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VERSO 11

śrī-bhagavān uvāca
nibodha tātedam ṛtaṁ bravīmi
māsūyituṁ devam arhasy aprameyam
vayaṁ bhavas te tata eṣa maharṣir
vahāma sarve vivaśā yasya diṣṭam

śrī-bhagavān uvāca — o senhor Brahmā, a pessoa suprema, disse; nibodha — por favor, ouve com atenção; tāta — meu querido filho; idam — isto; ṛtam — verdade; bravīmi — estou falando; — não; asūyitum — tenhas inveja de; devam — a Suprema Personalidade de Deus; arhasi — deves; aprameyam — que está além de nosso conhecimento experimental; vayam — nós; bhavaḥ — senhor Śiva; te — teu; tataḥ — pai; eṣaḥ — este; mahā-ṛṣiḥ — Nārada; vahāmaḥ — cumprimos; sarve — todos; vivaśāḥ — incapazes de desviar-nos; yasya — de quem; diṣṭam — a ordem.

O senhor Brahmā, a pessoa suprema dentro deste universo, disse: Meu querido Priyavrata, por favor, ouve atentamente o que tenho a dizer-te. Não invejes o Senhor Supremo, que está além de nossos cálculos experimentais. Todos nós, inclusive o senhor Śiva, teu pai e o grande sábio Mahāṛṣi Nārada, temos obrigação de cumprir a ordem do Supremo. Não podemos desviar-nos de Sua ordem.

SIGNIFICADO—Dentre as doze grandes autoridades em serviço devocional, quatro – o próprio senhor Brahmā, seu filho Nārada, Svāyambhuva Manu e o senhor Śiva – estavam presentes diante de Priyavrata. Eles estavam acompanhados de muitos outros sábios conceituados. Em primeiro lugar, Brahmā queria convencer Priyavrata de que, embora essas grandes personalidades fossem todos autoridades, elas não podiam desobedecer às ordens da Suprema Personalidade de Deus, que se descreve neste verso como sendo deva, “sempre glorioso”. O poder, a glória e as potências da Suprema Personalidade de Deus jamais se reduzirão. Na Īśopaniṣad, descreve-se o Senhor como apāpa­-viddha, o que indica que Ele jamais é afetado por algo material e pecaminoso. Do mesmo modo, o Śrīmad-Bhāgavatam descreve a Suprema Personalidade de Deus como sendo tão poderosa que nada que possamos considerar abo­minável pode afetá-lO. Um exemplo às vezes dado para explicar a posição do Senhor Supremo é o exemplo do Sol. Esse evapora a urina da terra, mas nunca é afetado pela contaminação. Não é possível, em tempo algum, uma pessoa acusar o Senhor Supremo de ter feito algo errado.

A atitude do senhor Brahmā, ao ir induzir Priyavrata a aceitar a responsabilidade de governar o universo, não foi caprichosa: ele estava simplesmente seguindo as ordens do Senhor Supremo. Na verdade, Brahmā e outras autoridades genuínas nunca fazem nada sem Sua permissão. O Senhor Supremo encontra-Se no coração de todos. No começo do Śrīmad-Bhāgavatam, lemos que tene brahma hṛdā ya ādi-kavaye. O Senhor, através do coração de Brahmā, trans­mitiu-lhe o conhecimento védico. Quanto mais uma entidade viva se purifica através do serviço devocional, mais ela entra em contato direto com a Suprema Personalidade de Deus, e isso é confirmado na Śrīmad Bhagavad-gītā (10.10):

teṣāṁ satata-yuktānāṁ
bhajatāṁ prīti-pūrvakam
dadāmi buddhi-yogaṁ taṁ
yena mām upayānti te

“Àqueles que estão constantemente devotados a Me servir com amor, Eu dou a compreensão pela qual eles podem vir a Mim.” O senhor Brahmā, portanto, não viera ter com Priyavrata por mero capricho pessoal; pelo contrário, sabe-se que ele havia recebido ordens de persuadir Priyavrata da parte da Suprema Personalidade de Deus, cujas atividades não podem ser entendidas através dos sentidos materiais, motivo pelo qual Ele é aqui descrito como aprameya. Assim, antes de qualquer outra coisa, o senhor Brahmā aconselhou Priyavrata a ouvir suas palavras com atenção e sem inveja.

Indica-se nesta passagem o motivo pelo qual alguém é induzido a executar certos atos apesar de seu desejo de proceder de outro modo. Ninguém pode desobedecer às ordens do Senhor Supremo, mesmo que seja tão poderoso como o senhor Śiva, o senhor Brahmā, Manu ou o grande sábio Nārada. Todas essas autoridades são muito poderosas, indubitavelmente, mas não têm o poder de desobedecer às ordens da Suprema Personalidade de Deus. Uma vez que o senhor Brahmā viera ter com Priyavrata em obediência às ordens do Senhor Supremo, em primeiro lugar ele queria dissipar qualquer suspeita de que pudesse estar agindo como um malquerente de Priyavrata. O senhor Brahmā estava seguin­do as ordens do Senhor Supremo, motivo pelo qual seria conveniente Priya­vrata aceitar a ordem do senhor Brahmā, conforme o desejo do Senhor.

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