VERSO 18
kvacid gṛhāśrama-karma-codanāti-bhara-girim ārurukṣamāṇo loka-vyasana-karṣita-manāḥ kaṇṭaka-śarkarā-kṣetraṁ praviśann iva sīdati.
kvacit — às vezes; gṛha-āśrama — na vida familiar; karma-codana — das regras das atividades fruitivas; ati-bhara-girim — a grande colina; ārurukṣamāṇaḥ — desejando subir; loka — materiais; vyasana — a objetivos; karṣita-manāḥ — cuja mente se sente atraída; kaṇṭaka-śarkarā-kṣetram — um campo coberto com espinhos e seixos pontiagudos; praviśan — entrando em; iva — como; sīdati — ela se lamenta.
Na vida familiar, ordena-se que se executem muitos yajñas e atividades fruitivas, em especial o vivāha-yajña [a cerimônia em que os filhos e filhas entram para a vida de casado] e a cerimônia do cordão sagrado. Todos esses deveres do gṛhastha são de execução muito complexa e problemática. São comparados a uma grande colina que deve transposta por quem está apegado a atividades materiais. A pessoa que deseja caminhar por essas cerimônias ritualísticas decerto sentirá dores parecidas com aquelas decorrentes de espinhos e seixos quando se tenta escalar uma colina. Assim, a alma condicionada sofre ilimitadamente.
SIGNIFICADO—Existem muitas exigências sociais para alguém manter uma posição prestigiosa na sociedade. Em diferentes países e sociedades, há vários festivais e rituais. Na Índia, o pai tem o dever de casar seus filhos. Ao fazer isso, sua responsabilidade para com a família está completa. Providenciar casamentos é algo muito difícil, especialmente nos dias de hoje. No momento atual, ninguém consegue executar o adequado ritual de sacrifício, tampouco consegue custear a cerimônia nupcial, seja dos filhos, seja das filhas. Portanto, os chefes de família ficam muito aflitos ao terem de enfrentar esses deveres sociais. É como se fossem furados por espinhos e feridos por seixos. O apego material é tão forte que, apesar do sofrimento, ninguém o abandona. Portanto, Prahlāda Mahārāja recomenda:
hitvātma-pātaṁ gṛham andha-kūpaṁ
vanaṁ gato yad dharim āśrayeta
A posição familiar aparentemente confortável é comparada a um poço escuro em um campo. Se alguém cai em um poço escuro e coberto de grama, sua vida está perdida, e de nada adiantará gritar por socorro. Por conseguinte, os espiritualistas altamente avançados recomendam que a pessoa não entre no gṛhastha-āśrama. É melhor que se treine no brahmacarya-āśrama, onde deve preparar-se para enfrentar austeridades, e permaneça a vida toda um brahmacārī puro, de modo a não precisar sentir os espinhos lancinantes da vida material no gṛhastha-āśrama. No gṛhastha-āśrama, a pessoa tem que aceitar convites de amigos e parentes e executar cerimônias ritualísticas, e, ao fazê-lo, é cativada por essas coisas, embora ela possa não ter recursos suficientes para dar prosseguimento com tudo isso. Para manter o estilo de vida de um gṛhastha, ela tem que trabalhar muito arduamente para conseguir dinheiro. Assim, ela se emaranha na vida material e sofre com as dores causadas pelos espinhos.