VERSO 14
navasv api varṣeṣu bhagavān nārāyaṇo mahā-puruṣaḥ puruṣāṇāṁ tad-anugrahāyātma-tattva-vyūhenātmanādyāpi sannidhīyate.
navasu — nos nove; api — com certeza; varṣeṣu — trechos de terra conhecidos como varṣas; bhagavān — a Suprema Personalidade de Deus; nārāyaṇaḥ — Senhor Viṣṇu; mahā-puruṣaḥ — a Pessoa Suprema; puruṣāṇām — a Seus vários devotos; tat-anugrahāya — para mostrar Sua misericórdia; ātma-tattva-vyūhena — mediante Suas expansões sob as formas quádruplas de Vāsudeva, Saṅkarṣaṇa, Pradyumna e Aniruddha; ātmanā — pessoalmente; adya api — até agora; sannidhīyate — está perto dos devotos para aceitar-lhes o serviço.
Para mostrar misericórdia aos Seus devotos que residem em cada uma dessas nove extensões de terra, a Suprema Personalidade de Deus, conhecido como Nārāyaṇa, expande-Se nos princípios quádruplos de Vāsudeva, Saṅkarṣaṇa, Pradyumna e Aniruddha. Dessa maneira, Ele permanece perto de Seus devotos para aceitar-lhes o serviço.
SIGNIFICADO—Em relação a isso, Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura nos informa que os semideuses adoram o Senhor Supremo sob Suas várias formas de Deidades (arcā-vigraha) porque, exceto no mundo espiritual, a pessoa da Suprema Personalidade de Deus não pode ser adorada diretamente. No mundo material, o Senhor é sempre adorado como o arcā-vigraha, ou a Deidade no templo. Não há diferença entre o arcā-vigraha e a pessoa original, de modo que devemos considerar que aqueles que, mesmo neste planeta, ocupam-se em adorar a Deidade no templo com plena opulência, estão sem dúvida em contato direto com a Suprema Personalidade de Deus. Os śāstras prescrevem que arcye viṣṇau śilā-dhīr guruṣu nara-matiḥ: “Ninguém deve tratar a Deidade do templo como pedra ou metal, tampouco deve alguém pensar que o mestre espiritual é um ser humano comum.” Convém seguirmos estritamente este preceito do śāstra e, sem cometer ofensas, devemos adorar a Deidade, a Suprema Personalidade de Deus. O mestre espiritual é o representante direto do Senhor, e ninguém deve considerá-lo um ser humano comum. Quem evita cometer ofensas contra a Deidade e o mestre espiritual pode avançar na vida espiritual, ou em consciência de Kṛṣṇa.
A esse respeito, a seguinte citação aparece no Laghu-bhāgavatāmṛta:
pādme tu parama-vyomnaḥ
pūrvādye dik-catuṣṭaye
vāsudevādayo vyūhaś
catvāraḥ kathitāḥ kramāt
tathā pāda-vibhūtau ca
nivasanti kramādi me
jalāvṛti-stha-vaikuṇṭha-
sthita vedavatī-pure
satyordhve vaiṣṇave loke
nityākhye dvārakā-pure
śuddhodād uttare śveta-
dvīpe cairāvatī-pure
kṣīrāmbudhi-sthitānte
kroḍa-paryaṅka-dhāmani
sātvatīye kvacit tantre
nava vyūhāḥ prakīrtitāḥ
catvāro vāsudevādyā
nārāyaṇa-nṛsiṁhakau
hayagrīvo mahā-kroḍo
brahmā ceti navoditāḥ
tatra brahmā tu vijñeyaḥ
pūrvokta-vidhayā hariḥ
No Padma Purāṇa, afirma-se que, no mundo espiritual, o Senhor expande-Se pessoalmente em todas as direções e é adorado como Vāsudeva, Saṅkarṣaṇa, Pradyumna e Aniruddha. Neste mundo material, que é apenas um quarto de Sua criação, esse mesmo Deus é representado sob a forma da Deidade. Vāsudeva, Saṅkarṣaṇa, Pradyumna e Aniruddha também estão presentes nas quatro direções deste mundo material. Neste mundo material, existe um Vaikuṇṭhaloka coberto de água e, nesse planeta, há um lugar chamado Vedavatī, onde Se encontra Vāsudeva. Outro planeta, conhecido como Viṣṇuloka, localiza-se acima de Satyaloka, e ali Saṅkarṣaṇa está presente. Igualmente, em Dvārakā-purī, Pradyumna predomina. Na ilha conhecida como Śvetadvīpa, existe um oceano de leite e, em meio a esse oceano, há um lugar chamado Airāvatī-pura, onde Aniruddha repousa sobre Ananta. Em alguns dos sātvata-tantras, consta a descrição dos nove varṣas e da respectiva Deidade predominante: (1) Vāsudeva, (2) Saṅkarṣaṇa, (3) Pradyumna, (4) Aniruddha, (5) Nārāyaṇa, (6) Nṛsiṁha, (7) Hayagrīva, (8) Mahāvarāha e (9) Brahmā.” O senhor Brahmā mencionado neste contexto é a Suprema Personalidade de Deus. Quando faltam seres humanos que tenham se qualificado para agir como o senhor Brahmā, o próprio Senhor assume o posto de Brahmā. Tatra brahmā tu vijñeyaḥ pūrvokta-vidhayā hariḥ. Esse Brahmā aqui mencionado é Hari.