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VERSO 26

yadoparāmo manaso nāma-rūpa-
rūpasya dṛṣṭa-smṛti-sampramoṣāt
ya īyate kevalayā sva-saṁsthayā
haṁsāya tasmai śuci-sadmane namaḥ

yadā — quando em transe; uparāmaḥ — cessação completa; mana­saḥ — da mente; nāma-rūpa — nomes e formas materiais; rūpasya — daquilo pelo qual aparecem; dṛṣṭa — da visão material; smṛti — e da lembrança; sampramoṣāt — devido à destruição; yaḥ — quem (a Suprema Personalidade de Deus); īyate — é percebido; kevalayā — espiritual; sva-saṁsthayā — com Sua própria forma original; haṁsāya — à pureza suprema; tasmai — a Ele; śuci-sadmane — que é depreendido apenas no estado puro da existência espiritual; namaḥ — ofereço minhas respeitosas reverências.

Quando a consciência de alguém está inteiramente purificada da contaminação da existência material, grosseira e sutil, sem se deixar envolver pela agitação dos estados trabalho e sonho, e quando a mente não se dissolve em situações que lembram suṣupti, o sono pro­fundo, o indivíduo chega à plataforma do transe. Então, sua visão material e as lembranças da mente, que manifestam nomes e formas, são sub­jugadas. Somente ao atingir esse transe é que Se revela a ele a Suprema Personalidade de Deus. Portanto, ofereçamos nossas respeitosas reverências à Suprema Personalidade de Deus, que é visível nesse estado transcendental e incontaminado.

SIGNIFICADO—Existem duas fases em que se pode compreender Deus. Uma se chama sujñeyam, ou compreendido com grande facilidade (geralmente, através da especulação mental), e a outra se chama durjñeyam, compreendido apenas com dificuldade. Compreender o Paramātmā e o Brahman é considerado sujñeyam, mas depreender a Suprema Personalidade de Deus é algo classificado como durjñeyam. Como se descreve aqui, entende de maneira definitiva a Personalidade de Deus quem abandona as atividades da mente – pensar, sentir e desejar – ou, em outras palavras, quando a espe­culação mental é descontinuada. Essa compreensão transcendental está acima de suṣupti, sono profundo. Em nossa fase condicionada grosseira, percebemos as coisas através da experiência e da lembrança materiais, e, na etapa sutil, percebemos o mundo nos sonhos. O processo de percepção também envolve a lembrança, e também existe sob uma forma sutil. Acima da experiência grosseira e dos sonhos, está suṣupti, o sono profundo, e quando alguém chega à plataforma inteiramente espiri­tual, transcendendo o sono profundo, ele alcança o transe, viśuddha­-sattva, ou vasudeva-sattva, no qual a Personalidade de Deus revela-Se.

Ataḥ śrī-kṛṣṇa-nāmādi na bhaved grāhyam indriyaiḥ: enquanto alguém estiver situado em dualidade, na plataforma sensória, gros­seira ou sutil, não lhe será possível compreender a original Persona­lidade de Deus. Sevonmukhe hi jihvādau svayam eva sphuraty adaḥ: porém, quando ele ocupar seus sentidos a serviço do Senhor – especificamente, quando ocupar a língua em cantar o mantra Hare Kṛṣṇa e em saborear apenas kṛṣṇa-prasāda em uma atitude de serviço –, a Suprema Personalidade de Deus Se revelará. Indicam isso neste verso as palavras śuci-sadmane. Śuci significa purificado. Com o es­pírito de prestar serviço por meio de seus sentidos, a pessoa transfe­re toda a sua existência para śuci-sadma – a plataforma de pureza completa. Dakṣa, portanto, oferece suas respeitosas reverências à Suprema Personalidade de Deus, que Se revela na plataforma de śuci-sadma. Com relação a isso, Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura cita a seguinte oração que o senhor Brahmā profere no Śrīmad-­Bhāgavatam (10.14.6), tathāpi bhūman mahimāguṇasya te viboddhum arhaty amalāntar-ātmabhiḥ: “Ó meu Senhor, aquele cujo coração se purificou por completo pode entender as qualidades trans­cendentais de Vossa Onipotência e pode entender a grandeza de Vossas atividades.”

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