VERSO 42
etāṁ vidyām adhigato
viśvarūpāc chatakratuḥ
trailokya-lakṣmīṁ bubhuje
vinirjitya mṛdhe ’surān
etām — esta; vidyām — oração; adhigataḥ — recebeu; viśvarūpāt — do brāhmaṇa Viśvarūpa; śata-kratuḥ — Indra, o rei dos céus; trailokya-lakṣmīm — toda a opulência dos três mundos; bubhuje — desfrutou de; vinirjitya — derrotando; mṛdhe — na batalha; asurān — todos os demônios.
O rei Indra, que executou cem sacrifícios, recebeu de Viśvarūpa esta oração protetora. Após derrotar os demônios, ele desfrutou das opulências dos três mundos.
SIGNIFICADO—O místico escudo mântrico dado por Viśvarūpa a Indra, o rei dos céus, agiu poderosamente, e, em consequência disso, Indra conseguiu vencer os asuras e, sem nenhum obstáculo, pôde desfrutar da opulência dos três mundos. No tocante a isso, Madhvācārya assinala:
vidyāḥ karmāṇi ca sadā
guroḥ prāptāḥ phala-pradāḥ
anyathā naiva phaladāḥ
prasannoktāḥ phala-pradāḥ
É do mestre espiritual fidedigno que se devem receber todas as espécies de mantras; caso contrário, não surtirão efeito. Isso também é mencionado na Bhagavad-gītā (4.34):
tad viddhi praṇipātena
paripraśnena sevayā
upadekṣyanti te jñānaṁ
jñāninas tattva-darśinaḥ
“Tenta aprender a verdade aproximando-te de um mestre espiritual. Faze-lhe perguntas com submissão e presta-lhe serviço. As almas autorrealizadas podem te transmitir conhecimento porque elas são videntes da verdade.” Todos os mantras devem ser recebidos através do guru capacitado, e, após se render a seus pés de lótus, o discípulo deve satisfazer o guru sob todos os aspectos. O Padma Purāṇa também diz que sampradāya-vihīnā ye mantrās te niṣphalā matāḥ. Existem quatro sampradāyas, ou sucessões discipulares, a saber, o Brahma-sampradāya, o Rudra-sampradāya, o Śrī-sampradāya e o Kumāra-sampradāya. Se alguém quer crescer em poder espiritual, deve receber os seus mantras em um desses sampradāyas autênticos; caso contrário, nunca avançará exitosamente na vida espiritual.
Neste ponto, encerram-se os Significados Bhaktivedanta do sexto canto, oitavo capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitulado “O Escudo Nārāyaṇa-kavaca”.