No edit permissions for Português

VERSO 3

yathā meḍhīstambha ākramaṇa-paśavaḥ saṁyojitās tribhis tribhiḥ savanair yathā-sthānaṁ maṇḍalāni caranty evaṁ bhagaṇā grahādaya etasminn antar-bahir-yogena kāla-cakra āyojitā dhruvam evāvalambya vāyunodīryamāṇā ākalpāntaṁ paricaṅ kramanti nabhasi yathā meghāḥ śyenādayo vāyu-vaśāḥ karma-sārathayaḥ parivartante evaṁ jyotirgaṇāḥ prakṛti-puruṣa-saṁyogānugṛhītāḥ karma-nirmita-gatayo bhuvi na patanti.

yathā — exatamente como; meḍhīstambhe — ao posto central; ākramaṇa-paśavaḥ — touros para debulhar arroz; saṁyojitāḥ — sendo atrelados; tribhiḥ tribhiḥ — com três; savanaiḥ — movimentos; yathā-sthānam — em suas devidas posições; maṇḍalāni — órbitas; caranti — percorrem; evam — da mesma maneira; bha-gaṇāḥ — os luzeiros, tais como o Sol, a Lua, Vênus, Mercúrio, Marte e Júpiter; graha-ādayaḥ — os diversos planetas; etasmin — nisto; antaḥ-bahiḥ-yogena — pela ligação com o círculo interior ou exterior; kāla-cakre — na roda do tempo eterno; āyojitāḥ — fixos; dhruvam — Dhruvaloka; eva — decerto; avalambya — apoiando-se em; vāyunā — pelo vento; udīryamāṇāḥ — sendo impelidos; ā-kalpa-antam — até o final da criação; paricaṅ kramanti — rotam; nabhasi — no céu; yathā — exatamente como; meghāḥ — nuvens pesadas; śyena-ādayaḥ — pássaros, tais como a águia grande; vāyu-vaśāḥ — controlados pelo ar; karma-sārathayaḥ — cujos quadrigários são os resultados de suas próprias atividades passadas; parivartante — giram; evam — dessa maneira; jyotiḥ-gaṇāḥ — os luzeiros, os planetas e estrelas no firmamento; prakṛti — da natureza material; puruṣa — e de Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade; saṁyoga-anugṛhītāḥ — suportados pelo esforço conjunto; karma-nirmita — causados por suas próprias atividades fruitivas; gatayaḥ — cujos movimentos; bhuvi — do solo; na — não; patanti — caem.

Ao serem unidos pela cangalha e amarrados a um poste central para debulharem arroz, os touros se movimentam em torno desse pivô sem se desviarem de suas devidas posições – o primeiro touro, mais perto do poste, o segundo, entre os outros dois, e o terceiro, mais externamente. Do mesmo modo, todos os planetas e todas as centenas e milhares de estrelas giram em torno da estrela polar, o planeta de Mahārāja Dhruva, em suas respectivas órbitas, algumas superiores e outras inferiores. Sendo, de acordo com os resultados de suas atividades fruitivas, atados pela Suprema Personalidade de Deus à máquina da natureza material, eles, os quais o vento impele a orbitar em volta da estrela polar, continuarão nesse estado até o final da criação. Esses planetas flutuam no ar dentro da vastidão do firmamento, assim como nuvens com centenas de toneladas de água flutuam no ar, ou assim como as grandes águias śyenas, devido aos resultados de atividades passadas, voam alto no céu, sem o perigo de cair ao chão.

