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VERSO 21

bhagavān api manunā yathāvad upakalpitāpacitiḥ priyavrata-nāradayor aviṣamam abhisamīkṣamāṇayor ātmasam avasthānam avāṅ-manasaṁ kṣayam avyavahṛtaṁ pravartayann agamat.

bhagavān — o poderosíssimo senhor Brahmā; api — também; manunā — por Manu; yathāvat — como merecia; upakalpita-apacitiḥ — sendo adorado; priyavrata-nāradayoḥ — na presença de Priyavrata e Nārada; aviṣamam — sem aversão; abhisamīkṣamāṇayoḥ — contemplando; ātmasam — conveniente à sua posição; avasthānam — à sua morada; avāk-manasam — além da descrição da mente e das palavras; kṣayam — o planeta; avyavahṛtam — situado em posição extraordiná­ria; pravartayan — partindo; agamat — retornou.

Então, o senhor Brahmā foi adorado por Manu, que, com todo o respeito, o agradou da melhor maneira que pôde. Priyavrata e Nārada também contemplaram Brahmā sem nenhum resquício de ressentimento. Tendo levado Priyavrata a aceitar o pedido de seu pai, o senhor Brahmā regressou à sua morada, Satyaloka, que o esforço mental ou palavras mundanas são incapazes de descrever.

SIGNIFICADO—Manu certamente ficou muito satisfeito com o fato de o senhor Brahmā ter persuadido seu neto Priyavrata (filho de Manu) a assumir a responsabilidade de governar o mundo. Priyavrata e Nārada também ficaram muito satisfeitos. Embora Brahmā tivesse forçado Priyavrata a aceitar a administração de assuntos mundanos, que­brando, assim, seu voto de permanecer brahmacārī para ocupar-se plenamente em serviço devocional, Nārada e Priyavrata não alimen­taram ressentimentos contra Brahmā. Nārada não ficou de maneira alguma pesaroso por ter sido frustrado na tentativa de fazer de Priya­vrata um discípulo. Tanto Priyavrata quanto Nārada eram perso­nalidades elevadas que sabiam como respeitar o senhor Brahmā. Portanto, em vez de ficarem ressentidos com Brahmā, eles, do fundo do coração, prestaram-lhe seus respeitos. Então, o senhor Brahmā regressou à sua morada celestial, conhecida como Satyaloka, apresentada aqui como impecável e indescritível por palavras.

Neste verso, afirma-se que o senhor Brahmā regressou à sua residência, a qual é tão importante como sua própria personalidade. O senhor Brahmā é o criador deste universo e a personalidade mais elevada dentro dele. Sua duração de vida é descrita na Bhagavad-gītā (8.17): sahasra-yuga-paryantam ahar yad brahmaṇo viduḥ. A duração total dos quatro yugas é de 4.300.000 anos, e esse valor multipli­cado por mil equivale a doze horas na vida de Brahmā. Portanto, a verdade é que não podemos fazer ideia do que sejam até mesmo apenas doze horas na vida de Brahmā, isso para não mencionar os 100 anos que constituem toda a duração de sua vida. Como, então, poderemos entender sua morada? Os textos védicos descrevem que não há nascimento, morte, velhice ou doença em Satyaloka. Em outras palavras, como Satyaloka encontra-se perto de Brahmaloka, ou da refulgência Brahman, ela é quase igual a Vaikuṇṭhaloka. A morada do senhor Brahmā é praticamente indescritível a partir desta nossa condição presente. Logo, ela é apresentada como avāṅ-manasa-gocara, ou seja, está além da descrição de nossas palavras ou de nossa imaginação mental. Os textos védicos descrevem a morada do senhor Brahmā do seguinte modo: yad dvai parārdhyaṁ tad u pārameṣṭhyaṁ na yatra śoko na jarā na mṛtyur nārtir na codvegaḥ. “Em Satyaloka, situada a muitos milhões e bilhões de anos de distância, não existe lamen­tação, nem velhice nem morte nem ansiedade, tampouco a influência de inimigos.”

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