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VERSO 16

na tathā hy aghavān rājan
pūyeta tapa-ādibhiḥ
yathā kṛṣṇārpita-prāṇas
tat-puruṣa-niṣevayā

na — não; tathā — esse tanto; hi — decerto; agha-vān — um homem carregado de atividades pecaminosas; rājan — ó rei; pūyeta — pode purificar-se; tapaḥ-ādibhiḥ — executando os princípios de austeridade, penitência, brahmacarya e outros processos purificatórios; yathā — tanto quanto; kṛṣṇa-arpita-prāṇaḥ — o devoto cuja vida é plenamen­te consciente de Kṛṣṇa; tat-puruṣa-niṣevayā — ocupando sua vida a serviço do representante de Kṛṣṇa.

Meu querido rei, se uma pessoa pecaminosa se ocupa a serviço de um devoto autêntico do Senhor e, dessa maneira, aprende como dedicar sua vida aos pés de lótus de Kṛṣṇa, ela pode purificar-se por completo. Ninguém pode purificar-se meramente submetendo-se a austeridade, penitência, brahmacarya e outros métodos de expiação que descrevi.

SIGNIFICADO—Tat-puruṣa se refere àquele que prega a consciência de Kṛṣṇa, como, por exemplo, o mestre espiritual. Śrīla Narottama Dāsa Ṭhā­kura diz que chāḍiyā vaiṣṇava-sevā nistāra pāyeche kebā: “Sem servir a um mestre espiritual fidedigno, um vaiṣṇava ideal, quem pode libertar-se das garras de māyā?” Essa ideia também é apresentada em muitas outras passagens. O Śrīmad-Bhāgavatam (5.5.2) diz que mahat-sevāṁ dvāram āhur vimukteḥ: se alguém deseja libertar-se das garras de māyā, ele deve associar-se com um devoto puro, um mahātmā. Mahātmā é aquele que se ocupa vinte e quatro horas por dia em prestar serviço amoroso ao Senhor. Como Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (9.13):

mahātmānas tu māṁ pārtha
daivīṁ prakṛtim āśritāḥ
bhajanty ananya-manaso
jñātvā bhūtādim avyayam

“Ó filho de Pṛthā, aqueles que não se iludem, as grandes almas, estão sob a proteção da natureza divina. Eles se ocupam completamente em serviço devocional porque sabem que Eu sou a original e inexaurível Suprema Personalidade de Deus.” Assim, a carac­terística do mahātmā é que ele se ocupa apenas a serviço de Kṛṣṇa. Para se livrar das reações pecaminosas, reviver sua original cons­ciência de Kṛṣṇa e receber o aprendizado de como amar a Kṛṣṇa, a pessoa deve prestar serviço a um vaiṣṇava. Esse é o resultado de mahātma-sevā. É claro que se alguém se ocupa a serviço de um devoto puro, as reações de sua vida pecaminosa são imediatamente elimi­nadas. O serviço devocional é necessário para despertar nosso adormecido amor por Kṛṣṇa, e não para afastar um insignificante acúmulo de pecados. Assim como o nevoeiro se desfaz aos primeiros clarões da luz solar, as reações pecaminosas de alguém são auto­maticamente eliminadas logo que ele começa a servir a um devoto puro; e, de sua parte, ele não precisa recorrer a nenhum outro esforço.

A palavra kṛṣṇa-arpita-prāṇaḥ se refere ao devoto que dedica sua vida a servir a Kṛṣṇa, e não a salvar-se do caminho da vida infernal. O devoto é nārāyaṇa-parāyaṇa, ou vāsudeva-parāyaṇa, e isso signi­fica que o caminho de Vāsudeva, ou o caminho devocional, é sua vida e alma. Nārāyaṇa-parāḥ sarve na kutaścana bibhyati (Śrīmad-Bhāgavatam 6.17.28): tal devoto não teme ir a lugar algum. Existe um caminho que liberta rumo aos sistemas planetários superiores e outro que conduz aos planetas infernais, mas o devoto nārāyaṇa-para é sempre destemido e não lhe importa para onde é enviado; onde quer que esteja, tudo o que ele quer é lembrar-se de Kṛṣṇa. A semelhante devoto, pouco importa se está no céu ou no inferno; ele está simplesmente apegado a prestar serviço a Kṛṣṇa. Ao ser posto em condições infernais, o devoto as aceita como a misericórdia de Kṛṣṇa: tat te ’nukampāṁ susamīkṣamāṇaḥ. (Śrīmad-Bhāgavatam 10.14.8) Ele não reclama: “Oh! Sou um grande devoto de Kṛṣṇa. Por que fui posto nesta condição dolorosa?” Em vez disso, ele pensa: “Isso é a misericórdia de Kṛṣṇa.” Tem essa atitude o devoto que se ocupa a serviço do representante de Kṛṣṇa. Esse é o segredo do sucesso.

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