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VERSO 9

annaṁ carāṇām acarā
hy apadaḥ pāda-cāriṇām
ahastā hasta-yuktānāṁ
dvi-padāṁ ca catuṣ-padaḥ

annam — alimento; carāṇām — daqueles que se movem com asas; acarāḥ — os inertes (frutas e flores); hi — na verdade; apadaḥ — as entidades vivas destituídas de pés, como a grama; pāda-cāriṇām — dos animais que se movem sobre pernas, tais como as vacas e o búfalo; ahastāḥ — animais sem mãos; hasta-yuktānām — dos animais que têm garras, como os tigres; dvi-padām — dos seres humanos, que são bípedes; ca — e; catuḥ-padaḥ — os animais de quatro patas, como o veado.

Pelo arranjo da natureza, as frutas e as flores são consideradas o alimento dos insetos e dos pássaros; a grama e outras entidades vivas destituídas de pés destinam-se à alimentação dos animais de quatro patas, tais como as vacas e o búfalo; os animais que não podem usar suas pernas dianteiras como mãos se destinam a servir de alimento aos animais como os tigres, que têm garras; e os animais que, como o veado e os bodes, têm quatro patas, bem como os grãos alimentícios, destinam-se à alimentação dos seres humanos.

SIGNIFICADO—Pela lei da natureza, ou arranjo da Suprema Personalidade de Deus, uma espécie de entidade viva serve de alimento para outras entidades vivas. Como se menciona aqui, dvi-padāṁ ca catuṣ-padaḥ: os animais de quatro patas (catuṣ-padaḥ), bem como os grãos ali­mentícios, são os víveres dos seres humanos (dvi-padām). Esses animais de quatro patas são representados pelo veado e pelas cabras, e não pelas vacas, que devem ser protegidas. De um modo geral, os homens das classes superiores da sociedade – os brāhmaṇas, os kṣatriyas e os vaiśyas – não comem carne. Às vezes, para aprender a arte de matar, os kṣatriyas vão à floresta matar animais como o veado, e, algumas vezes vezes, eles também comem animais. Os śūdras, também, comem animais da espécie caprina. As vacas, entretanto, nunca devem ser mortas ou comidas pelos seres humanos. Todos os śāstras condenam peremptoriamente o abate de vacas. Na ver­dade, alguém que mata uma vaca tem que sofrer por tantos anos quantos são os números de pelos encontrados no corpo de uma vaca. A Manu-saṁhitā diz que pravṛttir eṣā bhūtānāṁ nivṛttis tu mahā­-phalā: neste mundo material, temos muitas tendências, mas, na vida humana, devemos aprender como controlar essas tendências. Aqueles que desejam comer carne podem satisfazer as exigências de suas línguas comendo animais inferiores, mas nunca devem matar vacas, que de fato são aceitas como mães da sociedade humana porque for­necem leite. Os śāstras recomendam especialmente que kṛṣi-go-rakṣya: a seção vaiśya da humanidade deve encarregar-se de providenciar alimento para toda a sociedade através de atividades agrícolas e deve dar completa proteção às vacas, que são os animais mais úteis, pois fornecem leite para a sociedade humana.

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