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VERSO 9

aho batāyaṁ hariṇa-kuṇakaḥ kṛpaṇa īśvara-ratha-caraṇa-paribhramaṇa-rayeṇa sva-gaṇa-suhṛd-bandhubhyaḥ parivarjitaḥ śaraṇaṁ ca mopasādito mām eva mātā-pitarau bhrātṛ-jñātīn yauthikāṁś caivopeyāya nānyaṁ kañcana veda mayy ati-visrabdhaś cāta eva mayā mat-parāyaṇasya poṣaṇa-pālana-prīṇana-lālanam anasūyunānuṣṭheyaṁ śaraṇyopekṣā-doṣa-viduṣā.

aho bata — ai de mim; ayam — este; hariṇa-kuṇakaḥ — o veadinho; kṛpaṇaḥ — desamparado; īśvara-ratha-caraṇa-paribhramaṇa-rayeṇa — pela força da rotação do tempo, que é agente da Suprema Personalidade de Deus e é comparado à roda de Sua quadriga; sva-gaṇa — próprios parentes; suhṛt — e amigos; bandhubhyaḥ — parentes; parivarjitaḥ — privado de; śaraṇam — como refúgio; ca — e;  — a mim; upasāditaḥ — tendo obtido; mām — a mim; eva — somente; mātā-pitarau — pai e mãe; bhrātṛ-jñātīn — irmãos e parentes; yauthikān — pertencendo ao grupo; ca — também; eva — decerto; upeyāya — tendo obtido; na — não; anyam — ninguém mais; kañcana — alguma pessoa; veda — ele conhece; mayi — em mim; ati — muito grande; visrabdhaḥ — tendo fé; ca — e; ataḥ eva — portanto; mayā — por mim; mat-parāyaṇasya — daquele que é tão dependente de mim; poṣaṇa-pālana-prīṇana-lālanam — criando, mantendo, acariciando e protegendo; anasūyunā — que não guardo rancor algum; anuṣṭheyam — para se executar; śaraṇya — aquele que se refugiou; upekṣā — de negligenciar; doṣa-viduṣā — que conhece o erro.

O grande rei Mahārāja Bharata começou a pensar: Ai de mim! Devido à força do tempo, que é um agente da Suprema Personalidade de Deus, esse veadinho desprotegido está agora sem parentes e amigos e refugiou-se em mim. Ele não conhece ninguém além de mim, e eu me tornei seu pai, mãe, irmão e parentes. Esse veadinho está pensando dessa maneira e tem fé plena em mim. Ele não conhece ninguém além de mim; portanto, não devo ser invejoso e pensar que, por causa desse veadinho, meu próprio bem-estar perecerá. É óbvio que devo criá-lo, protegê-lo, satisfazê-lo e acariciá-lo. Uma vez que ele se refugiou em mim, como posso me descuidar dele? Embora o veado esteja perturbando minha vida espiritual, compreendo que uma pessoa desamparada que aceitou refúgio não pode ser desprezada. Essa negligência seria um grande erro.

SIGNIFICADO—Quem é avançado em consciência espiritual, ou consciência de Kṛṣṇa, por natureza se torna muito compassivo para com todas as entidades vivas que sofrem no mundo material. Naturalmente, semelhante pessoa avançada pensa no sofrimento das pessoas em geral. Contudo, se ela desconhece os sofrimentos materiais das almas caídas e, tal qual Bharata Mahārāja, sente compaixão inspirando-se nos confortos físicos, essa empatia ou compaixão é a causa de sua queda. Quem sente verdadeira compaixão pela humanidade sofredora e caída deve tentar tirá-la da consciência material e elevá-la para a consciência espiritual. Quanto ao veadinho, Bharata Mahārāja sentia muita compaixão, mas esqueceu-se de que lhe seria impossível elevar um veado à consciência espiritual, pois, afinal, um veado é apenas um animal. Era muito perigoso que, com o simples propósito de cuidar do animal, Bharata Mahārāja sacrificasse todos os seus princípios reguladores. Os princípios enunciados na Bhagavad-gītā devem ser obedecidos. Yaṁ hi na vyathayanty ete puruṣaṁ puruṣarṣabha. No que diz respeito ao corpo material, não podemos fazer nada por ninguém. Contudo, pela graça de Kṛṣṇa, podemos elevar as pessoas à consciência espiritual se nós mesmos seguirmos as regras e regulações. Se abandonarmos nossas próprias atividades espirituais e simplesmente nos interessarmos no conforto físico dos demais, cairemos em uma posição perigosa.

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