VERSO 49
sa vā ayaṁ brahma mahad-vimṛgya-
kaivalya-nirvāṇa-sukhānubhūtiḥ
priyaḥ suhṛd vaḥ khalu mātuleya
ātmārhaṇīyo vidhi-kṛd guruś ca
saḥ — essa (Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa); vā — também; ayam — isto; brahma — o Brahman impessoal (o qual é uma emanação de Kṛṣṇa); mahat — por grandes personalidades; vimṛgya — buscado; kaivalya — unidade; nirvāṇa-sukha — de felicidade transcendental; anubhūtiḥ — a fonte da experiência prática; priyaḥ — muitíssimo querido; suhṛt — benquerente; vaḥ — de ti; khalu — de fato; mātuleyaḥ — o filho de um tio materno; ātmā — exatamente como a vida e alma; arhaṇīyaḥ — adorável (porque Ele é a Suprema Personalidade de Deus); vidhi-kṛt — (todavia, Ele te serve como) mensageiro; guruḥ — teu conselheiro supremo; ca — também.
O Brahman impessoal é o próprio Kṛṣṇa porque Kṛṣṇa é a fonte do Brahman impessoal. Embora Ele seja a origem da bem-aventurança transcendental que as grandes pessoas santas buscam, ainda assim, Ele, a Pessoa Suprema, é teu mais querido amigo e constante benquerente e está intimamente relacionado contigo como filho do teu tio materno. De fato, Ele é sempre como teu corpo e alma. Ele é adorável, mas Ele age como teu servo e, às vezes, como teu mestre espiritual.
SIGNIFICADO—Há sempre divergência de opiniões sobre a Verdade Absoluta. Uma classe de transcendentalistas conclui que a Verdade Absoluta é impessoal, e outra classe conclui que a Verdade Absoluta é uma pessoa. Na Bhagavad-gītā, a Verdade Absoluta é aceita como a Pessoa Suprema. De fato, essa própria Pessoa Suprema, o Senhor Kṛṣṇa, instrui na Bhagavad-gītā que brahmaṇo hi pratiṣṭhāham, mattaḥ parataraṁ nānyat: “O Brahman impessoal é Minha manifestação parcial, e não há verdade superior a Mim.” Esse mesmo Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, agiu como o supremo amigo e parente dos Pāṇḍavas e, algumas vezes, chegou a agir como servo deles, levando para Dhṛtarāṣṭra e Duryodhana uma carta dos Pāṇḍavas. Porque era o benquerente dos Pāṇḍavas, Kṛṣṇa também agiu como guru, tornando-se mestre espiritual de Arjuna. Arjuna aceitou Kṛṣṇa como seu mestre espiritual (śiṣyas te ’haṁ śādhi māṁ tvāṁ prapannam), e Kṛṣṇa, certas vezes, censurava-o. Por exemplo, o Senhor disse que aśocyān anvaśocas tvaṁ prajñā-vādāṁś ca bhāṣase: “Enquanto falas palavras sábias, lamentas por aquilo que não é digno de pesar.” O Senhor também disse que kutas tvā kaśmalam idaṁ viṣame samupasthitam: “Meu querido Arjuna, como foi que tais impurezas desenvolveram-se em ti?” Tal era o relacionamento íntimo entre os Pāṇḍavas e Kṛṣṇa. Da mesma forma, um devoto puro do Senhor está sempre com Kṛṣṇa tanto na alegria quanto na adversidade; seu modo de vida é Kṛṣṇa. Essa declaração é da autoridade conhecida como Śrī Nārada Muni.