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VERSOS 9-10

sa ca prākṛtair dvipada-paśubhir unmatta-jaḍa-badhira-mūkety abhibhāṣyamāṇo yadā tad-anurūpāṇi prabhāṣate karmāṇi ca kāryamāṇaḥ parecchayā karoti viṣṭito vetanato vā yācñayā yadṛcchayā vopasāditam alpaṁ bahu mṛṣṭaṁ kadannaṁ vābhyavaharati paraṁ nendriya-prīti-nimittam. nitya-nivṛtta-nimitta-sva-siddha-viśuddhānubhavānanda-svātma-lābhādhigamaḥ sukha-duḥkhayor dvandva-nimittayor asambhāvita-dehābhimānaḥ. śītoṣṇa-vāta-varṣeṣu vṛṣa ivānāvṛtāṅgaḥ pīnaḥ saṁhananāṅgaḥ sthaṇḍila-saṁveśanānunmardanāmajjana-rajasā mahāmaṇir ivānabhivyakta-brahma-varcasaḥ kupaṭāvṛta-kaṭir upavītenoru-maṣiṇā dvijātir iti brahma-bandhur iti saṁjñayātaj-jñajanāvamato vicacāra.

saḥ ca — ele também; prākṛtaiḥ — pelas pessoas comuns que não têm acesso ao conhecimento espiritual; dvi-pada-paśubhiḥ — que não passam de animais com duas pernas; unmatta — louco; jaḍa — estúpido; badhira — surdo; mūka — mudo; iti — assim; abhibhāṣyamāṇaḥ — sendo tratado; yadā — quando; tat-anurūpāṇi — palavras adequadas para responder às deles; prabhāṣate — ele costumava falar; karmāṇi — atividades; ca — também; kāryamāṇaḥ — sendo impelido a executar; para-icchayā — por ordem dos outros; karoti — ele costumava agir; viṣṭitaḥ — à força; vetanataḥ — ou por algum pagamento;  — ou; yācñayā — esmolando; yadṛcchayā — por sua própria conta;  — ou; upasāditam — obtinha; alpam — uma quantidade muito pequena; bahu — uma grande quantidade; mṛṣṭam — muito saborosos; kat-annam — alimentos rançosos e insípidos;  — ou; abhyavaharati — ele costumava comer; param — apenas; na — não; indriya-prīti-nimittam — para o gozo dos sentidos; nitya — eternamente; nivṛtta — parava; nimitta — atividades fruitivas; sva-siddha — obtinha mediante esforços próprios; viśuddha — transcendental; anubhava-ānanda — percepção bem-aventurada; sva-ātma-lābha-adhigamaḥ — que alcançara o conhecimento do eu; sukha-duḥkhayoḥ — na felicidade e na tristeza; dvandva-nimittayoḥ — nas causas da dualidade; asambhāvita-deha-abhimānaḥ — não identificado com o corpo; śīta — no inverno; uṣṇa — no verão; vāta — no vento; varṣeṣu — na chuva; vṛṣaḥ — um touro; iva — como; anāvṛta-aṅgaḥ — corpo descoberto; pīnaḥ — muito forte; saṁhanana-aṅgaḥ — cujos membros eram firmes; sthaṇḍila-saṁveśana — de deitar-se no chão; anunmardana — sem qualquer massagem; amajjana — sem banhar-se; rajasā — pela sujeira; mahā-maṇiḥ — pedra preciosa valiosíssima; iva — como; anabhivyakta — imanifesto; brahma-varcasaḥ — esplendor espiritual; ku-paṭa-āvṛta — coberto por uma roupa suja; kaṭiḥ — cujas tangas; upavītena — com um cordão sagrado; uru-maṣiṇā — que era muito preto devido à sujeira; dvi-jātiḥ — nascido em família brāhmaṇa; iti — assim (dizendo como insulto); brahma-bandhuḥ — um amigo de um brāhmaṇa; iti — assim; saṁjñayā — com esses nomes; a-tat-jña-jana — por pessoas que não conhecem a verdadeira posição dele; avamataḥ — sendo desrespeitado; vicacāra — ele perambulava.

Com efeito, homens degradados não são melhores do que animais. A única diferença é que os animais são quadrúpedes e esses homens são bípedes. Esses animalescos homens bípedes costumavam chamar Jaḍa Bharata de louco, estúpido, surdo e mudo. Eles o maltratavam, e Jaḍa Bharata comportava-se diante deles como um louco, surdo, cego e estúpido. Ele não protestava nem tentava convencê-los de que ele não era nada disso. Se outros queriam vê-lo fazer algo, ele agia de acordo com esses desejos. Toda a comida que obtinha esmolando ou como pagamento, ou qualquer alimento advindo sem nenhum esforço de sua parte – fosse em pequena quantidade, saboroso, rançoso ou insípido –, ele o aceitava e comia. Ele jamais comia algo para satisfazer os sentidos, pois já estava liberado do conceito corpóreo, que nos induz a discriminar entre alimentos saborosos e insípidos. Estava em plena consciência transcendental do serviço devocional e, portanto, não se deixava influenciar pelas dualidades provenientes do conceito corpóreo. Na verdade, seu corpo era tão forte como o de um touro, e seus membros, muito musculosos. Não se importava em saber se era inverno ou verão, se ventava ou chovia, e jamais se agasalhava. Deitava-se no chão e nunca passava óleo em seu corpo nem se banhava. Porque seu corpo era sujo, sua refulgência e conhecimento espirituais mantinham-se ocultos, assim como a poeira encobre o esplendor de uma pedra preciosa. Ele usava apenas uma tanga suja e seu cordão sagrado, que era enegrecido. Compreendendo que ele nascera em uma família brāhmaṇa, as pessoas costumavam chamá-lo de brahma-bandhu e outros nomes. Sendo assim insultado e desprezado pelas pessoas materialistas, ele vagava de um lugar a outro.

SIGNIFICADO—Śrīla Narottama Dāsa Ṭhākura canta: deha-smṛti nāhi yāra, saṁsāra-bandhana kāhāṅ tāra. A pessoa que não tem desejo algum de manter o corpo ou que não está ansiosa por manter o corpo em boas condições e que se satisfaz em qualquer situação deve ser louca ou liberada. Na verdade, Bharata Mahārāja, em seu nascimento como Jaḍa Bharata, estava inteiramente livre das dualidades materiais. Ele era um paramahaṁsa e, portanto, não se preocupava com o bem-estar físico.

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