VERSO 13
ekadāsat-prasaṅgān nikṛta-matir vyudaka-srotaḥ-skhalanavad ubhayato ’pi duḥkhadaṁ pākhaṇḍam abhiyāti.
ekadā — às vezes; asat-prasaṅgāt — pela associação com não-devotos que se opõem aos princípios védicos e que inventam diferentes caminhos de religião; nikṛta-matiḥ — cuja inteligência atingiu o estado abominável de desafiar a autoridade da Suprema Personalidade de Deus; vyudaka-srotaḥ — em rios sem água suficiente; skhalana-vat — como mergulhar; ubhayataḥ — de ambos os lados; api — embora; duḥkha-dam — afligindo; pākhaṇḍam — do caminho ateísta; abhiyāti — ela se aproxima.
Às vezes, para mitigar a aflição na floresta do mundo material, a alma condicionada recebe favores baratos dos ateus. Então, ela perde toda a sua inteligência na companhia deles. Isso é exatamente como mergulhar em um rio raso. Como resultado, a pessoa simplesmente quebra a sua cabeça. Ela não é capaz de aliviar seus sofrimentos oriundos do calor e, de ambas as maneiras, ela sofre. A alma condicionada e desencaminhada aproxima-se também de pretensos sādhus e svāmīs que pregam contra os princípios dos Vedas. Ela não recebe benefício algum deles, seja no presente, seja no futuro.
SIGNIFICADO—Os enganadores estão sempre à solta para inventar seu próprio caminho de compreensão espiritual. Para obter algum benefício espiritual, a alma condicionada aproxima-se desses falsos sannyāsīs e pretensos yogīs em quem procura algumas bênçãos baratas, mas não recebe nenhum benefício deles, seja espiritual, seja material. Nesta era, existem muitos enganadores que exibem atos de ilusionismo e mágica. Para deslumbrar seus seguidores, chegam inclusive a criar ouro e, para estes, eles são Deus. Esse tipo de trapaça é muito comum em Kali-yuga. Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura descreve o verdadeiro guru da seguinte maneira.
saṁsāra-dāvānala-līḍha-loka-
trāṇāya kāruṇya-ghanāghanatvam
prāptasya kalyāṇa-guṇārṇavasya
vande guroḥ śrī-caraṇāravindam
Devemos aproximar-nos do guru que possa extinguir o fogo ardente deste mundo material, ou seja, a luta pela existência. As pessoas querem ser enganadas e, portanto, elas se dirigem aos yogīs e svāmīs que fazem truques, mas os truques não mitigarão os sofrimentos da vida material. Se ser capaz de fabricar ouro é um critério para se tornar Deus, então por que não aceitar Kṛṣṇa, o proprietário de todo o universo, onde há incontáveis toneladas de ouro? Como se mencionou antes, a cor do ouro é comparada ao fogo-fátuo ou ao excremento amarelo; portanto, ninguém deve se deixar fascinar pelos gurus fabricantes de ouro, senão que todos devem ser sinceros em buscar um devoto como Jaḍa Bharata. Jaḍa Bharata instruiu Rahūgaṇa Mahārāja tão bem que o rei se livrou da concepção corpórea. Ninguém pode tornar-se feliz aceitando um guru falso. O guru deve ser aceito da maneira como aconselha o Śrīmad-Bhāgavatam (11.3.21). Tasmād guruṁ prapadyeta jijñāsuḥ śreya uttamam: devemos aproximar-nos de um guru fidedigno para indagar sobre o benefício máximo da vida. Semelhante guru é descrito da seguinte maneira: śābde pare ca niṣṇātam. Ele não fabrica ouro nem faz jogos de palavras. Ele é bem versado nas conclusões do conhecimento védico (vedaiś ca sarvair aham eva vedyaḥ). Ele está livre de toda a contaminação material e se ocupa plenamente a serviço de Kṛṣṇa. Quem é capaz de obter a poeira dos pés de lótus desse guru tem a vida muito exitosa. Caso contrário, frustra-se tanto nesta vida quanto na próxima.