VERSO 22
karhi sma cit kāma-madhu-lavān vicinvan yadā para-dāra-para-drav-yāṇy avarundhāno rājñā svāmibhir vā nihataḥ pataty apāre niraye.
karhi sma cit — às vezes; kāma-madhu-lavān — gotículas de gozo sensorial parecido com mel; vicinvan — buscando; yadā — quando; para-dāra — a esposa de outrem, ou uma mulher que não seja sua própria esposa; para-dravyāṇi — o dinheiro e as posses alheias; avarundhānaḥ — tomando como propriedade sua; rājñā — pelo governo; svāmibhiḥ vā — ou pelo esposo ou parentes da mulher; nihataḥ — severamente espancada; patati — ela cai; apāre — ilimitadamente; niraye — em condições de vida infernal (a prisão governamental por prática de atividades criminosas, tais como estupro, sequestro ou roubo de propriedade alheia).
A alma condicionada às vezes se deixa atrair pela felicidade irrisória advinda do gozo dos sentidos. Assim, ela faz sexo ilícito ou rouba a propriedade alheia. Em tais circunstâncias, sujeita-se a ser presa pelo governo ou castigada pelo esposo protetor da mulher. Assim, simplesmente por um pouco de satisfação material, ela cai em uma condição infernal e é posta na cadeia por prática de estupro, sequestro, roubo e assim por diante.
SIGNIFICADO—A vida material tem como característica o fato de que, ao se entregar ao sexo ilícito, jogos de azar, intoxicação e consumo de carne, a alma condicionada sempre está em uma situação perigosa. O consumo de carne e a intoxicação excitam os sentidos cada vez mais, e a alma condicionada cai vítima de mulheres. Para manter mulheres, precisa-se de dinheiro, e, para adquirir dinheiro, a pessoa pede, faz empréstimos ou rouba. De fato, ela comete atos abomináveis que a fazem sofrer tanto nesta vida quanto na próxima. Em consequência disso, aqueles que têm propensões espirituais ou que estão no caminho da percepção espiritual devem encerrar seu envolvimento com o sexo ilícito. Muitos devotos caem devido ao sexo ilícito. Eles podem roubar dinheiro ou chegar inclusive a cair da prestigiosíssima ordem renunciada. Então, para a sua subsistência, aceitam serviços subalternos e se tornam mendigos. Portanto, os śāstras dizem que yan maithunādi-gṛhamedhi-sukhaṁ hi tuccham: o materialismo se baseia no sexo, quer lícito, quer ilícito. O sexo é cheio de perigos, mesmo para aqueles que se dedicam à vida familiar. Quer a pessoa tenha ou não licença para o sexo, sempre haverá um grande problema. Bahu-duḥkha-bhāk: depois que a pessoa faz sexo, surge uma grande quantidade de sofrimentos. Ela não para de sofrer na vida material. Um avaro não pode utilizar convenientemente a riqueza que possui e, do mesmo modo, um materialista desperdiça sua forma de vida humana. Em vez de usá-lo para obter a emancipação espiritual, ele usa seu corpo em atividades de gozo dos sentidos. Portanto, ele merece ser chamado de avaro.