são muito avançadas no quesito espiritual. Afirma-se também que os brāhmaṇas são produzidos da boca do Senhor Supremo. Devemos sempre nos lembrar de que o senhor Śiva está sendo tratado como o representante do Senhor Supremo, Viṣṇu. Na literatura védica, descreve-se que os brāhmaṇas nascem da boca da forma universal de Viṣṇu, os kṣatriyas nascem de Seus braços, os vaiśyas de Seu abdômen ou cintura, e os śūdras de Suas pernas. Na formação de um corpo, a cabeça é o fator principal. Os brāhmaṇas nascem da boca da Suprema Personalidade de Deus a fim de aceitar caridade para a adoração a Viṣṇu e espalhar o conhecimento védico. O senhor Śiva é conhecido como paśupati, o protetor dos brāhmaṇas e outros seres vivos. Ele os protege dos ataques de não-brāhmaṇas, ou pessoas incultas que são contra o processo de autorrealização.

Outro aspecto desta palavra é que as pessoas que estão simplesmente apegadas à parte ritualística dos Vedas e não compreendem a posição da Suprema Personalidade de Deus não são mais avançadas que animais. No começo do Śrīmad-Bhāgavatam, confirma-se que, mesmo que alguém execute os rituais dos Vedas, caso não desenvolva um senso de consciência de Kṛṣṇa, todo o seu esforço ao executar rituais védicos é considerado mera perda de tempo. O objetivo do senhor Śiva ao destruir o yajña de Dakṣa foi de punir Dakṣa porque, quando Dakṣa o negligenciou, Dakṣa estava cometendo uma grande ofensa. A punição do senhor Śiva foi tal qual a de um vaqueirinho, que leva um bastão consigo para amedrontar seus animais. Comumente se diz que é necessário um bastão para proteger os animais porque eles não sabem raciocinar e argumentar. O raciocínio e argumento deles é argumentum ad baculum: a menos que haja um bastão, eles não obedecem. Para a classe de homens animalescos, é necessária a força, ao passo que aqueles que são avançados se convencem por raciocínio, argumentos e a autoridade das escrituras. As pessoas que estão simplesmente apegadas a rituais védicos, sem maior avanço de serviço devocional, ou consciência de Kṛṣṇa, são quase como animais, e o senhor Śiva encarrega-se de protegê-las e às vezes puni-las, como puniu Dakṣa.

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