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VERSO 6

tām evāvidūre madhukarīm iva sumanasa upajighrantīṁ divija-manuja-mano-nayanāhlāda-dughair gati-vihāra-vrīḍā-vinayāvaloka-susvarākṣarāvayavair manasi nṛṇāṁ kusumāyudhasya vidadhatīṁ vivaraṁ nija-mukha-vigalitāmṛtāsava-sahāsa-bhāṣaṇāmoda-madāndha-madhukara-nikaroparodhena druta-pada-vinyāsena valgu-spandana-stana-kalaśa-kabara-bhāra-raśanāṁ devīṁ tad-avalokanena vivṛtāvasarasya bhagavato makara-dhvajasya vaśam upanīto jaḍavad iti hovāca.

tām — a ela; eva — na verdade; avidūre — perto; madhukarīm iva­ — como uma abelha; sumanasaḥ — belas flores; upajighrantīm — cheirando; divi-ja — dos nascidos nos planetas celestiais; manu-ja — dos nascidos na sociedade humana; manaḥ — mente; nayana — para os olhos; āhlāda — prazer; dughaiḥ — produzindo; gati — com seus movimentos; vihāra — com passatempos; vrīḍā — com o recato; vinaya — com a humildade; avaloka — com os olhares; su-svara-akṣara — com sua doce voz; avayavaiḥ — e com os membros do corpo; manasi — na mente; nṛṇām — dos homens; kusuma-āyudhasya — de Cupido, que traz uma flecha de flores na mão; vidadhatīm — fazendo; vivaram­ — recepção auditiva; nija-mukha — de sua própria boca; vigalita­ — emanando; amṛta-āsava — néctar como mel; sa-hāsa — em seu sorriso; bhāṣaṇa — e jeito de falar; āmoda — pelo prazer; mada-andha — cegas pela embriaguez; madhukara — de abelhas; nikara — por grupos; uparodhena — por estar cercada; druta — apressados; pada — de pés; vinyāsena — pelo caminhar jeitoso; valgu — um pouco; spandana — mexendo-se; stana — seios; kalaśa — como cântaros de água; kabara — de suas tranças; bhāra — peso; raśanām — o cinto em volta dos quadris; devīm — a deusa; tat-avalokanena — pelo simples fato de vê-la; vivṛta-avasarasya — aproveitando a oportunidade de; bhaga­vataḥ — do poderosíssimo; makara-dhvajasya — de Cupido; vaśam — sob o controle; upanītaḥ — sendo capturado; jaḍa-vat — como se aturdido; iti — assim; ha — decerto; uvāca — ele disse.

Tal qual uma abelha, a Apsarā cheirava o perfume das flores belas e atraentes. Ela era capaz de atrair a mente e a visão dos seres humanos e dos semi­deuses com seus movimentos graciosos, seu recato e humildade, seus olhares, os sons muito agradáveis que emanavam de sua boca quando ela falava e o movimento dos membros de seu corpo. Com todas essas qualidades, ela abria para Cupido, que traz uma flecha de flores, um caminho de recepção auditiva na mente masculina. Quando falava, parecia fluir néctar de sua boca. Conforme respirava, as abelhas, loucas pelo aroma de seu hálito, tentavam pairar em volta de seus belos olhos de lótus. Perturbada pelas abelhas, ela procurava andar mais rapidamente, mas, ao erguer os pés para caminhar com rapidez, seu cabelo, o cinto em volta de seus quadris e seus seios, que eram como cântaros de água, também se mexiam de tal maneira que ela ficava ainda mais linda e atraente. Na verdade, ela parecia estar abrindo alas para o poderosíssimo Cupido. Portanto, o príncipe, profundamente encantado ao vê-la, dirigiu-lhe a palavra como segue.

SIGNIFICADO—Descreve-se neste verso muito vividamente como os belos movimentos e gestos de uma mulher, seu cabelo e a estrutura de seus seios, quadris e outras feições corpóreas atraem a mente não apenas dos homens, mas até mesmo dos semideuses. As palavras divija e manuja enfa­tizam especificamente que a atração dos gestos femininos é poderosa em toda parte deste mundo material, tanto neste planeta quanto nos sistemas planetários superiores. Consta que o padrão de vida nos sistemas planetários superiores é milhares e milhares de vezes superior ao padrão de vida neste planeta. Portanto, as belas feições corpóreas das mulheres dali também são milhares e milhares de vezes mais atrativas do que as feições das mulheres da Terra. O criador fez a mulher de tal maneira que suas belas vozes e movimentos e as belas feições de seus quadris, seios e outras partes de seus corpos atraem os indi­víduos do sexo oposto, tanto na Terra quanto em outros planetas, e despertam os seus desejos luxuriosos. Quando um homem é controlado pelo Cupido, ou pela beleza feminina, ele perde seus sentidos, como uma pedra ou outro objeto inerte. Cativado pelos movimentos materiais das mulheres, ele deseja permanecer neste mundo material. Assim, sua promoção ao mundo espiritual é impedida pelo simples fato de ele ver a bela estrutura corpórea e os movimentos das mulheres. Śrī Caitanya Mahāprabhu, portanto, advertiu todos os devotos a tomarem cuidado cum a atração das belas mulheres e da civilização materialista. Śrī Caitanya Mahāprabhu até mesmo Se recusou a ver Pratāparudra Mahārāja porque ele era uma pessoa muito opulenta no mundo material. O Senhor Caitanya disse, a esse respeito, que niṣkiñcanasya bhagavad-bhajanonmukhasya: aqueles que estão ocupados no serviço devocional ao Senhor por serem muito sérios em querer voltar ao lar, voltar ao Supremo, devem ser muito cuidadosos em evitar ver os belos gestos das mulheres e também devem evitar ver pessoas que são muito ricas.

niṣkiñcanasya bhagavad-bhajanonmukhasya
pāraṁ paraṁ jigamiṣor bhava-sāgarasya
sandarśanaṁ viṣayiṇām atha yoṣitāṁ ca
hā hanta hanta viṣa-bhakṣaṇato ’py asādhu

“Ai de Mim! Para uma pessoa seriamente desejosa de cruzar o oceano material e ocupar-se no transcendental serviço amoroso ao Senhor sem motivações materiais, ver um materialista ocupado em gozo dos sentidos, ou ver uma mulher interessada nisso, é mais abominável do que beber veneno voluntariamente.” (Caitanya-caritāmṛta, Madhya 11.8) Alguém sério quanto a voltar ao lar, voltar ao Supremo, não deve contemplar as feições atraentes de mulheres nem a opulência de homens ricos. Essa contemplação impedirá seu avanço na vida espiritual. Contudo, uma vez que um devoto se fixe em consciência de Kṛṣṇa, essas atrações não agitarão mais a sua mente.

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