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VERSO 17

bhayaṁ pramattasya vaneṣv api syād
yataḥ sa āste saha-ṣaṭ-sapatnaḥ
jitendriyasyātma-rater budhasya
gṛhāśramaḥ kiṁ nu karoty avadyam

bhayam — medo; pramattasya — daquele que está confuso; vaneṣu­ — nas florestas; api — mesmo; syāt —existe fatalmente; yataḥ — porque; saḥ — ele (aquele que não tem autocontrole); āste — existe; saha — com; ṣaṭ-sapatnaḥ — seis co-esposas; jita-indriyasya — para quem já conquistou os sentidos; ātma-rateḥ — satisfeito consigo mesmo; budhasya — para semelhante homem erudito; gṛha-āśramaḥ — vida familiar; kim — que; nu — na verdade; karoti — pode fazer; avadyam — mal.

Mesmo que vá de floresta em floresta, quem não tem autocontrole sempre teme o cativeiro material, pois anda na companhia de seis co-esposas: a mente e os sentidos de adquirir conhecimento. A vida familiar, contudo, não pode prejudicar um homem eru­dito e autossatisfeito que conquistou os sentidos.

SIGNIFICADO—Segundo canta Śrīla Narottama Dāsa Ṭhākura, gṛhe vā vanete thāke, ‘hā gaurāṅga’ bale ḍāke: quer a pessoa se encontre na floresta, quer se encontre no lar, se ela estiver ocupada em serviço devocional ao Senhor Caitanya, será uma pessoa liberada. Este verso repete isso. Para alguém que não tenha controlado os sentidos, ir à floresta ou tornar-se um pretenso yogī é inútil. Quem anda em companhia da mente e de sentidos descontrolados não pode obter nada, mesmo que abandone a vida familiar e permaneça na floresta. Outrora, muitos mercadores do norte da Índia costumavam ir à Bengala, e existe um ditado familiar a esse respeito: “Se fores para a Bengala, teu destino irá contigo.” Em primeiro lugar, portanto, devemos nos preocupar em controlar os sentidos, e, como não podemos controlá-los sem que nos ocupemos em serviço devocional ao Senhor, nosso dever mais importante é ocupar os nossos sentidos em serviço devocional. Hṛṣīkeṇa hṛṣīkeśa-sevanaṁ bhaktir ucyate: bhakti significa ocupar os sentidos purificados em servir ao Senhor.

Nesta passagem, o senhor Brahmā mostra que, em vez de ir à floresta com os sentidos descontrolados, é melhor e mais seguro ocupar os sentidos a serviço do Senhor. A vida familiar não pode perturbar alguém que é autocontrolado e que age dessa maneira; ela não pode forçá-lo a enredar-se no cativeiro material. Śrīla Rūpa Gosvāmī explica essa posição com mais pormenores:

īhā yasya harer dāsye
karmaṇā manasā girā
nikhilāsv apy avasthāsu
jīvan-muktaḥ sa ucyate

“Apesar das circunstâncias, se alguém ocupa realmente suas atividades, mente e palavras no serviço devocional ao Senhor, ele deve ser considerado uma pessoa liberada.” Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura era um funcionário responsável e chefe de família, mas seu serviço à causa da expansão da missão do Senhor Caitanya Mahāprabhu é singular. Śrīla Prabodhānanda Sarasvatī Ṭhākura diz: durdāntendriya-kāla-sarpa-paṭalī protkhāta-daṁṣṭrāyate. Por certo que os órgãos dos sentidos são nossos maiores inimigos, em razão do que são comparados a serpentes venenosas. Contudo, se uma serpente vene­nosa é despojada de suas presas peçonhentas, ela não causa mais medo. Da mesma forma, não há por que temer as atividades dos sentidos ocupados a serviço do Senhor. Os devotos do movimento para a consciência de Kṛṣṇa vivem neste mundo material, mas, por manterem seus sentidos ocupados em serviço ao Senhor, estão sempre à parte do mundo material. Eles vivem sempre em uma posição trans­cendental.

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