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VERSO 9

kvacic ca vātyaupamyayā pramadayāroham āropitas tat-kāla-rajasā rajanī-bhūta ivāsādhu-maryādo rajas-valākṣo ’pi dig-devatā atirajas-vala-matir na vijānāti.

kvacit — às vezes; ca — também; vātyā aupamyayā — comparada a um vendaval; pramadayā — por uma bela mulher; āroham āropitaḥ — erguida ao colo para gozo sexual; tat-kāla-rajasā — pela paixão de desejos luxuriosos naquele momento; rajanī-bhūtaḥ — a escuridão da noite; iva — como; asādhu-maryādaḥ — que não tem o devido respeito pelas testemunhas superiores; rajaḥ-vala-akṣaḥ — cega pelos fortes desejos luxuriosos; api — decerto; dik-devatāḥ — os semideuses encarregados de diferentes administrações, tais como o Sol e a Lua; atirajaḥ-vala-matiḥ — cuja mente é dominada pela luxúria; na vijānāti — ela não sabe (que testemunhas por todo o derredor tomam nota de seu ato sexual indecente).

Às vezes, parecendo estar com os olhos cegos após a poeira de um vendaval, a alma condicionada vê a beleza do sexo oposto, que se chama pramadā. Nessa inquietação, ela sobe ao colo de uma mulher, momento em que seu bom senso é dominado pela força da paixão. Então, o desejo luxurioso quase cega o indivíduo, fazendo-o desobedecer às normas e aos preceitos que governam a vida sexual. Desconhecendo o fato de que diferentes semideuses testemunham sua desobediência, ele desfruta de sexo ilícito na calada da noite, não vendo a punição futura que está a sua espera.

SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā (7.11), afirma-se que dharmāviruddho bhūteṣu kāmo ’smi bharatarṣabha. O sexo é permitido somente para se gerar filhos, e não para o desfrute. Pode-se fazer sexo para se gerar um bom filho em benefício da família, da sociedade e do mundo. Caso contrário, o sexo contradiz as normas e os preceitos da vida religiosa. O materialista não acredita que tudo esteja sendo controlado na natureza, e não sabe que, se alguém faz algo errado, diferentes semideuses testemunham seus atos. Há pessoas que gozam de sexo ilícito e, devido ao seu desejo luxurioso e cegante, pensam que não são observadas por ninguém, mas os agentes da Suprema Personalidade de Deus veem na íntegra esse sexo ilícito. Portanto, a pessoa é punida de muitas maneiras. Atualmente, em Kali-yuga, há muitos casos de gravidez decorrentes de sexo ilícito e, algumas vezes, ocorrem abortos. Os agentes da Suprema Personalidade de Deus testemunham essas atividades pecaminosas, e o homem e a mulher que criam semelhante situação serão punidos no futuro pelas estritas leis da natureza material. (daivī hy eṣā guṇa-mayī mama māyā duratyayā) O sexo ilícito jamais é perdoado, e aqueles que o praticam são punidos vida após vida. Como se confirma na Bhagavad-gītā (16.20):

āsurīṁ yonim āpannā
mūḍhā janmani janmani
mām aprāpyaiva kaunteya
tato yānty adhamāṁ gatim

“Submetendo-se a repetidos nascimentos entre as espécies de vida demoníaca, ó filho de Kuntī, tais pessoas jamais conseguem aproximar-se de Mim. Aos poucos, elas afundam-se na mais abominável condição de existência.”

A Suprema Personalidade de Deus não permite que ninguém transgrida as estritas leis da natureza material; portanto, o sexo ilícito é punido vida após vida. Do sexo ilícito, vem a gravidez, e essa gravidez indesejada leva ao aborto. Aqueles que praticam esses pecados se envolvem em suas complicações e, na próxima vida, são punidos da mesma maneira. Assim, na vida seguinte, eles também entram no ventre de uma mãe e são mortos da mesma maneira. Pode evitar tudo isso quem permanece na plataforma transcendental da consciência de Kṛṣṇa. Dessa maneira, ele não comete atividades pecaminosas. Entre os pecados advindos do desejo luxurioso, o que mais se destaca é o sexo ilícito. Alguém que entra em contato com o modo da paixão se envolve em sofrimentos vida após vida.

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