No edit permissions for Português

VERSO 6

kvacid vitoyāḥ sarito ’bhiyāti
parasparaṁ cālaṣate nirandhaḥ
āsādya dāvaṁ kvacid agni-tapto
nirvidyate kva ca yakṣair hṛtāsuḥ

kvacit — às vezes; vitoyāḥ — sem profundidade de água; saritaḥ — rios; abhiyāti — ele vai banhar-se ou mergulhar em; parasparam — mutuamente; ca — e; ālaṣate — deseja; nirandhaḥ — não tendo estoque de alimentos; āsādya — experimentando; dāvam — um incêndio florestal na vida familiar; kvacit — às vezes; agni-taptaḥ — queimado pelo fogo; nirvidyate — fica desanimado; kva — em alguma parte; ca — e; yakṣaiḥ — pelos reis que parecem ladrões e gatunos; hṛta — subtraída; asuḥ — riqueza, que lhe é tão querida como a própria vida.

Às vezes, a alma condicionada mergulha em um rio raso, ou, carecendo de grãos alimentícios, sai para mendigar alimentos de pessoas que não são nem um pouco caridosas. Às vezes, ela padece o calor causticante da vida familiar, que é como um incêndio na floresta, e, outras vezes, fica triste porque sua riqueza, que ela ama tanto quanto sua vida, é saqueada pelos reis na forma de implacáveis impostos de renda.

SIGNIFICADO—Ao se queimar com o calor do Sol, a pessoa às vezes mergulha no rio para se aliviar. Contudo, se o rio estiver quase seco e a água for muito rasa, ela poderá quebrar os ossos nesse mergulho. A alma condicionada está sempre passando por condições dolorosas. Certas vezes, suas tentativas de obter ajuda dos amigos são exatamente como mergulhar em um rio seco. Com essas ações, ela não obterá benefício algum. Tudo o que ela consegue é quebrar seus ossos. Às vezes, sofrendo com a escassez de alimentos, uma pessoa se dirige a outrem que não é capaz de lhe fazer caridade, tampouco está interessado nisso. Algumas vezes, a pessoa se cerca da vida familiar, que é comparada a um incêndio florestal (saṁsāra-dāvānala-līḍha-loka). O homem sobre quem recaem pesados impostos governamentais fica muito triste. Os impostos excessivos obrigam a pessoa a esconder sua renda, mas, apesar desse esforço, os agentes do governo frequentemente são tão vigilantes e fortes que, de qualquer forma, levam todo o dinheiro, e a alma condicionada se sente muito desestimulada.

Assim, as pessoas tentam ser felizes dentro do mundo material, mas isso é como tentar ser feliz em um incêndio de floresta. Ninguém precisa ir à floresta para fazê-la pegar fogo; o fogo ocorre espontaneamente. Do mesmo modo, ninguém quer ser infeliz na vida familiar ou na vida mundana, apesar do que, conforme as leis da natureza, a infelicidade e a aflição são impostas a todos. Alguém deixar que outrem seja a fonte de seu sustento é algo muito degradante. Portanto, de acordo com o sistema védico, todos devem viver de maneira independente. Apenas os śūdras são incapazes de viver com independência. Para se manterem, eles são obrigados a servir a alguém. Os śāstras declaram: kalau śūdra-sambhavāḥ. Nesta era de Kali, todos dependem da misericórdia alheia para a manutenção do corpo; portanto, todos são classificados como śūdras. No décimo segundo canto do Śrīmad-Bhāgavatam, afirma-se que, em Kali-yuga, o governo cobrará impostos sem beneficiar os cidadãos em troca. Anāvṛṣṭyā vinaṅkṣyanti durbhikṣa-kara-pīḍitāḥ. Nesta era, também haverá escassez de chuva; por conseguinte, haverá escassez de alimentos, e os cidadãos serão muito molestados por impostos governamentais. Dessa maneira, inteiramente desapontados, os cidadãos abandonarão suas tentativas de ter uma vida pacífica e deixarão seus lares para se refugiarem nas florestas.

« Previous Next »