VERSO 46
tvaṁ purā gāṁ rasāyā mahā-sūkaro
daṁṣṭrayā padminīṁ vāraṇendro yathā
stūyamāno nadal līlayā yogibhir
vyujjahartha trayī-gātra yajña-kratuḥ
tvam — Vós; purā — no passado; gām — a Terra; rasāyāḥ — de dentro da água; mahā-sūkaraḥ — a encarnação do grande javali; daṁṣṭrayā — com Vossa presa; padminīm — um lótus; vāraṇa-indraḥ — um elefante; yathā — como; stūyamānaḥ — recebendo orações; nadan — vibrando; līlayā — muito facilmente; yogibhiḥ — por grandes sábios, como Sanaka etc.; vvujjahartha — tirada; trayī-gātra — ó conhecimento védico personificado; yajña-kratuḥ — tendo a forma de sacrifício.
Querido Senhor, ó conhecimento védico personificado, no milênio passado, muitíssimo tempo atrás, quando aparecestes como a encarnação do grande javali, tirastes o mundo da água, assim como um elefante tira uma flor de lótus de um lago. Quando vibrastes o som transcendental naquela gigantesca forma de javali, o som foi aceito como um hino sacrificatório, e grandes sábios, como Sanaka, meditaram nele e ofereceram orações para Vossa glorificação.
SIGNIFICADO—Uma palavra significativa usada neste verso é trayī-gātra, que significa que a forma transcendental do Senhor são os Vedas. Qualquer pessoa que se ocupe na adoração à Deidade, ou seja, a forma do Senhor no templo, é tida como alguém que estuda todos os Vedas vinte e quatro horas por dia. Simplesmente decorando as Deidades do Senhor, Rādhā e Kṛṣṇa, no templo, estuda-se muito minuciosamente os preceitos dos Vedas. Mesmo um devoto neófito que simplesmente se ocupa na adoração à Deidade é tido como alguém em contato direto com o significado do conhecimento védico. Como se confirma na Bhagavad-gītā (15.15), vedaiś ca sarvair aham eva vedyaḥ: o propósito dos Vedas é compreendê-lO, compreender Kṛṣṇa. Quem adora e serve a Kṛṣṇa diretamente compreendeu as verdades dos Vedas.