VERSO 11
śrī-bhagavān uvāca
naikāntino me mayi jātv ihāśiṣa
āśāsate ’mutra ca ye bhavad-vidhāḥ
tathāpi manvantaram etad atra
daityeśvarāṇām anubhuṅkṣva bhogān
śrī-bhagavān uvāca — a Suprema Personalidade de Deus disse; na — não; ekāntinaḥ — impoluto, sem desejos, com exceção do único desejo de prestar serviço devocional; me — de Mim; mayi — a Mim; jātu — tempo algum; iha — dentro deste mundo material; āśiṣaḥ — bênçãos; āśāsate — tentam desejar; amutra — na próxima vida; ca — e; ye — todos esses devotos que; bhavat-vidhāḥ — como tu; tathāpi — mesmo assim; manvantaram — a duração do tempo que se prolonga até o fim da vida de um Manu; etat — isto; atra — neste mundo material; daitya-īśvarāṇām — das opulências das pessoas materialistas; anubhuṅkṣva — podes desfrutar de; bhogān — todas as opulências materiais.
A Suprema Personalidade de Deus disse: Meu querido Prahlāda, um devoto como tu jamais deseja alguma espécie de opulência material, seja nesta vida, seja na próxima. Entretanto, ordeno que desfrutes das opulências dos demônios deste mundo material, agindo como rei deles até que expire o período concedido a Manu.
SIGNIFICADO—Um Manu vive um período de tempo equivalente à soma de setenta e um ciclos de yugas, cada um dos quais totaliza 4.300.000 anos. Embora os homens ateístas gostem de desfrutar das opulências materiais e apliquem muita energia na construção de grandes residências, estradas, cidades e fábricas, eles, infelizmente, não podem viver mais do que oitenta, noventa ou, no máximo, cem anos. Embora gaste tanta energia para criar um reino de alucinações, o materialista só consegue aproveitá-lo durante poucos anos. Entretanto, porque Prahlāda Mahārāja era um devoto, o Senhor permitiu que ele desfrutasse de opulências materiais como o rei dos materialistas. Prahlāda Mahārāja nascera na família de Hiraṇyakaśipu, que era o mais formidável materialista, e, como Prahlāda era o herdeiro genuíno de seu pai, o Senhor Supremo consentiu que ele desfrutasse do reino criado por seu pai, sendo-lhe concedido reinar por tantos anos que nenhum materialista poderia calculá-los. O devoto não precisa desejar uma opulência material, mas, se ele for um devoto puro, há também uma ampla oportunidade de ele desfrutar de felicidade material, sem que para isso seja necessário algum esforço de sua parte. Portanto, todos são aconselhados a adotar o serviço devocional em todas as circunstâncias. Se alguém deseja a opulência material, também pode tornar-se um devoto puro, e seus desejos serão satisfeitos. No Śrīmad-Bhāgavatam (2.3.10), afirma-se:
akāmaḥ sarva-kāmo vā
mokṣa-kāma udāra-dhīḥ
tīvreṇa bhakti-yogena
yajeta puruṣaṁ param
“Quer alguém deseje tudo ou nada, ou caso deseje fundir-se na existência do Senhor, ele será inteligente somente se adorar o Senhor Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, prestando-Lhe transcendental serviço amoroso.”