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VERSO 35

dehendriyāsu-hīnānāṁ
vaikuṇṭha-pura-vāsinām
deha-sambandha-sambaddham
etad ākhyātum arhasi

deha — de um corpo material; indriya — sentidos materiais; asu — ar vital; hīnānām — daqueles que são desprovidos de; vaikuṇṭha-pura — de Vaikuṇṭha; vāsinām — dos residentes; deha-sambandha — em um corpo material; sambaddham — cativeiro; etat — isto; ākhyātum arhasi — por favor, descreve.

Os corpos dos habitantes de Vaikuṇṭha são inteiramente espirituais, não tendo qualquer conexão com o corpo, sentidos ou ar vital materiais. Portanto, por favor, explica como os associados da Personalidade de Deus foram amaldiçoados e receberam corpos materiais como pessoas comuns.

SIGNIFICADO—Esta pergunta muito significativa seria difícil de ser respondida por uma pessoa comum, mas Nārada Muni, sendo uma autoridade, pôde respondê-la. Portanto, Mahārāja Yudhiṣṭhira perguntou-lhe, dizendo que etad ākhyātum arhasi: “Ninguém além de ti é capaz de explicar a razão.” Através da consulta a fontes autorizadas, pode-se discernir que os associados do Senhor Viṣṇu que desceram de Vaikuṇṭha, na verdade, não caíram. Eles vieram com o propósito de satisfazer o desejo do Senhor, e sua vinda a este mundo material se compara ao advento do Senhor. É por intermédio de Sua potência interna que o Senhor vem a este mundo material, e igualmente, quando um devoto ou associado do Senhor desce a este mundo material, ele vem através da ação da energia espiritual. Todo passatempo realizado pela Suprema Personalidade de Deus é um arranjo de yogamāyā, e não de mahāmāyā. Portanto, deve-se compreender que, quando Jaya e Vijaya desceram a este mundo material, vieram porque a Suprema Personalidade de Deus tinha que desempenhar alguma de Suas atividades. A não ser por isso, ninguém cai de Vaikuṇṭha.

Evidentemente, a entidade viva que deseja sāyujya-mukti permanece na refulgência Brahman de Kṛṣṇa, a qual depende do corpo de Kṛṣṇa (brahmaṇo hi pratiṣṭhāham). Tal impersonalista que se abriga na refulgência Brahman com certeza cairá. Afirma-se isso nos śāstras (Śrīmad-Bhāgavatam 10.2.32):

ye ’nye ’ravindākṣa vimukta-māninas
tvayy asta-bhāvād aviśuddha-buddhayaḥ
āruhya kṛcchreṇa paraṁ padaṁ tataḥ
patanty adho ’nādṛta-yuṣmad-aṅghrayaḥ

“Ó Senhor, a inteligência daqueles que se julgam liberados, mas não têm devoção, é impura. Mesmo que, por força de rigorosas penitências e austeridades, elevem-se à liberação máxima, com certeza voltam a cair na existência material, pois não se refugiam a Vossos pés de lótus.” Os impersonalistas não podem alcançar os planetas Vaikuṇṭha para, então, tornarem-se associados do Senhor; portanto, de acordo com seus desejos, Kṛṣṇa lhes confere sāyujya-mukti. Entretanto, uma vez que sāyujya-mukti é mukti parcial, eles têm que recair neste mundo material. Quando se diz que a alma individual cai de Brahmaloka, isso se refere ao impersonalista.

Aprendemos com as fontes autorizadas que Jaya e Vijaya foram enviados a este mundo material para satisfazer o Senhor, que estava desejoso de lutar. O Senhor, às vezes, também quer lutar, mas quem, a não ser um devoto muito íntimo do Senhor, poderia lutar com o Senhor? Jaya e Vijaya desceram a este mundo para satisfazer o desejo do Senhor. Portanto, em cada um dos seus três nascimentos – primeiramente, como Hiraṇyākṣa e Hiraṇyakaśipu; depois, como Rāvaṇa e Kumbhakarṇa, e, enfim, como Śiśupāla e Dantavakra –, o Senhor pessoalmente os matou. Em outras palavras, esses associados do Senhor, Jaya e Vijaya, desceram ao mundo material para servir ao Senhor, satisfazendo-Lhe o desejo de lutar. Caso contrário, como Mahārāja Yudhiṣṭhira diz, aśraddheya ivābhāti: a afirmação de que um servo do Senhor poderia cair de Vaikuṇṭha parece inacreditável. Como Jaya e Vijaya vieram para este mundo material é explicado por Nārada Muni como segue.

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