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VERSO 36

na hi virodha ubhayaṁ bhagavaty aparimita-guṇa-gaṇa īśvare ’navagāhya-māhātmye ’rvācīna-vikalpa-vitarka-vicāra-pramāṇābhāsa-kutarka-śāstra-kalilāntaḥkaraṇāśraya-duravagraha-vādināṁ vivādānavasara uparata-samasta-māyāmaye kevala evātma-māyām antardhāya ko nv artho durghaṭa iva bhavati svarūpa-dvayābhāvāt.

na — não; hi — decerto; virodhaḥ — contradição; ubhayam — ambas; bhagavati — na Suprema Personalidade de Deus; aparimita — ilimitados; guṇa-gaṇe — cujos atributos transcendentais; īśvare — no controlador supremo; anavagāhya — possuindo; māhātmye — habilidade e glórias incomensuráveis; arvācīna — recentes; vikalpa — cheios de cálculos equivocados; vitarka — argumentos contraditórios; vicāra — julgamentos; pramāṇa-ābhāsa — evidência imperfeita; kutarka — argumentos inúteis; śāstra — pelas escrituras desautorizadas; kalila — agitadas; antaḥ-karaṇa — mentes; āśraya — cujo abrigo; duravagraha — com obstinações viciosas; vādinām — dos teóricos; vivāda — das controvérsias; anavasare — fora do âmbito; uparata — afastada; sa­masta — de todos os quais; māyā-maye — energia ilusória; kevale — sem rival; eva — na verdade; ātma-māyām — a energia ilusória, que pode fazer e desfazer o inconcebível; antardhāya — pondo entre; kaḥ — o que; nu — na verdade; arthaḥ — significado; durghaṭaḥ — impossível; iva — como se fosse; bhavati — é; sva-rūpa — naturezas; dvaya — de duas; abhāvāt — devido à ausência.

Ó Suprema Personalidade de Deus, todas as contradições podem ser dirimidas em Vós. Ó Senhor, como sois a Pessoa Suprema, o reservatório de ilimitadas qualidades espirituais, o controlador supremo, Vossas glórias ilimitadas são inconcebíveis para as almas condicionadas. Sem conhecer precisamente o certo, muitos teólogos modernos argumentam sobre o certo e o errado. Esses argumentos sempre são falsos e os julgamentos inconsistentes porque tais in­divíduos não têm a evidência autorizada de como proceder para conhecer-Vos. Porque suas mentes são agitadas pelas escrituras que contêm conclusões falsas, eles são incapazes de entender a verdade referente a Vós. Ademais, em razão de sua ansiedade poluída, às custas da qual querem chegar à conclusão certa, suas teorias são incapazes de revelar quem sois, Vós que transcendeis todas essas concepções ma­teriais. Ninguém se compara a Vós, e, portanto, em Vós, contradições tais como fazer e não fazer, felicidade e tristeza, não são contraditórias. Vossa potência é tamanha que pode fazer e desfazer qualquer coisa como bem quiserdes. Com a ajuda dessa potência, o que é impossível para Vós? Como em Vossa posição consti­tucional não há dualidade, podeis fazer tudo mediante a influência de Vossa energia.

SIGNIFICADO—A Suprema Personalidade de Deus, sendo autossuficiente, é plena de bem-aventurança transcendental (ātmārāma). Há duas maneiras como Ele desfruta de bem-aventurança – quando parece feliz e quando parece infeliz. As distinções e contradições são impossíveis nEle porque somente dEle elas emanaram. A Suprema Personalidade de Deus é o reservatório de todo o conhecimento, toda a potência, toda a força, opulência e influência. Não há limite para Seus pode­res. Uma vez que Ele é pleno de todos os atributos transcendentais, nada de abominável que se vê no mundo material pode existir nEle. Ele é transcendental e espiritual, daí os conceitos de felici­dade e infelicidade materiais não se aplicarem a Ele.

Não devemos nos espantar se encontramos contradições na Supre­ma Personalidade de Deus. Na verdade, não existem contradições. Esse é o significado de Ele ser supremo. Porque Ele é todo-poderoso, Ele não está sujeito aos argumentos das almas condicionadas que questionam a Sua existência. Ele fica satisfeito em proteger Seu devoto, matando os seus inimigos. Para Ele, causar essa morte e dar essa proteção são motivos de muita satisfação.

Essa liberdade de dualidades se aplica não apenas ao Senhor, mas também aos Seus devotos. Em Vṛndāvana, as donzelas de Vrajabhūmi desfrutam de bem-aventurança transcendental na companhia de Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, e, em separação, quando Kṛṣṇa e Balarāma Se ausentam de Vṛndāvana e partem rumo a Mathurā, sentem a mesma bem-aventurança transcendental. Está fora de cogitação a existência de dores ou prazeres materiais na Suprema Personalidade de Deus ou em Seus devotos puros, embora, algumas vezes, possa-se dizer superficialmente que eles estão aflitos ou felizes. O ātmārāma é bem-aventurado em ambas as condições.

Os não-devotos não podem entender as contradições presentes no Senhor Supremo ou em Seus devotos. Portanto, na Bhagavad-gītā, o Senhor diz que bhaktyā mām abhijānāti: os passatempos transcendentais podem ser compreendidos através do serviço devocional; para os não-devotos, eles são inconcebíveis. Acintyāḥ khalu ye bhāvā na tāṁs tarkeṇa yojayet: o Senhor Supremo e Sua forma, nome, pas­satempos e parafernália são inconcebíveis para os não-devotos, e não é através de simples argumentos lógicos que alguém deve tentar compreender essas realidades. Com esses argumentos, ninguém chegará à conclusão certa sobre a Verdade Absoluta.

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