VERSO 4
nivāsa-toya-draviṇātma-buddhis
tatas tato dhāvati bho aṭavyām
kvacic ca vātyotthita-pāṁsu-dhūmrā
diśo na jānāti rajas-valākṣaḥ
nivāsa — residência; toya — água; draviṇa — riqueza; ātma-buddhiḥ — que considera estas coisas materiais como ātma, ou o eu; tataḥ tataḥ — para aqui e para ali; dhāvati — ele corre; bhoḥ — ó rei; aṭavyām — no caminho da floresta da existência material; kvacit ca — e às vezes; vātyā — pelo vendaval; utthita — levantada; pāṁsu — pela poeira; dhūmrāḥ — parecera tingidos de fumaça; diśaḥ — as direções; na — não; jānāti — conhece; rajaḥ-vala-akṣaḥ — cujos olhos estão cobertos pela poeira do vento ou que está cativado por sua esposa durante seu período menstrual.
Meu querido rei, embrenhado nos caminhos da floresta do mundo material, com sua inteligência entorpecida pelo lar, pelas riquezas, pelos parentes e assim por diante, o mercador corre de um lugar ao outro em busca do sucesso. Às vezes, seus olhos são encobertos pela poeira de um vendaval – isto é, cheio de luxúria, ele se deixa cativar pela beleza de sua esposa, especialmente durante o seu período menstrual. Assim, seus olhos ficam cegos, e ele não consegue ver aonde vai ou o que está fazendo.
SIGNIFICADO—Afirma-se que a atração conjugal concentra-se na esposa porque o sexo é o centro da vida familiar: yan maithunādi-gṛhamedhi-sukhaṁ hi tuccham. O materialista, tornando sua esposa o centro de atração, trabalha muito arduamente dia e noite. Seu único desfrute na vida material é fazer sexo. Em razão disso, os karmīs se sentem atraídos por mulheres, sejam elas suas amigas, sejam suas esposas. Na verdade, eles não podem prescindir do sexo. Em tais circunstâncias, compara-se a esposa a um redemoinho, especialmente durante seu período menstrual. Aqueles que seguem à risca as regras e regulações da vida familiar se ocupam em sexo em um determinado dia do mês em que a mulher já não está no período menstrual. Quem está sempre aguardando o contato com a esposa, fica com os olhos dominados pela beleza dela. Por conseguinte, afirma-se que o redemoinho enche os olhos de poeira. De tão luxurioso, ele não sabe que todas as suas atividades materiais estão sendo observadas por diferentes semideuses, especialmente o deus do Sol, e estão sendo registradas para compor o karma do seu próximo corpo. Os cálculos astrológicos se chamam jyoti-śāstra. Como no mundo material o jyoti, ou a refulgência, vem de diferentes estrelas e planetas, a ciência se chama jyoti-śāstra, a ciência dos luzeiros. Calculando-se o jyoti, determina-se o nosso futuro. Em outras palavras, todos os luzeiros – as estrelas, o Sol e a Lua – testemunham as atividades da alma condicionada, a qual, então, recebe uma determinada espécie de corpo. A pessoa luxuriosa, cujos olhos estão cobertos pela poeira do redemoinho da existência material, não se atenta de modo algum ao fato de que suas atividades, observadas por diferentes estrelas e planetas, estão sendo registradas. Desconhecendo isso, a alma condicionada, visando à satisfação de seus desejos luxuriosos, comete toda espécie de atividades pecaminosas.