VERSOS 6-8
uvāca cātha haryaśvāḥ
kathaṁ srakṣyatha vai prajāḥ
adṛṣṭvāntaṁ bhuvo yūyaṁ
bāliśā bata pālakāḥ
tathaika-puruṣaṁ rāṣṭraṁ
bilaṁ cādṛṣṭa-nirgamam
bahu-rūpāṁ striyaṁ cāpi
pumāṁsaṁ puṁścalī-patim
nadīm ubhayato vāhāṁ
pañca-pañcādbhutaṁ gṛham
kvacid dhaṁsaṁ citra-kathaṁ
kṣaura-pavyaṁ svayaṁ bhrami
uvāca — ele disse; ca — também; atha — assim; haryaśvāḥ — ó Haryaśvas, filhos do prajāpati Dakṣa; katham — por que; srakṣyatha — gerareis; vai — na verdade; prajāḥ — progênie; adṛṣṭvā — não tendo visto; antam — o fim; bhuvaḥ — desta Terra; yūyam — todos vós; bāliśāḥ — inexperientes; bata — oh!; pālakāḥ — embora sejais príncipes governantes; tathā — assim também; eka — um; puruṣam — homem; rāṣṭram — reino; bilam — o buraco; ca — também; adṛṣṭa-nirgamam — do qual não há como sair; bahu-rūpām — assumindo muitas formas; striyam — a mulher; ca — e; api — mesmo; pumāṁsam — o homem; puṁścalī-patim — o esposo de uma prostituta; nadīm — um rio; ubhayataḥ — em ambas as direções; vāhām — que flui; pañca-pañca — de cinco vezes cinco (vinte e cinco); adbhutam — uma maravilha; gṛham — a casa; kvacit — em alguma parte; haṁsam — um cisne; citra-katham — cuja história é maravilhosa; kṣaura-pavyam — feito de lâminas afiadas e raios; svayam — ele próprio; bhrami — girando.
O grande sábio Nārada disse: Meus queridos Haryaśvas, ainda não vistes os confins da Terra. Existe ali um reino onde vive apenas um homem e onde há um buraco do qual ninguém sai depois de ter entrado nele. Existe ali uma mulher extremamente incasta, que se enfeita com várias roupas atrativas, e esse homem é seu esposo. Nesse reino, existe um rio que corre em ambas as direções, um maravilhoso lar feito de vinte e cinco elementos, um cisne que vibra sons variados e um objeto que gira automaticamente e que é feito de lâminas afiadas e de raios. Ainda não vistes nada disso e, portanto, sois rapazes inexperientes, sem conhecimento avançado. Como, então, poderíeis constituir prole?
SIGNIFICADO—Nārada Muni percebeu que, como viviam naquele lugar sagrado, os rapazes conhecidos como Haryaśvas já se haviam purificado e praticamente estavam prontos para a liberação. Por que deveriam, então, ser encorajados a se enredar na vida familiar, a qual é tão escura que, tendo entrado nela, ninguém jamais consegue deixá-la? Através dessa analogia, Nārada Muni pediu-lhes que ponderassem se deveriam seguir a ordem de seu pai e se enredarem na vida familiar. Indiretamente, pediu-lhes que descobrissem no âmago de seus corações a presença da Superalma, que é o Senhor Viṣṇu, dado que, somente então, eles realmente seriam experientes. Em outras palavras, aquele que está demasiadamente absorto em seu envolvimento material e que não olha para o âmago de seu coração fica cada vez mais enredado na energia ilusória. O propósito de Nārada Muni era fazer os filhos do prajāpati Dakṣa concentrarem sua atenção na percepção espiritual, em vez de se envolverem nos afazeres comuns, porém complicados, de povoar o mundo. Prahlāda Mahārāja deu a seu pai esse mesmo conselho:
tat sādhu manye ’sura-varya dehināṁ
sadā samudvigna-dhiyām asad-grahāt
hitvātma-pātaṁ gṛham andha-kūpaṁ
vanaṁ gato yad dharim āśrayeta
No poço escuro da vida familiar, tendo aceitado um corpo temporário, a pessoa está sempre cheia de ansiedades. Quem deseja se livrar dessa ansiedade deve imediatamente deixar a vida familiar e se refugiar na Suprema Personalidade de Deus, em Vṛndāvana. Nārada Muni aconselhou os Haryaśvas a não entrarem na vida familiar. Uma vez que eles já eram avançados em conhecimento espiritual, por que se dar ao contratempo de se envolverem com isso?