VERSO 30
yadā pākhaṇḍibhir ātma-vañcitais tair uru vañcito brahma-kulaṁ samāvasaṁs teṣāṁ śīlam upanayanādi-śrauta-smārta-karmānuṣṭhā-nena bhagavato yajña-puruṣasyārādhanam eva tad arocayan śūdra-kulaṁ bhajate nigamācāre ’śuddhito yasya mithunī-bhāvaḥ kuṭumba-bharaṇaṁ yathā vānara-jāteḥ.
yadā — quando; pākhaṇḍibhiḥ — pelos pāṣaṇḍīs (ateístas ímpios); ātma-vañcitaiḥ — os quais eles mesmos são enganados; taiḥ — por eles; uru — cada vez mais; vañcitaḥ — sendo enganados; brahma-kulam — os brāhmaṇas fidedignos, que seguem estritamente a cultura védica; samāvasan — pondo-se entre eles para avançar espiritualmente; teṣām — deles (os brāhmaṇas que seguem à risca os princípios védicos); śīlam — o bom caráter; upanayana-ādi — começando com o oferecimento do cordão sagrado ou o treinamento da alma condicionada para que esta se qualifique como um brāhmaṇa autêntico; śrauta — de acordo com os princípios védicos; smārta — de acordo com as escrituras autorizadas, derivadas dos Vedas; karma-anuṣṭhānena — a realização de atividades; bhagavataḥ — da Suprema Personalidade de Deus; yajña-puruṣasya — que é adorado mediante cerimônias ritualísticas védicas; ārādhanam — o processo de adorá-lO; eva — decerto; tat arocayan — não encontrando prazer nisso por ser difícil de ser executado por pessoas inescrupulosas; śūdra-kulam — sociedade dos śūdras; bhajate — ele recorre à; nigama-ācāre — quanto a se comportar de acordo com os princípios védicos; aśuddhitaḥ — não purificado; yasya — de quem; mithunī-bhāvaḥ — o gozo sexual ou o modo de vida materialista; kuṭumba-bharaṇam — a manutenção da família; yathā — como é; vānara-jāteḥ — da sociedade de macacos, ou os descendentes de macacos.
Os assim chamados svāmīs, os yogīs farsantes e as pseudoencarnações, que não acreditam na Suprema Personalidade de Deus, são conhecidos como pāṣaṇḍīs. Eles próprios são caídos e deixam-se enganar, pois não conhecem o verdadeiro caminho do avanço espiritual, e, por sua vez, todo aquele que se dirige a eles com certeza é enganado. Quando alguém é assim enganado, às vezes se refugia nos verdadeiros seguidores dos princípios védicos [os brāhmaṇas, ou aqueles que estão em consciência de Kṛṣṇa], que, tomando como base os rituais védicos, ensinam a todos como adorar a Suprema Personalidade de Deus. Contudo, sendo incapazes de se aterem a esses princípios, semelhantes patifes voltam a cair e refugiam-se nos śūdras que são muito hábeis em fazer arranjos para a atividade sexual. O sexo é muito proeminente entre animais tais como os macacos, e, semelhantes pessoas, que se sentem revigoradas com o sexo, podem ser chamadas de descendentes de macacos.
SIGNIFICADO—Completando o processo de evolução desde os seres aquáticos até a plataforma animal, a entidade viva finalmente alcança a forma humana. Os três modos da natureza material sempre funcionam conforme o processo evolutivo. Aqueles que chegam à forma humana através da qualidade de sattva-guṇa eram vacas em sua última encarnação animal. Aqueles que chegam à forma humana através da qualidade de rajo-guṇa eram leões em sua última encarnação animal. E aqueles que chegam à forma humana através da qualidade de tamo-guṇa eram macacos em sua última encarnação animal. Nesta era, aqueles que vêm das espécies simiescas são considerados pelos antropólogos modernos, tais como Darwin, como sendo descendentes de macacos. Nesta passagem, tomamos conhecimento de que aqueles que estão interessados apenas em sexo não passam de macacos, na verdade. Os macacos são muito hábeis no gozo sexual e, às vezes, as glândulas sexuais dos macacos são implantadas no corpo humano, de modo que o ser humano possa desfrutar de sexo na velhice. Nesse aspecto, a civilização moderna avançou. Muitos macacos foram capturados na Índia e enviados à Europa para que suas glândulas sexuais pudessem substituir aquelas de pessoas idosas. Aqueles que realmente descendem de macacos estão interessados em expandir suas famílias aristocráticas através do sexo. Nos Vedas, há também certas cerimônias especialmente destinadas à melhoria da atividade sexual e promoção aos sistemas planetários superiores, onde os semideuses gozam de vida sexual. Os semideuses também são muito propensos ao sexo, pois esse é o princípio básico do gozo material.
Em primeiro lugar, a alma condicionada é enganada pelos pretensos svāmīs, yogīs farsantes e pseudoencarnações quando se aproxima deles para aliviar-se dos sofrimentos materiais. Quando não está satisfeita com eles, a alma condicionada se dirige aos devotos e brāhmaṇas puros, que tentam elevá-la para que consiga libertar-se definitivamente do cativeiro material. Contudo, a alma condicionada e inescrupulosa não pode seguir rigidamente os princípios que proíbem o sexo ilícito, a intoxicação, os jogos de azar e o consumo de carne. Assim, ela cai e se refugia em pessoas parecidas com macacos. No movimento para a consciência de Kṛṣṇa, esses discípulos macacos, incapazes de seguir os estritos princípios reguladores, às vezes caem e tentam formar sociedades baseadas no sexo. Isso confirma que semelhantes pessoas são descendentes de macacos, como defende Darwin. Neste verso, afirma-se com muita clareza que yathā vānara jāteḥ.