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VERSO 35

atha tatra bhavān kiṁ devadattavad iha guṇa-visarga-patitaḥ pāratantryeṇa sva-kṛta-kuśalākuśalaṁ phalam upādadāty āhosvid ātmārāma upaśama-śīlaḥ samañjasa-darśana udāsta iti ha vāva na vidāmaḥ.

atha — portanto; tatra — nessa; bhavān — Vossa Onipotência; kim — se; deva-datta-vat — como um ser humano comum, forçado pelos frutos de suas atividades; iha — neste mundo material; guṇa-visarga-­patitaḥ — caído em um corpo material, impelido pelos modos da natureza material; pāratantryeṇa — na dependência das condições de tempo, espaço, atividade e natureza; sva-kṛta — executada por alguém; kuśala — auspiciosa; akuśalam — inauspiciosa; phalam — resultados da ação; upādadāti — aceitais; āhosvit — ou; ātmārāmaḥ — inteiramente autossatisfeito; upaśama-śīlaḥ — autocontrolado por natureza; samañ­jasa-darśanaḥ — que não sois desprovido de potências espirituais plenas; udāste — permaneceis neutro como testemunha; iti — assim; ha vāva — com certeza; na vidāmaḥ — não compreendemos.

Estas são nossas perguntas. A alma condicionada comum está su­jeita às leis materiais e, dessa maneira, recebe os frutos de suas ações. Vossa Onipotência, assim como acontece ao ser humano comum, existe dentro deste mundo material em um corpo produzido pelos modos materiais? Desfrutais ou sofreis os resul­tados positivos ou negativos das ações executadas sob a influência do tempo ou os resulta­dos das atividades passadas e assim por diante? Ou, em vez disso, estais presente aqui apenas como uma testemunha neutra que é autossuficiente, livre de todos os desejos materiais e sempre plena de potência espiritual? É certo que não podemos entender Vossa verdadeira posição.

SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa diz que, ao vir a este mundo material, Ele tem dois propósitos, a saber, paritrāṇāya sādhūnāṁ vināśāya ca duṣkṛtām – libertar os devotos e matar os demônios ou não-devotos. Para a Verdade Absoluta, essas duas classes de atividades são a mesma coisa. Ao vir castigar os demônios, o Senhor lhes outorga o Seu favor, e, igualmente, ao libertar os Seus devotos e lhes trazer alívio, Ele também outorga o Seu favor. Assim, o Senhor favorece as almas condicionadas indistintamente. Ao trazer alívio para outrem, a alma condicionada age piedosamente, e, ao lhe causar problemas, age impiedosamente, mas o Senhor não é piedoso nem impiedoso; Ele sempre é completo em Sua potência espiritual, através da qual demonstra a mesma misericórdia para quem é digno de punição e para quem é digno de proteção. O Senhor é apāpa-viddham; Ele nunca Se contamina com as reações das atividades aparentemente pecamino­sas. Quando esteve presente nesta Terra, Kṛṣṇa matou muitos inimigos não-devotos, mas todos eles receberam sārūpya, em outras palavras, obtiveram seus corpos espirituais originais. Aquele que não conhece a posição do Senhor diz que Deus é ingrato para com ele, mas é misericordioso com os outros. Na verdade, na Bhagavad-gītā (9.29), o Senhor diz que samo ’haṁ sarva-bhūteṣu na me dveṣyo ’sti na priyaḥ: “Eu sou igual com todos. Ninguém é Meu inimigo, e ninguém é Meu amigo.” Mas Ele também diz que ye bhajanti tu māṁ bhaktyā mayi te teṣu cāpy aham: “Se alguém se torna Meu devoto e se rende completamente a Mim, Eu lhe dou atenção especial.”

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