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VERSO 10

bhagavān api bhārata tad-upanītārhaṇaḥ sūkta-vākenātitarām udita-guṇa-gaṇāvatāra-sujayaḥ priyavratam ādi-puruṣas taṁ sadaya-hāsāvaloka iti hovāca.

bhagavān — senhor Brahmā; api — além disso; bhārata — ó rei Parīkṣit; tat — por eles; upanīta — trazida; arhaṇaḥ — parafernália de adoração; sūkta — de acordo com a etiqueta védica; vākena — com linguagem; atitarām — altamente; udita — louvaram; guṇa-gaṇa — qualidades; avatāra — devido à descida; su-jayaḥ — cujas glórias; priya­vratam — a Priyavrata; ādi-puruṣaḥ — a pessoa original; tam — a ele; sa-daya — com benevolência; hāsa — sorridente; avalokaḥ — cujo olhar; iti — assim; ha — decerto; uvāca — disse.

Meu querido rei Parīkṣit, como o senhor Brahmā finalmente des­cera de Satyaloka a Bhūloka, Nārada Muni, o príncipe Priyavrata e Svāyambhuva Manu adiantaram-se para oferecer-lhe os artigos de adoração e louvá-lo em termos altamente elogiosos, de acordo com a etiqueta védica. Nesse momento, o senhor Brahmā, a pessoa original deste universo, sentiu compaixão de Priyavrata e, olhando para ele com o rosto sorridente, disse-lhe o seguinte.

SIGNIFICADO—O fato de o senhor Brahmā ter descido de Satyaloka para ver Priyavrata demonstra a grande seriedade do assunto. Nārada Muni estava ali para ensinar a Priyavrata o valor da vida espiritual, do conhecimen­to, da renúncia e de bhakti, e o senhor Brahmā sabia que as instru­ções de Nārada eram muito convincentes. Portanto, o senhor Brahmā sabia que o príncipe Priyavrata não aceitaria a ordem de seu pai a menos que o senhor Brahmā estivesse pessoalmente na colina Gandhamādana para falar com Priyavrata. A intenção de Brahmā era afrouxar a determinação de Priyavrata. Portanto, em primeiro lugar, Brahmā olhou para Priyavrata com benevolência. Seu sorriso e expressão compassivos também indicam que, apesar de Brahmā ter vindo pedir a Priyavrata que aceitasse a vida familiar, Priyavrata não deixaria de praticar o serviço devocional. Pelas bênçãos de um vaiṣṇava, tudo é possível. Descreve-se isso no Bhakti-rasāmṛta-sindhu como kṛpā-siddhi, ou a perfeição alcançada simplesmente pelas bênçãos de uma pessoa superior. Normalmente, a pessoa se torna liberada e perfeita observando os princípios reguladores estabelecidos nos śāstras. Todavia, muitas pessoas alcançam a perfeição simples­mente através das bênçãos de um mestre espiritual ou de uma pessoa superior.

Priyavrata era neto do senhor Brahmā, e, assim como às vezes ocorre uma competição de brincadeira entre neto e avô, também neste caso Priyavrata estava determinado a permanecer em meditação, ao passo que a determinação de Brahmā era convencê-lo a governar o universo. Assim, o sorriso e o olhar afetuosos do senhor Brahmā significa­vam: “Meu querido Priyavrata, decidiste não te casares, mas eu deci­di convencer-te de que deves, sim, contrair matrimônio.” Na verdade, Brahmā descera a fim de elogiar Priyavrata por seu alto padrão de renúncia, austeridade, penitência e devoção, comprovando que, muito embora tivesse que aceitar a vida familiar, Priyavrata não se desviaria do serviço devo­cional.

Neste verso, uma palavra importante é sūkta-vākena (mediante hinos védicos). Nos Vedas, encontramos a seguinte oração ao senhor Brahmā: hiraṇyagarbhaḥ samavartatāgre bhūtasya jātaḥ patir eka āsīt. Brahmā foi recepcionado com hinos védicos apropriados e, por ter recebido boas-vindas de acordo com a etiqueta védica, ficou muito satisfeito.

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