SIGNIFICADO—De acordo com a descrição deste verso, é devido à lei da gravidade, ou qualquer ideia semelhante defendida pelos cientistas modernos, que as centenas e milhares de estrelas e os grandes planetas, tais como o Sol, a Lua, Vênus, Mercúrio, Marte e Júpiter, não estão amontoados. Todos esses planetas e estrelas são servos da Suprema Personalidade de Deus, Govinda ou Kṛṣṇa, e, em obediência à ordem por Ele expressa, eles se sentam em suas quadrigas e viajam em suas respectivas órbitas. As órbitas nas quais eles se movem são comparadas a máquinas dadas pela natureza material às deidades que manobram as estrelas e os planetas e, cumprindo as ordens da Suprema Personalidade de Deus, orbitam Dhruvaloka, onde reside o grande devoto Mahārāja Dhruva. A Brahma-saṁhitā (5.52) confirma isso da seguinte maneira:

yac-cakṣur eṣa savitā sakala-grahāṇāṁ
rājā samasta-sura-mūrtir aśeṣa-tejāḥ
yasyājñayā bhramati sambhṛta-kāla-cakro
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi

“Adoro Govinda, o Senhor primordial, a Suprema Personalidade de Deus, sob cujo controle até mesmo o Sol, que é considerado o olho do Senhor, gira dentro da órbita fixada no tempo eterno. O Sol é o rei de todos os sistemas planetários e tem potência ilimitada de calor e luz.” Esse verso da Brahma-saṁhitā confirma que, em obediência à ordem da Suprema Personalidade de Deus, mesmo o maior e mais poderoso planeta, o Sol, gira dentro de uma órbita fixa, ou kāla-cakra. Isso nada tem a ver com a lei da gravidade ou quaisquer outras leis imaginárias criadas pelos cientistas materiais.

Os cientistas materialistas querem evitar o controle exercido pela Suprema Personalidade de Deus e, portanto, imaginam diferentes condições sob as quais se possa supor que os planetas se movem. A única condição, entretanto, é a ordem da Suprema Personalidade de Deus. Todas as várias deidades que predominam os planetas são pessoas, e a Suprema Personalidade de Deus também é uma pessoa. A Personalidade Suprema determina que as pessoas subordinadas, as várias estirpes de semideuses, executem Sua vontade suprema. Esse fato também está corroborado na Bhagavad-gītā (9.10), onde Kṛṣṇa diz:

mayādhyakṣeṇa prakṛtiḥ
sūyate sa-carācaram
hetunānena kaunteya
jagad viparivartate

“Esta natureza material, que é uma das Minhas energias, funciona sob Minha direção, ó filho de Kuntī, produzindo todos os seres móveis e imóveis. Obedecendo-lhe ao comando, esta manifestação é criada e aniquilada repetidas vezes.”

As órbitas dos planetas assemelham-se aos corpos nos quais todas as entidades vivas residem, pois ambos são máquinas controladas pela Suprema Personalidade de Deus. Como Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (18.61):

īśvaraḥ sarva-bhūtānāṁ
hṛd-deśe ’rjuna tiṣṭhati
bhrāmayan sarva-bhūtāni
yantrārūḍhāni māyayā

“O Senhor Supremo está situado no coração de todos, ó Arjuna, e está dirigindo as andanças de todas as entidades vivas, que estão sentadas num tipo de máquina feita de energia material.” A máquina dada pela natureza material – seja a máquina do corpo, seja a máquina da órbita, ou kāla-cakra – funciona de acordo com as ordens determinadas pela Suprema Personalidade de Deus. A Suprema Personalidade de Deus e a natureza material trabalham em harmonia para manter este grande universo, e não apenas este universo, mas também milhões de outros universos além deste.

A questão de como os planetas e as estrelas flutuam também está respondida neste verso. Não é por causa das leis da gravidade. Ao contrário, os planetas e estrelas se tornam capazes de flutuar devido às manipulações do ar. É devido a essas manipulações que nuvens grandes e pesadas flutuam e grandes águias voam no céu. Os aeroplanos modernos, tais como os jatos 747, trabalham de modo semelhante: controlando o ar, eles flutuam bem alto no céu, resistindo à tendência de cair. Tais ajustes do ar são todos possíveis graças à cooperação dos princípios de puruṣa (masculino) e prakṛti (feminino). Devido à cooperação da natureza material, que é considerada prakṛti, e da Suprema Personalidade de Deus, que é considerado puruṣa, todos os assuntos do universo caminham muito bem, em sua devida ordem. Prakṛti, a natureza material, também é descrita na Brahma-saṁhitā (5.44) da seguinte maneira:

sṛṣṭi-sthiti-pralaya-sādhana-śaktir ekā
chāyeva yasya bhuvanāni bibharti durgā
icchānurūpam api yasya ca ceṣṭate sā
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi

