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VERSO 37

aho asādhv anuṣṭhitaṁ yad abhiniveśito ’ham indriyair avidyā-racita-viṣama-viṣayāndha-kūpe tad alam alam amuṣyā vanitāyā vinoda-mṛgaṁ māṁ dhig dhig iti garhayāṁ cakāra.

aho — ai de mim; asādhu — ruim; anuṣṭhitam — executado; yat — porque; abhiniveśitaḥ — estando totalmente absorto; aham — eu; indriyaiḥ — em troca de gozo dos sentidos; avidyā — pela ignorância; racita — feito; viṣama — causando aflição; viṣaya — gozo dos sentidos; andha-kūpe — no poço escuro; tat — esse; alam — insignificante; alam — de nenhuma importância; amuṣyāḥ — desta; vanitāyāḥ­ — esposa; vinoda-mṛgam — tal qual um macaco dançarino; mām — para mim; dhik — toda condenação; dhik — toda condenação; iti — assim; garhayām — críticas; cakāra — ele fez.

O rei, então, colocou-se a criticar-se: Ai de mim! Quão condenado me tornei devido ao gozo dos sentidos! Agora estou caído no gozo material, que é exatamente como um poço camuflado. Agora basta! Não desfrutarei mais. Vede só como me tornei um macaco dan­çarino nas mãos de minha esposa. Em razão disso, estou condenado.

SIGNIFICADO—Pelo comportamento de Mahārāja Priyavrata, pode-se entender quão condenado é o avanço do conhecimento material. Ele fez pro­dígios, tais como criar outro sol, que brilhava durante a noite, e criar uma quadriga tão imensa que suas rodas formavam vastos oceanos. Essas atividades são tão grandiosas que os cientistas modernos mal podem imaginar como tais coisas puderam acontecer. No campo das atividades materiais, Mahārāja Priyavrata agiu de maneira prodigiosa, mas, como estava lidando com o gozo dos sentidos – governando seu reino e dançando de acordo com as sugestões de sua bela esposa –, ele se condenou. Analisando este exemplo de Mahārāja Priyavrata, podemos entender o quanto é degra­dada a civilização moderna de avanço materialista. Os pretensos cientistas modernos e outros materialistas estão muito satisfeitos porque podem construir grandes pontes, estradas e máquinas, mas essas atividades são insignificantes caso comparadas com as de Mahārāja Priyavrata. Se Mahārāja Priyavrata condenou-se apesar de suas atividades maravilhosas, quão condenados somos nós, em nosso pretenso avanço de civilização material. Podemos concluir que esse avanço nada tem a ver com os problemas da entidade viva enclau­surada neste mundo material. Infelizmente, o homem moderno não percebe seu enredamento e o quanto é condenado, tampouco sabe que classe de corpo terá na próxima vida. Do ponto de vista espiri­tual, um grande reino, uma bela esposa e maravilhosas atividades mate­riais – tudo é impedimento ao avanço espiritual. Mahārāja Priyavrata havia servido ao grande sábio Nārada com muita sinceridade. Por­tanto, apesar de ter aceitado opulências materiais, não se desviou de sua tarefa pessoal. Retomou a consciência de Kṛṣṇa. Como afirma a Bhagavad-gītā (2.40):

nehābhikrama-nāśo ’sti
pratyavāyo na vidyate
svalpam apy asya dharmasya
trāyate mahato bhayāt

“Neste esforço, não há perda nem diminuição, e um pequeno progresso neste caminho pode proteger a pessoa do mais perigoso tipo de medo.” Uma renúncia como a de Mahārāja Priyavrata só é possível pela graça da Suprema Personalidade de Deus. Em geral, quando as pessoas são poderosas ou quando têm uma linda esposa, um belo lar e popularidade material, enredam-se cada vez mais. Priyavrata Mahārāja, contudo, tendo sido completamente treinado pelo grande sábio Nārada, recuperou sua consciência de Kṛṣṇa apesar de todos os obstáculos.

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