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VERSO 15

ataḥ pāpīyasīṁ yonim
āsurīṁ yāhi durmate
yatheha bhūyo mahatāṁ
na kartā putra kilbiṣam

ataḥ — portanto; pāpīyasīm — pecaminosíssimo; yonim — às espécies de vida; āsurīm — demoníacas; yāhi — vai; durmate — ó pessoa atre­vida; yathā — para que; iha — neste mundo; bhūyaḥ — novamente; mahatām — às grandes personalidades; na — não; kartā — cometas; putra — meu querido filho; kilbiṣam — nenhuma ofensa.

Ó pessoa atrevida, meu querido filho, que agora nasças, então, em uma família baixa e pecaminosa de demônios para que não voltes a cometer tal ofensa contra as elevadas pessoas santas deste mundo.

SIGNIFICADO—Deve-se ter todo o cuidado para não se cometer ofensas aos pés de lótus dos vaiṣṇavas, dos quais o senhor Śiva é o melhor. Enquanto ins­truía Śrīla Rūpa Gosvāmī, Śrī Caitanya Mahāprabhu descreveu que uma ofensa aos pés de lótus de um vaiṣṇava era como hātī mātā, um elefante louco. Ao entrar em um belo jardim, um elefante louco destrói todo o jardim. Do mesmo modo, alguém se torna um elefante louco quando comete ofensas aos pés de lótus de um vaiṣṇava e, com isso, interrompe toda a sua carreira espiritual. Portanto, deve-se tomar muito cuidado para não se cometerem ofensas aos pés de lótus de um vaiṣṇava.

Mãe Pārvatī estava certa ao punir Citraketu, pois Citraketu atrevidamente criticara o pai supremo, Mahādeva, que é o pai das entidades vivas que estão condicionadas dentro deste mundo mate­rial. A deusa Durgā é chamada de mãe, e o senhor Śiva é chamado de pai. O vaiṣṇava puro deve ser muito zeloso em se ocupar em seu dever específico sem criticar os outros. Essa posição é a mais segura. Caso contrário, quando alguém gosta de criticar os outros, pode cometer grandes ofensas ao criticar um vaiṣṇava.

Porque não havia dúvidas de que ele era um vaiṣṇava, Citraketu poderia ter ficado surpreso com o fato de Pārvatī tê-lo amaldi­çoado. Portanto, a deusa Pārvatī se dirigiu a ele como putra, ou filho. Todos somos filhos da mãe Durgā, mas ela não é uma mãe comum. Logo que há uma pequena discrepância no comportamento de um demônio, mãe Durgā imediatamente pune o demônio para que ele possa criar juízo. Isso o Senhor Kṛṣṇa explica na Bhagavad-gītā (7.14):

daivī hy eṣā guṇa-mayī
mama māyā duratyayā
mām eva ye prapadyante
māyām etāṁ taranti te

“Esta Minha energia divina, que consiste dos três modos da natureza material, é difícil de ser suplantada. Mas aqueles que se renderam a Mim podem facilmente transpô-la.” Render-se a Kṛṣṇa significa se render­ também a Seus devotos, pois só pode qualificar-se como servo de Kṛṣṇa quem serve adequadamente a Seu devoto. Chāḍiyā vaiṣṇava-sevā nistāra pāyeche kebā: sem servir a um devoto de Kṛṣṇa, ninguém pode elevar-se à posição de servo do próprio Kṛṣṇa. Portanto, mãe Pārvatī falou a Citraketu exatamente como uma mãe que diz ao seu filho travesso: “Meu querido filho, estou te punindo para que não voltes a fazer nada parecido com isso.” Esta tendência maternal de punir o filho se encontra também em mãe Yaśodā, que se tornou a mãe da Suprema Personalidade de Deus. Mãe Yasodā puniu Kṛṣṇa amarrando-O e mostrando-Lhe uma vara. Assim, compete à mãe castigar seu amado filho, mesmo que este seja o Senhor Supremo. Deve-se entender que mãe Durgā estava certa ao punir Citraketu. Essa punição foi uma dádiva para Citraketu porque, após nascer como o demônio Vṛtrāsura, ele foi diretamente promovido a Vaikuṇṭha.

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