VERSO 15
atha paṇayas taṁ sva-vidhinābhiṣicyāhatena vāsasācchādya bhūṣaṇālepa-srak-tilakādibhir upaskṛtaṁ bhuktavantaṁ dhūpa-dīpa-mālya-lāja-kisalayāṅkura-phalopahāropetayā vaiśasa-saṁsthayā mahatā gīta-stuti-mṛdaṅga-paṇava-ghoṣeṇa ca puruṣa-paśuṁ bhadra-kālyāḥ purata upaveśayām āsuḥ.
atha — em seguida; paṇayaḥ — todos os seguidores do salteador; tam — a ele (Jaḍa Bharata); sva-vidhinā — de acordo com seus próprios princípios ritualísticos; abhiṣicya — banhando; ahatena — com novas; vāsasā — roupas; ācchādya — cobrindo; bhūṣaṇa — adornos; ālepa — untando o corpo com polpa de sândalo; srak — uma guirlanda de flores; tilaka-ādibhiḥ — com marcas no corpo e assim por diante; upaskṛtam — inteiramente decorado; bhuktavantam — tendo comido; dhūpa — com incenso; dīpa — lamparinas; mālya — guirlandas; lāja — cereais tostados; kisalaya-aṅkura — galhos e brotos; phala — frutas; upahāra — outras parafernálias; upetayā — plenamente equipados; vaiśasa-saṁsthayā — com todos os arranjos para o sacrifício; mahatā — grandes; gīta-stuti — de canções e orações; mṛdaṅga — de tambores; paṇava — de cornetas; ghoṣeṇa — por meio da vibração; ca — também; puruṣa-paśum — o homem-animal; bhadra-kālyāḥ — à deusa Kālī; purataḥ — bem em frente; upaveśayām āsuḥ — fizeram-no sentar-se.
Depois disso, todos os ladrões, de acordo com seus rituais imaginativos de que se valiam para matar homens animalescos, banharam Jaḍa Bharata, vestiram-no com roupas novas, decoraram-no com adornos apropriados para um animal, untaram seu corpo com essências aromáticas e decoraram-no com tilaka, polpa de sândalo e guirlandas. Eles o alimentaram suntuosamente e, então, colocaram-no diante da deusa Kālī, a quem ofereceram incenso, lamparinas, guirlandas, cereais tostados, ramos tenros, brotos, frutas e flores. Dessa maneira, antes de matar o homem-animal, eles adoraram a deidade, e entoaram canções e orações, tocando tambores e cornetas. Então, fizeram Jaḍa Bharata sentar-se diante da deidade.
SIGNIFICADO—Neste verso, a palavra sva-vidhinā, “de acordo com seus próprios princípios ritualísticos”, é muito significativa. Segundo os śāstras védicos, tudo deve ser feito em conformidade com os princípios reguladores, mas aqui se afirma que os ladrões e assaltantes planejaram seus próprios métodos de como matar um homem animalesco. Os śāstras tamásicos instruem como sacrificar animais diante da deusa Kālī, tais como o bode ou o búfalo, mas não se menciona o sacrifício de homens, por mais estúpidos que possam ser. Esse processo foi inventado pelos próprios salteadores; portanto, usa-se a palavra sva-vidhinā. Mesmo na atualidade, existem muitos sacrifícios realizados sem base nas escrituras védicas. Por exemplo, recentemente em Calcutá, em um anúncio de um matadouro, divulgava-se que o mesmo era um templo da deusa Kālī. Os comedores de carne tolamente compram carne nesses açougues pensando tratar-se de uma mercadoria diferente da carne comum e aceitam-na como prasāda da deusa Kālī. Sacrificar perante a deusa Kālī bodes ou animais semelhantes é algo mencionado nos śāstras simplesmente para evitar que as pessoas comam carne de matadouros e tornem-se responsáveis pela matança de animais. A alma condicionada tem uma inclinação natural para fazer sexo e comer carne; consequentemente, os śāstras lhe fazem algumas concessões. Na verdade, os śāstras visam a encerrar essas atividades abomináveis, mas prescrevem alguns princípios reguladores para que os comedores de carne e caçadores de mulheres se retifiquem pouco a pouco.