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VERSO 29

tataḥ katipayāhobhir
vidyayeddha-mano-gatiḥ
jagāma deva-devasya
śeṣasya caraṇāntikam

tataḥ — depois disso; katipaya-ahobhiḥ — dentro de poucos dias; vidyayā — pelo mantra espiritual; iddha-manaḥ-gatiḥ — o caminho de sua mente ficando iluminado; jagāma — foi; deva-devasya — do mestre de todos os outros senhores ou semideuses; śeṣasya — Senhor Śeṣa; caraṇa-antikam — ao refúgio dos pés de lótus.

Depois disso, dentro de pouquíssimos dias, pela influência do mantra que Citraketu praticara, sua mente ficou cada vez mais iluminada para o progresso espiritual, e ele obteve o refúgio aos pés de lótus de Anantadeva.

SIGNIFICADO—A conquista última do devoto é se refugiar aos pés de lótus do Senhor em qualquer um dos planetas do céu espiritual. Como resul­tado da estrita observância do serviço devocional, o devoto pode receber todas as opulências materiais quando elas forem necessárias, mas, na verdade, o devoto não está interessado em opulências ma­teriais, tampouco o Senhor Supremo as concede. Quando o devoto realmente se ocupa no serviço devocional ao Senhor, suas aparentes opulências materiais não são materiais; todas elas são espirituais. Por exemplo, se o devoto aplica algum dinheiro em construir um templo belo e dispendioso, seu investimento não é material, mas espiritual (nirbandhaḥ kṛṣṇa-sambandhe yuktaṁ vairāgyam ucyate). A mente do devoto jamais se desvia para o aspecto material do templo. Os tijolos, pedras e madeiras usados na construção do templo são espi­rituais, assim como a Deidade, embora feita de pedra, não é pedra, senão que é a própria Suprema Personalidade de Deus. Quanto mais alguém avança em consciência espiritual, mais pode entender os elementos do serviço devocional. Nada usado no serviço devo­cional é material; tudo é espiritual. Por conseguinte, ao receber uma opulência aparentemente material, o devoto a utiliza no avanço es­piritual. Essa opulência tem por objetivo ajudar o devoto a avançar rumo ao reino espiritual. Assim, Mahārāja Citraketu per­maneceu em opulência material como vidyādhara-pati, mestre dos Vidyādharas, e, prestando serviço devocional, tornou-se perfeito no transcurso de pouquíssimos dias, regressando ao lar, regressando ao Supremo, por ter-se refugiado aos pés de lótus do Senhor Śeṣa, Ananta.

A opulência material de um karmī e a opulência material de um devoto não estão no mesmo nível. Śrīla Madhvācārya comenta o seguinte:

anyāntaryāmiṇaṁ viṣṇum
upāsyānya-samīpagaḥ
bhaved yogyatayā tasya
padaṁ vā prāpnuyān naraḥ

Adorando o Senhor Viṣṇu, a pessoa pode obter tudo o que deseja, mas o devoto puro jamais pede ao Senhor Viṣṇu algum lucro ma­terial. Ao contrário, ele serve ao Senhor Viṣṇu e não tem desejos materiais, de modo que, no final, transfere-se ao reino espiritual. Com relação a isso, Śrīla Vīrarāghava Ācārya comenta que yatheṣṭa-gatir ity arthaḥ: adorando Viṣṇu, o devoto pode obter tudo o que bem quiser. Mahārāja Citraketu queria somente voltar ao lar, voltar ao Supremo, e, portanto, concretizou seu intento.

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