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VERSO 14

viprasyādhyayanādīni
ṣaḍ-anyasyāpratigrahaḥ
rājño vṛttiḥ prajā-goptur
aviprād vā karādibhiḥ

viprasya — do brāhmaṇa; adhyayana-ādīni — ler os Vedas etc.; ṣaṭ — seis (estudar os Vedas, ensinar os Vedas, adorar a Deidade, ensinar os outros a adorar, aceitar caridade e fazer caridade); anyasya — de outros que não são brāhmaṇas (os kṣatriyas); apratigrahaḥ — sem aceitar a caridade feita por outros (os kṣatriyas podem executar os cinco outros deveres ocupacionais prescritos para os brāhmaṇas); rājñaḥ — do kṣatriya; vṛttiḥ — os meios de subsistência; prajā-goptuḥ — que mantém os súditos; aviprāt — daqueles que não são brāhmaṇas;  — ou; kara-ādibhiḥ — cobrar impostos, taxas alfandegárias, multas etc.

Para o brāhmaṇa, existem seis atividades ocupacionais. O kṣatriya não deve aceitar caridade, mas pode executar os outros cinco desses deveres. O rei ou o kṣatriya não tem permissão de cobrar impostos dos brāhmaṇas, mas ele pode adquirir sua subsistência cobrando dos seus outros súditos impostos, taxas alfandegárias e multas por contravenções.

SIGNIFICADO—Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura explica da seguinte maneira a posição dos brāhmaṇas e dos kṣatriyas. Os brāhmaṇas têm seis deveres ocupacionais, dos quais três são compulsórios – a saber, estudar os Vedas, adorar a Deidade e fazer caridade. Ensinando, mostrando aos outros como adorar a Deidade e aceitando presentes, os brāhmaṇas recebem as necessidades da vida. Também se confirma isso na Manu-saṁhitā:

ṣaṇṇāṁ tu karmaṇām asya
trīṇi karmāṇi jīvikā
yajanādhyāpane caiva
viśuddhāc ca pratigrahaḥ

Dos seis deveres ocupacionais dos brāhmaṇas, três são compulsórios – a saber, adoração à Deidade, estudo dos Vedas e fazer caridade. Em troca, o brāhmaṇa deve receber caridade, e esse deve ser o seu meio de subsistência. O brāhmaṇa não pode assumir nenhuma profissão para se manter. Os śāstras enfatizam especialmente que, se alguém quer impor-se como um brāhmaṇa, não pode ocupar-se a serviço de ninguém; caso contrário, ele logo cairá de sua posição e se tornará um śūdra. Śrīla Rūpa Gosvāmī e Sanātana Gosvāmī pertenciam a uma família muito respeitável, mas, como se ocuparam a serviço do nababo Hussain Shah – não como simples escriturários, mas como ministros –, foram banidos da sociedade bramânica. Na verdade, tornaram-se como muçulmanos, chegando, inclusive, a mudar seus nomes. A menos que seja muito puro, o brāhmaṇa não pode aceitar a caridade feita pelos outros. Deve-se fazer caridade àqueles que são puros. Mesmo que alguém tenha nascido em família de brāhmaṇas, ficará estritamente proibido de aceitar caridades se agir como um śūdra. Embora sejam quase tão qualificados como os brāhmaṇas, nem mesmo os kṣatriyas podem aceitar caridade. Neste verso, a palavra apratigraha proíbe isso estritamente. Se nem mesmo os kṣatriyas devem aceitar caridade, o que falar, então, das ordens sociais inferiores? Através da cobrança de impostos, taxas alfandegárias, multas e assim por diante, o rei ou governante pode arrecadar várias espécies de tributos dos cidadãos – contanto que o rei se comprometa a dar plena proteção aos seus súditos, conferindo segurança para sua vida e para suas propriedades. Ele só poderá cobrar impostos se for capaz de dar proteção. Todavia, o rei não deve cobrar nenhum imposto dos brāhmaṇas e dos vaiṣavas inteiramente ocupados em consciência de Kṛṣṇa.

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