“A potência externa, māyā, que tem a natureza da sombra da potência cit [espiritual], é adorada por todas as pessoas como Durgā, o instrumento criador, preservador e destruidor deste mundo secular. Adoro Govinda, o Senhor primordial, pois Durgā age de acordo com o desejo dEle.” A natureza material, a energia externa do Senhor Supremo, também é conhecida como Durgā, ou a energia feminina que protege o grande forte que é este universo. A palavra Durgā também significa forte. Este universo é exatamente como um grande forte no qual todas as almas condicionadas são mantidas e só podem deixá-lo se forem libertas pela misericórdia da Suprema Personalidade de Deus. O próprio Senhor declara na Bhagavad-gītā (4.9):

janma karma ca me divyam
evaṁ yo vetti tattvataḥ
tyaktvā dehaṁ punar janma
naiti mām eti so ’rjuna

“Aquele que conhece a natureza transcendental do Meu aparecimento e atividades, ao deixar o corpo não volta a nascer neste mundo material, senão que alcança Minha morada eterna, ó Arjuna.” Assim, simplesmente graças à consciência de Kṛṣṇa, em virtude da misericórdia da Suprema Personalidade de Deus, todos podem libertar-se, ou, em outras palavras, podem sair da grande fortaleza deste universo e partir para o mundo espiritual.

Também é significativo que as deidades que predominam inclusive os maiores planetas tenham recebido seus postos elevados devido às valiosíssimas atividades piedosas executadas em nascimentos anteriores. Nesta passagem, indica-se isso com as palavras karma-nirmita-gatayaḥ. Por exemplo, como já comentamos, a Lua se chama Jīva, o que significa que ela é uma entidade viva como nós, mas, devido às suas atividades piedosas, foi-lhe designado o posto de deus da Lua. Do mesmo modo, todos os semideuses são entidades vivas que, devido a seus grandes serviços e atos piedosos, foram designadas para seus vários postos como senhores da Lua, da Terra, de Vênus e assim por diante. Apenas a deidade que predomina o Sol, Sūrya Nārāyaṇa, é uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus. Mahārāja Dhruva, a deidade que predomina Dhruvaloka, também é uma entidade viva. Assim, existem duas classes de entidades – a entidade suprema, a Suprema Personalidade de Deus, e a entidade viva comum, a jīva – nityo nityānāṁ cetanaś cetanānām (Kaṭha Upaniṣad 2.2.13). Todos os semideuses estão ocupados a serviço do Senhor, e é somente por causa desse arranjo que os afazeres do universo prosseguem.

Com respeito às grandes águias mencionadas neste verso, sabe-se que existem águias tão grandes que podem atacar elefantes enormes. Elas voam tão alto que podem viajar de um planeta a outro. Começam a voar em um planeta e aterrissam em outro e, durante o voo, põem ovos que, chocados, produzem outros pássaros ao caírem pelo ar. Em sânscrito, tais águias são chamadas śyenas. Nas circunstâncias atuais, obviamente não podemos ver esses pássaros enormes, mas pelo menos ficamos sabendo da existência de águias que capturam macacos, derrubam esses animais e, uma vez que estão mortos, comem sua carne. Do mesmo modo, compreende-se que existem pássaros gigantescos que podem atacar elefantes, matá-los e comê-los.

Os exemplos da águia e da nuvem são suficientes para provar que voar e flutuar podem tornar-se factíveis através de ajustes do ar. Os planetas, de maneira semelhante, flutuam porque a natureza material ajusta o ar de acordo com as ordens do Senhor Supremo. Seria possível argumentar que esses ajustes constituem a lei da gravidade, mas, em todo caso, deve-se aceitar que essas leis são feitas pela Suprema Personalidade de Deus. Os assim chamados cientistas não exercem controle sobre elas. Embora os cientistas ousem declarar que não existe Deus, omitem a realidade dos fatos ao procederem assim.

« Previous Next »