VERSO 45
yajñāya dharma-pataye vidhi-naipuṇāya
yogāya sāṅkhya-śirase prakṛtīśvarāya
nārāyaṇāya haraye nama ity udāraṁ
hāsyan mṛgatvam api yaḥ samudājahāra
yajñāya — à Suprema Personalidade de Deus, que desfruta dos resultados de todos os grandes sacrifícios; dharma-pataye — ao mestre e expositor dos princípios religiosos; vidhi-naipuṇāya — que concede ao devoto inteligência para seguir habilmente os princípios normativos; yogāya — a personificação do yoga místico; sāṅkhya-śirase — que ensinou a filosofia sāṅkhya ou que realmente confere à população do mundo o conhecimento sāṅkhya; prakṛti-īśvarāya — o controlador supremo desta manifestação cósmica; nārāyaṇāya — o repouso de inúmeras entidades vivas (nara significa entidades vivas, e ayana, o refúgio); haraye — à Suprema Personalidade de Deus, conhecido como Hari; namaḥ — respeitosas reverências; iti — assim; udāram — bem alto; hāsyan — sorrindo; mṛgatvam api — embora estivesse em um corpo de veado; yaḥ — que; samudājāhāra — cantou.
Mesmo quando estava em um corpo de veado, Mahārāja Bharata não se esqueceu da Suprema Personalidade de Deus; portanto, quando estava abandonando o corpo de veado, ele proferiu alto a seguinte oração: “A Suprema Personalidade de Deus é o sacrifício personificado; Ele proporciona os resultados das atividades ritualísticas. Ele é o protetor dos sistemas religiosos, a personificação do yoga místico, a fonte de todo o conhecimento, o controlador de toda a criação e a Superalma de toda entidade viva. Ele é belo e atrativo. Estou deixando este corpo enquanto Lhe ofereço reverências, na esperança de que eu possa me ocupar eternamente em Seu transcendental serviço amoroso.” Tendo pronunciado isso, Mahārāja Bharata deixou seu corpo.
SIGNIFICADO—Em sua totalidade, os Vedas se destinam a nos fazer compreender o que é karma, jñāna e yoga – atividades fruitivas, conhecimento especulativo e yoga místico. Qualquer que seja o processo de compreensão espiritual que aceitemos, a meta última é Nārāyaṇa, a Suprema Personalidade de Deus. As entidades vivas estão eternamente vinculadas a Ele através do serviço devocional. O Śrīmad-Bhāgavatam afirma que ante nārāyaṇa-smṛtiḥ: a perfeição da vida é lembrar de Nārāyaṇa na hora da morte. Embora tivesse que aceitar um corpo de veado, Bharata Mahārāja pôde, à hora da morte, lembrar-se de Nārāyaṇa. Em consequência disso, nasceu como um devoto perfeito em uma família de brāhmaṇas. Isso corrobora a afirmação da Bhagavad-gītā (6.41) de que śucīnāṁ śrīmatāṁ gehe yoga-bhraṣṭo ’bhijāyate: “Alguém que cai do caminho da autorrealização nasce em família de brāhmaṇas ou aristocratas ricos.” Embora tivesse nascido na família real, Mahārāja Bharata foi negligente e nasceu como veado. Porque foi muito cuidadoso enquanto esteve no corpo de veado, ele nasceu em uma família de brāhmaṇas como Jaḍa Bharata. Durante essa sua vida, ele permaneceu em completa consciência de Kṛṣṇa e pregou diretamente a mensagem da consciência de Kṛṣṇa, começando com suas instruções a Mahārāja Rahūgaṇa. A esse respeito, a palavra yogāya é muito significativa. O propósito do aṣṭāṅga-yoga, como afirma Madhvācārya, é a ligação ou vínculo com a Suprema Personalidade de Deus. A meta não é exibir algumas perfeições materiais.