VERSO 33
kṛṣṇāṅghri-padma-madhu-liṇ na punar visṛṣṭa-
māyā-guṇeṣu ramate vṛjināvaheṣu
anyas tu kāma-hata ātma-rajaḥ pramārṣṭum
īheta karma yata eva rajaḥ punaḥ syāt
kṛṣṇa-aṅghri-padma — dos pés de lótus do Senhor Kṛṣṇa; madhu — o mel; liṭ — aquele que lambe; na — não; punaḥ — novamente; visṛṣṭa — já renunciado; māyā-guṇeṣu — nos modos da natureza material; ramate — deseja desfrutar; vṛjina-avaheṣu — que provocam infelicidade; anyaḥ — outro; tu — contudo; kāma-hataḥ — estando encantado pela luxúria; ātma-rajaḥ — a contaminação pecaminosa do coração; pramārṣṭum — extirpar; īheta — pode executar; karma — atividades; yataḥ — após as quais; eva — na verdade; rajaḥ — a atividade pecaminosa; punaḥ — novamente; syāt — aparece.
Os devotos que sempre lambem o mel dos pés de lótus do Senhor Kṛṣṇa não se importam de modo algum com as atividades materiais, que são executadas sob os três modos da natureza material e que trazem apenas sofrimentos. Na verdade, os devotos jamais abandonam os pés de lótus de Kṛṣṇa, evitando, assim, de retornarem às atividades materiais. Outros, entretanto, que se dedicam aos rituais védicos porque negligenciaram o serviço aos pés de lótus do Senhor e estão encantados pelos desejos luxuriosos, às vezes executam atos de expiação. Todavia, estando incompletamente purificados, eles retornam vezes e mais vezes às atividades pecaminosas.
SIGNIFICADO—O dever do devoto é cantar o mantra Hare Kṛṣṇa. Pode ser que ora se cante cometendo ofensas, ora sem cometê-las, mas quem adota seriamente este processo alcançará a perfeição, a qual não pode ser obtida através das cerimônias ritualísticas védicas de expiação. Aqueles que, aconselhando a expiação, estão apegados às cerimônias ritualísticas védicas, mas não creem no serviço devocional e não valorizam o canto do santo nome do Senhor, deixam de alcançar a perfeição máxima. Por sua vez, estando completamente desapegados do gozo material, os devotos jamais abandonam a consciência de Kṛṣṇa em troca das cerimônias ritualísticas védicas. Aqueles que, devido aos desejos luxuriosos, estão apegados às cerimônias ritualísticas védicas, sujeitam-se a repetidas tribulações na existência material. Mahārāja Parīkṣit compara as atividades deles com kuñjara-śauca, o banho do elefante.