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VERSO 7

dharma-mūlaṁ hi bhagavān
sarva-vedamayo hariḥ
smṛtaṁ ca tad-vidāṁ rājan
yena cātmā prasīdati

dharma-mūlam — a raiz dos princípios religiosos; hi — na verdade; bhagavān — a Suprema Personalidade de Deus; sarva-veda-mayaḥ — a essência de todo o conhecimento védico; hariḥ — o Ser Supremo; smṛtam ca — e as escrituras; tat-vidām — daqueles que conhecem o Senhor Supremo; rājan — ó rei; yena — através dos quais (princípios religiosos); ca — também; ātmā — a alma, a mente, o corpo e, afinal, tudo; prasīdati — torna-se completamente satisfeito.

O Ser Supremo, a Personalidade de Deus, é a essência de todo o conhecimento védico, a raiz de todos os princípios religiosos e a memória das grandes autoridades. Ó rei Yudhiṣṭhira, este princípio da religião se manifesta como uma evidência. Com base nesse princípio religioso, tudo se satisfaz, inclusive a mente, a alma e até mesmo o corpo.

SIGNIFICADO—Como Yamarāja afirma, dharmaṁ tu sākṣād bhagavat-praṇītam. Yamarāja, o representante do Senhor que se encarrega dos seres vivos após a morte deles, apresenta seu veredito, o qual especifica como e quando o ser vivo muda de corpo. Ele é a autoridade e diz que os princípios religiosos consistem nos códigos e leis decretados pelo Senhor. Ninguém pode criar uma religião, de modo que os seguidores dos princípios védicos rejeitam os sistemas religiosos inventados. Na Bhagavad-gītā (15.15), afirma-se que vedaiś ca sarvair aham eva vedyaḥ: conhecimento védico significa compreender Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus. Portanto, quer alguém fale sobre os Vedas, sobre as escrituras, sobre religião ou sobre os princípios que determinam os deveres ocupacionais de todos, tudo isso deve ter com o objetivo de compreender Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus. Portanto, o Śrīmad-Bhāgavatam (1.2.6) conclui:

sa vai puṁsāṁ paro dharmo
yato bhaktir adhokṣaje
ahaituky apratihatā
yayātmā suprasīdati

Em outras palavras, quem segue os princípios religiosos deve ter por objetivo aprender como prestar transcendental serviço amoroso ao Senhor. Esse serviço deve ser imotivado e jamais interrompido por condições materiais. Então, a sociedade humana será feliz em todos os aspectos.

O smṛti, as escrituras que seguem os princípios do conhecimento védico, é considerado a evidência dos princípios védicos. Há vinte diferentes espécies de escrituras para que se possam seguir os princípios religiosos, e, entre elas, as escrituras de Manu e Yājñavalkya são consideradas autoridades todo-penetrantes. No Yājñavalkya-smṛti, declara-se:

śruti-smṛti-sadācāraḥ
svasya ca priyam ātmanaḥ
samyak saṅkalpajaḥ kāmo
dharma-mūlam idaṁ smṛtam

Deve-se aprender o comportamento humano com o śruti, os Vedas, e com o smṛti, as escrituras que seguem os princípios védicos. Em seu Bhakti-rasāmṛta-sindhu, Śrīla Rūpa Gosvāmī diz:

śruti-smṛti-purāṇādi-
pañcarātra-vidhiṁ vinā
aikāntikī harer bhaktir
utpātāyaiva kalpate

O significado é que, para se tornar devoto, a pessoa deve seguir os princípios expostos no śruti e no smṛti. Ela deve seguir os códigos dos Purāṇas e do pāñcarātrikī-vidhi. Ninguém pode ser devoto puro sem seguir o śruti e o smṛti, e o śruti e o smṛti sem o serviço devocional não poderão dar a ninguém a perfeição da vida.

Portanto, com base em todas as evidências, conclui-se que, sem bhakti, o serviço devocional, os princípios religiosos não têm aplicabilidade. Na execução dos princípios religiosos, estabelecemos Deus como a figura central. Quase tudo o que neste mundo se faz passar por religião não apresenta nenhuma atividade de serviço devocional e, portanto, é condenado pelo veredito do Śrīmad-Bhāgavatam. Sem o serviço devocional, os supostos princípios religiosos são meras enganações.

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