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VERSOS 13-14

tapasā brahmacaryeṇa
śamena ca damena ca
tyāgena satya-śaucābhyāṁ
yamena niyamena vā

deha-vāg-buddhijaṁ dhīrā
dharmajñāḥ śraddhayānvitāḥ
kṣipanty aghaṁ mahad api
veṇu-gulmam ivānalaḥ

tapasā — através de austeridade ou rejeição voluntária do gozo material; brahmacaryeṇa — através do celibato (a primeira austeridade); śamena — através de controlar a mente; ca — e; damena — através do controle irrestrito dos sentidos; ca — também; tyāgena — através de voluntariamente dar caridade em prol de boas causas; satya — através da veracidade; śaucābhyām — e por seguir os princípios reguladores a fim de se manter limpo interna e externamente; yamena — evitando a maldição e a violência; niyamena — cantando regularmente o santo nome do Senhor; — e; deha-vāk-buddhi-jam — executadas com o corpo, palavras e inteligência; dhīrāḥ — aqueles que são sóbrios; dharma-jñāḥ — plenamente imbuídos de conhecimento dos princípios religiosos; śraddhayā anvitāḥ — dotados de fé; kṣipanti — destroem; agham — toda espécie de atividades pecaminosas; mahat api — embora muito grandes e abomináveis; veṇu-gulmam — as trepadeiras secas sob um bambuzal; iva — como; analaḥ — fogo.

Para concentrar a mente, a pessoa deve manter uma vida celibatária e jamais cair. Ela deve submeter-se à austeridade de abandonar voluntariamente o gozo dos sentidos. Deve, então, controlar a mente e os sentidos, fazer caridade, ser veraz, limpa e não-violenta, seguir os princípios reguladores e cantar com regularidade o santo nome do Senhor. Assim, quem é sóbrio e fiel e conhece os princípios religiosos purifica-se temporariamente de todos os pecados cometidos com o corpo, palavras e mente. Esses pecados são como as folhas secas de trepadeiras que estão sob um bambuzal. Embora essas trepadeiras possam ser queimadas pelo fogo, não perdem suas raízes, as quais brotarão mais uma vez tão logo haja a oportunidade. 

SIGNIFICADO—O smṛti-śāstra explica tapaḥ da seguinte maneira, manasaś cendriyāṇāṁ ca aikāgryaṁ paramaṁ tapaḥ: “O controle completo da mente e dos sentidos e sua completa concentração em uma espécie de atividade se chama tapaḥ.” O nosso movimento da consciência de Kṛṣṇa está ensinando às pessoas como concentrar a mente no serviço devocional. Isso é tapaḥ de primeira classe. Brahmacarya, a vida de celibato, tem oito aspectos. A pessoa não deve pensar em mulheres, falar sobre vida sexual, flertar com mulheres, olhar lu­xuriosamente para mulheres, falar intimamente com mulheres ou decidir manter relações sexuais, tampouco deve esforçar-se em cul­tivar vida sexual ou entregar-se à vida sexual. Se a pessoa não deve nem mesmo pensar em mulheres ou olhar para elas, o que dizer, então, de conver­sar com elas? Isso se chama brahmacarya de primeira classe. Se um brahmacārī ou um sannyāsī fala com uma mulher em um lugar afas­tado, naturalmente haverá a possibilidade de um caso sexual sem o conhecimento de ninguém. Portanto, o brahmacārī perfeito faz exatamente o oposto. Quem é um brahmacārī exemplar tem muita faci­lidade em controlar a mente e os sentidos, fazer atos de caridade, falar verazmente e assim por diante. Entretanto, para começo, deve-­se controlar a língua e o desejo de comer.

Em bhakti-marga, o caminho do serviço devocional, a pessoa deve seguir estritamente os princípios reguladores, controlando primeiramente a língua (sevonmukhe hi jihvādau svayam eva sphuraty adaḥ). É capaz de controlar a língua (jihvā) quem canta o mahā-mantra Hare Kṛṣṇa, fala apenas sobre assuntos referentes a Kṛṣṇa e saboreia apenas aquilo que é oferecido a Kṛṣṇa. Se alguém pode controlar a língua dessa maneira, brahmacarya e outros processos purificató­rios se sucederão automaticamente. No verso seguinte, será explicado que o caminho do serviço devocional é completamente perfeito e, por­tanto, superior ao caminho das atividades fruitivas e ao caminho do conhecimento. Citando os Vedas, Śrīla Vīrarāghava Ācārya ex­plica que austeridade inclui a prática do jejum da maneira mais com­pleta possível (tapasānāśakena). Śrīla Rūpa Gosvāmī também ensina que atyāhāra, comer demais, é um impedimento ao avanço na vida espiritual. E Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (6.17):

yuktāhāra-vihārasya
yukta-ceṣṭasya karmasu
yukta-svapnāvabodhasya
yogo bhavati duḥkha-hā

“Aquele que é regulado em seus hábitos de comer, dormir, divertir-se e trabalhar pode mitigar todas as dores materiais, praticando o sistema de yoga.”

No verso 14, a palavra dhīrāḥ, que significa “aqueles que não se perturbam em circunstância alguma”, é muito expressiva. Na Bhagavad-gītā (2.14), Kṛṣṇa diz a Arjuna:

mātrā-sparśās tu kaunteya
śītoṣṇa-sukha-duḥkha-dāḥ
āgamāpāyino ’nityās
tāṁs titikṣasva bhārata

“Ó filho de Kuntī, o aparecimento temporário da felicidade e da aflição, e o seu desaparecimento no devido tempo, são como o aparecimento e o desaparecimento das estações de inverno e verão. Eles surgem da percepção sensorial, ó descendente de Bharata, e é preciso aprender a tolerá-los sem se perturbar.” Na vida material, existem muitas perturbações (adhyātmika, adhidaivika e adhibhautika). Quem sabe tolerar as perturbações em todas as circunstâncias se chama dhīra.

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